Uncategorized

A DURA VERDADE SOBRE A GESTÃO DO CONHECIMENTO

Ela é impossível; o que os líderes do século 21 podem, e devem, fazer é gerenciar contextos nos quais o conhecimento possa ser criado | Por Rivadávia Drummond
Rivadávia Drummond é presidente da hsm, com 13 anos de experiência em educação executiva.

Compartilhar:

Há pouco mais de dez anos, mergulhando fundo nas práticas do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), de Piracicaba (SP), na Siemens e na PwC, eu publicava minha tese de doutorado sobre gestão do conhecimento em organizações de classe mundial atuantes no Brasil.

A repercussão foi inesperada; esse trabalho me levou ao Chile, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, China, Tailândia, Malta, França e Austrália, entre outros. Por quê?

Acredito que pelo fato de apresentar um conceito de extrema importância: o contexto capacitante. Separei para o leitor de **HSM Management** alguns highlights desse estudo:

**O impossível.** Gerenciar o conhecimento é impossível, porque ele só existe em nossa mente.

**Contra a natureza humana.** As ideias às quais a gestão do conhecimento é normalmente associada, como compartilhamento, aprendizado, abertura a inovações e tolerância a erros, são absolutamente antinaturais. Se informação e conhecimento significam poder nas organizações, por que alguém há de querer compartilhá-los? Aprender dá muito trabalho, novidades são esquisitas e erros não são bem-vindos.

**Superação.** Consegue-se superara resistência a essas ideias quando há um contexto capacitante, ou seja, um “espaço” organizacional do conhecimento (físico, virtual e/ou mental), o ba japonês. O que dá para gerenciar não é o conhecimento, mas o contexto no qual este é criado e se manifesta na organização.

**Quem gerencia**? Os líderes das organizações do conhecimento têm de ser eficazes gestores de contextos capacitantes. Isso lhes exige, entre outras coisas, um questionamento permanente: “Como posso continuamente criar as condições favoráveis que encorajem, estimulem e recompensem os comportamentos antinaturais? Como conectar cérebros, conhecimentos e experiências para a inovação contínua?”.

**Processo.** Não controlado, mas estimulado, o processo de criação de conhecimento na empresa começa quando os líderes buscam identificar os conhecimentos críticos de sua organização no caótico ambiente de negócios e, ao encontrarem gaps, desenham um processo de aprendizado organizacional para supri-los, de modo estruturado, ao redor da estratégia, da cadeia produtiva e dos fatores críticos de sucesso.

**Humanidades.** Estimular a ampliação de modelos mentais contribui para esse processo. Para tanto, é preciso avançar nas “humanidades”, introduzindo temas como filosofia, sociologia e arte na educação de executivos.

Dez anos depois, faço um resumo: não acredite nessa literatura “pop management” e de autoajuda gerencial. Ferramentas milagrosas não existem; precisamos, antes de tudo, criar contextos capacitantes para as novas e paradoxais organizações do século 21.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Vivemos a reinvenção do CEO?

Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura