Uncategorized

NEGOCIAÇÃO AJUDA A INOVAR

Saber negociar e, especialmente, fazer a escuta empática são essenciais ao êxito do trabalho cooperativo necessário à área | Por André Barrence
Considerado um dos empreendedores que mais impactaram o ecossistema brasileiro de startups, foi cofundador do SEED, uma das principais aceleradoras da América Latina, e atua há mais de dez anos em projetos de inovação pública e privada.

Compartilhar:

No princípio de minha carreira, eu imaginava que desenvolver inovações era um caminho para poucos e algo semelhante ao jogo de xadrez: uma jornada individual, com muito raciocínio e repleta de estratégias para ganhar o jogo. Depois de alguns anos trabalhando com o tema, minha percepção se alterou substancialmente. Hoje vejo a inovação realmente como um jogo de estratégia, com características bem específicas: trata-se de um jogo cooperativo entre vários indivíduos, com muita energia e suor envolvidos. Ou seja, inovação é um esporte muito mais próximo do futebol que do xadrez.

Como todo esporte de contato físico, ocorrem partidas truncadas, com jogadas ríspidas e conflitos reais que emergem. Nessas ocasiões, não há tecnologia ou abordagem inovadora que resolva. A empatia no entendimento das partes, suas posições e as adequadas abordagens de negociação podem ser os elementos definidores do sucesso ou fracasso de uma iniciativa ou de um projeto.

Pouco tempo atrás tive o privilégio de passar uma manhã caminhando pelas ruas de São Paulo na companhia de um dos mais respeitados pesquisadores e especialistas em negociação, o professor William Ury, de Harvard. Bill ganhou mais holofotes no Brasil recentemente por sua bem-sucedida mediação na disputa entre o empresário Abilio Diniz e seus antigos sócios franceses pelo controle do Grupo Pão de Açúcar, mas tem sido parte fundamental em conflitos e guerras ao redor do mundo há bastante tempo.

Entre vários pontos interessantes levantados por ele, chamou-me a atenção o destaque que dá à escuta empática; é o ponto de partida das negociações em qualquer tema, segundo ele. (Bill diz: “Ouvir é sentir por dentro”.) Além disso, ele enfatizou a importância de “ir para a varanda”, ou distanciar-se do problema, para conseguir enxergar o “terceiro lado” de toda situação, apreciando os diferentes pontos de vista de conflito, encorajando a cooperação e soluções que atendam às necessidades e minimizem as perdas, pois não há dúvida de que elas ocorrerão.

Quem trabalha com inovação frequentemente depara com gente jogando duro contra a inovação, o que pode ser atribuído ao temor das perdas potenciais de indivíduos e grupos; todos querem manter o status quo, afinal.

O que entendi é que os mais talentosos inovadores sabem lidar bem com isso; eles são capazes de entender, negociar e cuidar dos interesses e necessidades de todas as partes, ao mesmo tempo que conseguem atender às próprias necessidades e anseios de transformação.

É assim que se cria valor compartilhado; é assim que se garantem acordos e relacionamentos eficazes e sustentáveis.

Não há retranca que resista à abordagem humana da inovação.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura