Uncategorized

É preciso emocionar-se para aprender

Saiba o que fazer em termos de estratégias e ambientes para alavancar o aprendizado em sua empresa e ganhar competitividade
Diretora de soluções educacionais in company da HSM Educação Executiva, atua como consultora de empresas e é professora e gerente de projetos da Fundação Dom Cabral. Formada em psicologia pela PUC Minas, também é mestre em educação a distância.

Compartilhar:

> “A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. As reações emocionais exercem influência essencial e absoluta em todos os momentos do processo educativo. A educação sempre implica mudanças nos sentimentos” (Lev Vygotsky)

> Vale a leitura porque… 
>
> … a edição 2013-2014 da pesquisa Retrato do Treinamento no Brasil mostra que a área ganha importância: 80% das empresas fazem treinamento e desenvolvimento (T&D), 87% dos colaboradores são treinados em cada uma, o tempo médio de treinamento é de 45 horas/ano e o investimento na área corresponde a 0,83% do faturamento (pouco abaixo dos EUA, cujo percentual é 1,1%). … o desempenho de T&D  é crescentemente medido e cobrado.

Recentemente, quando me preparava para construir mais um programa capaz de gerar, em executivos bastante diversos, o interesse por aprender, resgatei um texto do filósofo francês Gilles Deleuze (1925-1995). Mais ou menos com essas palavras, ele dizia o seguinte: “Uma aula é uma espécie de matéria em movimento, porque cada grupo ou indivíduo pega dela o que lhe convém. Nem tudo a todo momento convém a todos. Há momentos em que alguém está adormecido e outros em que acorda misteriosamente”. 

Vivemos em uma sociedade do conhecimento que, como nunca, impõe aos indivíduos demandas de aprendizado cada vez mais numerosas, diversificadas e complexas. Nesse contexto, como lidar com os momentos adormecidos de Deleuze e fazer as pessoas “acordarem misteriosamente” o máximo possível? Segundo o filósofo francês, o despertar acontece sempre que algo convoca o aprendiz, provocando-lhe um interesse que ele já tem intrinsecamente. O problema é que não há regras sobre como os professores podem fazer tal convocação, a não ser uma: transformar a aula em emoção. “Uma aula é tanto emoção como inteligência. Sem emoção não há nada”, escreve Deleuze. A conclusão também é uma: aprender precisa ser uma experiência gratificante e prazerosa. 

A afetividade é o alicerce sobre o qual se constrói o conhecimento racional. E o especialista em pedagogia Malcolm Knowles acrescenta mais um requisito: aprender deve ser também “uma aventura, temperada com a excitação  da descoberta”. Para não me limitar às ciências humanas, lembro que a biologia também já provou que emoção e cognição são processos fortemente inter-relacionados e que todo pensamento é imbuído de emoção (e vice-versa). Ou seja, desconfio que qualquer neurologista recomendaria emoções para a promoção de um aprendizado mais eficaz.

**NOVOS MODELOS**

É chover no molhado dizer que, hoje, os cenários de negócios são cada vez mais turbulentos e imprevisíveis. É um pouco menos óbvio, no entanto, afirmar que os indivíduos agora são desafiados a aprender permanente e a desenvolver diversos tipos de habilidades e repertórios que lhes permitam lidar adequadamente com essa imprecisão dos cenários de negócios atuais. 

E, na vida real, não é na da consensual a ideia de que a realidade empresarial exige novas práticas para o desenvolvimento dos profissionais. 

Sim, é exatamente isso que você leu. Apesar de o discurso de valorizar o aprendizado pela experiência ser cada vez mais comum, no âmbito das empresas ainda não foi realmente entendida a necessidade de adotar novos modelos teóricos para os programas executivos e de treinamento – modelos esses que levem em conta toda a complexidade envolvida no aprendizado de adultos e, especialmente, que prestem atenção aos afetos envolvidos no processo. Como virar a chave e transformar os sistemas de treinamento e desenvolvimento (T&D) em algo mais eficaz? 

Em primeiro lugar, é preciso reconhecer sinceramente a insuficiência dos espaços de treinamento ou salas de aula atuais para dar conta do recado. Esse reconhecimento é mais difícil do que se imagina. 

O passo imediatamente seguinte consiste em priorizar estratégias ativas, baseadas em experiências práticas ou em simulações de situações (provocadoras potenciais de emoções), bem como providenciar tipos diferentes de ambientes educacionais (que sejam capazes de fazer as pessoas “acordarem misteriosamente”). Tanto na estratégia como no ambiente, o domínio afetivoemocional tem de ser acionado, para que o indivíduo se mantenha “acordado” mental, física e emocionalmente. Existem várias categorias de estratégias ativas de ensino que promovem aprendizados ancorados em emoções, entre elas:

**•  Jogos empresariais:** atividades lúdicas que envolvem o cumprimento de regras prescritas para vencer um desafio, podendo ser individuais ou em equipe, cooperativos ou competitivos. 

**•  Dramatização:** representação de uma situação real ou imaginária, com o objetivo de discutir e ampliar as possibilidades de percepção e atuação em situações similares. 

**•  Role-playing:** forma de dramatização na qual os participantes são orientados a desempenhar papéis em certa situação, sem receber roteiros pré-prontos. 

**•  Estudos de caso:** apresentação de uma situação real ou fictícia para ser discutida em grupo; a forma de apresentar o caso pode ser uma descrição, narração, diálogo, dramatização, sequência fotográfica, filme ou artigo. 

**•  Agendas de aprendizado:** registros de reflexões e aprendizados ocorridos em uma ação de T&D para consolidar o conhecimento que foi adquirido. O ambiente, por sua vez, deve ser alegre e afetivo, para que motive as interações, estimule mudanças de ações, impulsione cada indivíduo a criar. Se o ambiente despertar emoções como medo e ansiedade, o processo de aprendizado tenderá a ser dificultado.

**SOFT SKILLS AJUDAM**

Não é possível controlar como alguém aprende, mas, assim como a cognição e a ação, é preciso ver a emoção como uma das formas de transformar a experiência de aprendizado. E a crescente valorização das soft skills só faz puxar esse movimento.

> Você aplica quando…
>
> … reconhece que as salas de treinamento e de aula convencionais ficaram insuficientes e adota uma ou mais de cinco estratégias de aprendizado ativas, tais como os jogos empresariais ou a dramatização. … cria um ambiente de aprendizado alegre e afetivo – e sem medo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Relacionamentos geram resultados

Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de outubro de 2025
Como a evolução regulatória pode redefinir a gestão de pessoas no Brasil

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.

Giovana Pacini, Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
A IA está redefinindo o trabalho - e cabe ao RH liderar a jornada que equilibra eficiência tecnológica com desenvolvimento humano e cultura organizacional.

Michelle Cascardo, Latam Sr Sales Manager na Deel

5 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de outubro de 2025
Na indústria automotiva, a IA Generativa não é mais tendência - é o motor da próxima revolução em eficiência, personalização e experiência do cliente.

Lorena França - Hub Mobilidade do Learning Village

3 minutos min de leitura