ESG

Saneamento Rural: a dor que é pouco debatida no Brasil

Apesar dos avanços nas áreas urbanas, cerca de 35% da população rural brasileira ainda vive sem acesso adequado a saneamento básico, perpetuando um ciclo de pobreza e doenças.
CEO da SDW, cientista, empreendedora social e biotecnologista formada pela Universidade Federal da Bahia. Dedica-se a democratizar o acesso à água e saneamento globalmente por meio de tecnologias inovadoras e acessíveis, beneficiando mais de 25 mil pessoas com o desenvolvimento de 6 tecnologias. Reconhecida internacionalmente pela ONU, UNESCO, Forbes e MIT. Foi premiada pelos Jovens Campeões da Terra, pela Forbes Under 30 e finalista do prêmio mundial Green Tech Award. Seu compromisso com a sustentabilidade, impacto social e responsabilidade social é inabalável e continua dedicando sua carreira para resolver os desafios mais prementes da nossa era.

Compartilhar:

Imagine caminhar horas todos os dias apenas para buscar água potável ou viver em uma comunidade onde doenças transmitidas pela água são uma ameaça constante. Essa é a realidade de milhões de brasileiros em áreas rurais, onde cerca de 35% da população ainda vive sem acesso adequado a saneamento básico.

Apesar dos avanços nas áreas urbanas, as comunidades rurais no Brasil enfrentam desafios significativos no acesso ao saneamento básico. A infraestrutura inadequada, combinada com a falta de investimentos e políticas públicas focadas, perpetua um ciclo de pobreza e doenças. Este artigo explora não só os desafios logísticos e financeiros que impedem a expansão do saneamento nessas áreas, mas também destaca soluções inovadoras e sustentáveis que estão sendo implementadas para mudar essa realidade.

# Infraestrutura e Logística

A principal barreira para a expansão do saneamento básico nas áreas rurais é a própria infraestrutura. A instalação de sistemas de água potável e esgoto em áreas remotas envolve desafios logísticos significativos. A dispersão geográfica das comunidades rurais aumenta os custos de instalação e manutenção, tornando inviável a aplicação dos modelos tradicionais utilizados nas cidades.

Nas áreas urbanas, a alta densidade populacional permite que a infraestrutura de saneamento seja distribuída de forma mais eficiente e econômica. Em contrapartida, nas regiões rurais, a necessidade de construir longas redes de tubulação para atender um número relativamente pequeno de habitantes torna o processo dispendioso e complexo.

![Fonte: Tecnologias da SDW Sanuseco e Sanuplant](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/39LT5t8ubhtcUE1U9JPNs1/dd9088683033ea276283c16551cdc1c8/Imagem4.jpg)
*Fonte: Tecnologias da SDW Sanuseco e Sanuplant*

# Recursos Financeiros e Políticos

Outro ponto crucial é a alocação de recursos. Historicamente, investimentos em saneamento básico têm sido direcionados majoritariamente para áreas urbanas, onde os retornos eleitorais e econômicos são mais visíveis e imediatos. As áreas rurais, muitas vezes vistas como menos prioritárias, acabam sendo negligenciadas.

Adicionalmente, a falta de vontade política em muitos casos reflete-se na ausência de políticas públicas robustas e específicas para o saneamento rural. Programas e projetos, quando existentes, são frequentemente fragmentados e de curta duração, sem continuidade suficiente para gerar mudanças significativas.

Além do fato de muitas vezes a entrega do acesso a água ser utilizada como moeda de troca, principalmente em época eleitoral, através da entrega de carros pipa, que tendem a ser enviados por politicos, que de fato não investem em levar água, mas sim manter essa situação para conseguir ganhar votos a cada eleição.

# Como mudar? Soluções tecnologicas e adaptativas

Para enfrentar esses desafios, é necessário desenvolver e implementar soluções tecnológicas adaptadas às particularidades das regiões rurais. Sistemas descentralizados e tecnologias de tratamento de esgoto de baixo custo, como fossas sépticas melhoradas e biodigestores, podem ser alternativas viáveis e eficazes. Além disso, a utilização de fontes de energia renovável para o funcionamento dessas tecnologias pode tornar os sistemas mais sustentáveis e economicamente viáveis.

Por outro lado é necessário ter a participação comunitária e a educação para a região que será impactada, pois sem esses itens não tem como ter sucesso qualquer iniciativa de saneamento. Visto que a participação ativa da comunidade na criação, implementação e manutenção dos sistemas garante que as soluções sejam culturalmente apropriadas e sustentáveis a longo prazo. Programas de capacitação podem empoderar os moradores locais, permitindo-lhes gerenciar e manter as infraestruturas de saneamento de maneira eficiente.

O Sistema Integrado de Saneamento Rural (SISAR) é uma solução inovadora já implementada no Brasil, particularmente em estados como o Ceará, para gerenciar de forma sustentável o abastecimento de água e o saneamento em áreas rurais. Esta iniciativa se destaca pela gestão colaborativa, onde as próprias comunidades locais assumem a responsabilidade pela operação e manutenção dos sistemas. Esse envolvimento direto não só promove a sustentabilidade, mas também fortalece a autonomia comunitária, melhorando significativamente a qualidade de vida nas áreas rurais.

Por isso, é necessário um esforço coordenado que envolve governos, organizações não-governamentais, setor privado e as próprias comunidades afetadas. Mas primeiramente uma verdadeira compreensão das necessidades específicas das comunidades rurais. Somente com a implementação de políticas públicas inclusivas, inovação tecnológica e engajamento comunitário será possível superar as barreiras existentes e garantir um direito fundamental para todos os brasileiros: o acesso à água potável e saneamento básico de qualidade.

Compartilhar:

CEO da SDW, cientista, empreendedora social e biotecnologista formada pela Universidade Federal da Bahia. Dedica-se a democratizar o acesso à água e saneamento globalmente por meio de tecnologias inovadoras e acessíveis, beneficiando mais de 25 mil pessoas com o desenvolvimento de 6 tecnologias. Reconhecida internacionalmente pela ONU, UNESCO, Forbes e MIT. Foi premiada pelos Jovens Campeões da Terra, pela Forbes Under 30 e finalista do prêmio mundial Green Tech Award. Seu compromisso com a sustentabilidade, impacto social e responsabilidade social é inabalável e continua dedicando sua carreira para resolver os desafios mais prementes da nossa era.

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança