Finanças
5 min de leitura

A inovação que acontece nas organizações e ninguém percebe: oportunidades de recursos financeiros

Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.
Formada em administração, especialista em gerenciamento de projetos, gestão de pessoas, captação de recursos e inovação. CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas que atuam no hub de inovação, com serviços de consultoria, assessoria e treinamentos em captação de recursos para financiamentos e editais de inovação e Open Innovation. Atua há mais de 12 anos no ecossistema de inovação também como advisor de venture capitals, palestrante, podcaster, escritora, professora e mentora, conquistando com seus clientes diversos prêmios de inovação.

Compartilhar:

O invisível motor da inovação emerge muitas vezes de iniciativas que se desenvolvem no cotidiano das organizações, mas não são percebidas como inovadoras. Melhorias contínuas que geram resultados financeiros e operacionais significativos, acabam integrando os processos da empresa sem serem formalmente identificadas como movimentos inovadores. A premissa da inovação pressupõe não somente a criatividade, mas a necessidade por recursos financeiros para sua execução. No entanto, muitas organizações falham em reconhecer e aproveitar o potencial desses projetos, subestimando as oportunidades de recursos financeiros disponíveis. Para mudar esse cenário, é necessário um diagnóstico claro sobre o que pode ou não ser considerado inovador e elegível em um cenário de captação de recursos. O mapeamento de processos internos de inovação é o ponto de partida para trilhar o caminho rumo à obtenção de investimentos, como financiamentos, subsídios ou leis de incentivo.

A influência da mentalidade organizacional na identificação de oportunidades

Inúmeras empresas enfrentam barreiras culturais e operacionais quando se trata de explorar financiamentos ou subvenções econômicas voltadas para inovação. Entre os fatores que dificultam esse processo estão:

  • Burocracia: Processos complexos afastam muitas organizações, que desistem antes mesmo de tentar ou no decorrer do processo.
  • Carência de estrutura e conhecimento: Falta de controles contábeis e tempo, além de profissionais capacitados para realizar o processo de captação.
  • Contratação inadequada: Organizações que contratam consultorias não especializadas e não atingem o objetivo esperado, gerando grande frustação com o processo.
  • O conceito de inovação como ‘grandes ideias’: Inovação nem sempre precisa ser disruptiva, o processo de melhorias já pode gerar enormes benefícios e são passíveis de captação de recursos para inovação. O ponto central é a dificuldade de alinhar o conceito de inovação para fins de financiamentos e editais.

Para além da cultura organizacional, é essencial conscientizar as empresas sobre as diversas possibilidades de inovação, como melhoria de processos, desenvolvimento de novos produtos, aprimoramento de softwares, expansão tecnológica e implementação de novas metodologias. Além disso, é importante destacar que existem leis de incentivo fiscal, que beneficiam empresas que investem regularmente em pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Projetos de Inovação na Indústria: Aquisição de equipamentos de forma estratégica

No setor industrial, é comum que a inovação esteja associada à aquisição de máquinas e equipamentos, mas para que essas aquisições sejam passíveis de financiamento para inovação, devem estar inseridas em um contexto mais amplo, que agregue valor ao projeto. Por exemplo:

  • Desenvolvimento de novos produtos: Uma máquina necessária para fabricar um produto inovador pode ser contemplada em um financiamento, desde que faça parte do pacote do projeto que inclua todos os elementos indispensáveis, como estudos preliminares, layout e integração de sistemas e em linhas produtivas.
  • Melhoria de processos produtivos: Equipamentos que promovem avanços na eficiência operacional devem vir acompanhados de estudos que demonstrem os benefícios do novo processo, contemplando periféricos e adaptações necessárias.

Exceções específicas: Algumas linhas de financiamento do BNDES ou Finep permitem a aquisição isolada de equipamentos ou soluções destinadas à Indústria 4.0, desde que se encaixem nos critérios de cada programa.

Startups e empresas de software: Inovação contínua com recursos direcionados

Empresas de software e startups frequentemente estão à frente de processos inovadores, investindo em pesquisa, desenvolvimento de funcionalidades, plataformas e melhorias significativas. Essas inovações demandam, em grande parte, investimento intensivo em capital humano, abrangendo tanto colaboradores internos como profissionais terceirizados. No entanto, por acreditarem que o único caminho para financiar suas iniciativas é a captação de investidores e a diluição acionária (equity), muitas dessas empresas ignoram outras possibilidades.

Programas, financiamento e editais voltados à inovação oferecem um direcionamento estratégico para esses negócios. Algumas rubricas comuns de despesas elegíveis incluem a mão de obra direta ou terceirizada relacionada ao projeto, consultorias especializadas,

aquisição de máquinas e equipamentos, obras e reformas associadas ao projeto inovador, desenvolvimento de patentes, testes laboratoriais, certificações e até as etapas de marketing e comercialização.

Cabe reforçar que cada programa possui requisitos e critérios específicos, sendo fundamental avaliar cuidadosamente as condições antes de submeter propostas.

A Importância da estratégia e visão para captar recursos

As oportunidades de financiar inovação estão à disposição das organizações mais estratégicas e visionárias. Processos estruturados para a identificação de possibilidades podem não apenas viabilizar projetos que antes pareciam inviáveis, mas também alavancar a competitividade das empresas a longo prazo. Especialmente quando as taxas de juros estão em altas históricas.

O primeiro passo é modificar a percepção sobre o que constitui inovação e abrir-se ao aprendizado. Parcerias com consultorias especializadas, treinamento de equipes internas e integração entre as áreas são ações essenciais para explorar as possibilidades de financiamento para inovação que estão, muitas vezes, ocultas no dia a dia das organizações.

A capacidade de transformar essas oportunidades em vantagem competitiva é o que diferencia as empresas preparadas para o futuro daquelas que permanecem estagnadas. Afinal, a inovação não precisa ser disruptiva para gerar impacto, mas precisa ser reconhecida, estrategicamente estruturada e bem financiada. Capitalizar a inovação invisível é uma questão de priorização, planejamento e execução inteligente. As organizações que perceberem esse potencial estarão posicionadas na liderança de seus mercados.

Compartilhar:

Formada em administração, especialista em gerenciamento de projetos, gestão de pessoas, captação de recursos e inovação. CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas que atuam no hub de inovação, com serviços de consultoria, assessoria e treinamentos em captação de recursos para financiamentos e editais de inovação e Open Innovation. Atua há mais de 12 anos no ecossistema de inovação também como advisor de venture capitals, palestrante, podcaster, escritora, professora e mentora, conquistando com seus clientes diversos prêmios de inovação.

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Vivemos a reinvenção do CEO?

Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Preparando-se para a liderança na Era da personalização

Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas – e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura