Empreendedorismo
5 min de leitura

Advogado 2.0: Como a IA vem revolucionado o papel do profissional jurídico

A automação e a inteligência artificial aumentam a eficiência e reduzem a sobrecarga, permitindo que advogados se concentrem em estratégias e no atendimento personalizado. No entanto, competências humanas como julgamento crítico, empatia e ética seguem insubstituíveis.
Fundador e CEO da Jurídico AI. Formado em Design de Mídias Digitais pela PUC Rio, fundou e liderou anteriormente a Legalcloud, startup pioneira que, desde 2016, auxilia mais de 300 mil profissionais do Direito na gestão e controle de prazos processuais. Empreendedor desde os 19 anos, fundou a EST Design, atendendo a uma gama diversificada de clientes, incluindo Unigres, Clube do Petróleo, COPPE UFRJ e Ingeniux.

Compartilhar:

Jurídico

Nos dois últimos anos, a revolução tecnológica tem gerado debates acalorados sobre como a automação e a inteligência artificial (IA) impactam diferentes setores profissionais. No campo jurídico, as inovações têm despertado tanto entusiasmo quanto receios, com questionamentos para o futuro da profissão diante do avanço tecnológico. Embora esteja longe de substituir os advogados, a automação e a IA de fato têm o potencial de transformar positivamente o trabalho jurídico, aumentando a eficiência e produtividade, sem comprometer o papel essencial do profissional humano.

Isso porque, a automação está mudando a forma como tarefas repetitivas e burocráticas são realizadas. Atividades como a análise de contratos, pesquisas jurisprudenciais e gestão de documentos, que tradicionalmente demandam horas e mais horas, agora podem ser realizadas de maneira muito mais rápida e precisa com o auxílio das tecnologias avançadas. Esse ganho de tempo, aliás, permite que advogados direcionem seus esforços para atividades de maior valor estratégico, como a construção de argumentos jurídicos, planejamento de estratégias e atendimento personalizado aos clientes.

No entanto, é sempre bom ressaltar que o papel do advogado vai muito além das tarefas que podem ser automatizadas. Competências humanas como julgamento crítico, empatia e criatividade continuam sendo insubstituíveis. Isso não quer dizer, no entanto, que a tecnologia não pode auxiliar na execução. Porém, ações como decisões éticas, interpretações complexas e a conexão com as particularidades de cada caso dependem exclusivamente da capacidade humana. Essa complementaridade reforça que a automação é uma parceira estratégica, e não uma concorrente.

Outro ponto crucial é o impacto positivo que a tecnologia pode ter no bem-estar dos advogados. Historicamente, sabemos que a advocacia é marcada por altos índices de estresse e esgotamento. Segundo um estudo da American Bar Association (ABA), 28% dos advogados enfrentam depressão, enquanto 23% lidam com estresse e 19% com ansiedade. A automação de tarefas repetitivas pode ajudar a reduzir essa sobrecarga, proporcionando mais tempo para atividades intelectualmente estimulantes e permitindo uma relação mais equilibrada com o trabalho.

A ética e a transparência no uso da tecnologia também devem ser pilares dessa transformação. É essencial que as ferramentas de automação sejam implementadas com critérios claros, garantindo que sejam utilizadas para potencializar, e não limitar, a busca por soluções jurídicas justas e eficazes. Isso exige dos advogados uma postura de aprendizado contínuo, investindo em capacitação para compreender e integrar novas tecnologias de forma ética e eficiente.

Além disso, o impacto econômico da automação e da IA no setor jurídico é inegável. Um relatório da McKinsey & Company estima que essas tecnologias podem aumentar a eficiência do setor em até 40%. O mercado de inteligência artificial para soluções jurídicas deve crescer impressionantes 33,5% entre 2023 e 2030, mostrando que a tecnologia será indispensável para sustentar o crescimento global do mercado legal.

A advocacia do futuro será caracterizada pela integração de tecnologia, com foco em inovação e personalização. Ferramentas de automação e IA possibilitarão um trabalho jurídico mais ágil e acessível, sem comprometer os valores fundamentais da profissão. Nesse cenário, advogados que abraçarem essas inovações estarão melhor preparados para atender às demandas de um mercado em constante transformação, mantendo o equilíbrio entre eficiência, ética e o toque humano que define a essência da profissão.

A transformação tecnológica não pode ser encarada como uma ameaça, mas sim como uma oportunidade. Cabe aos profissionais do Direito enxergá-la como um recurso que amplia as possibilidades de atuação e fortalece o compromisso com a justiça. Afinal, mais do que máquinas, a advocacia continuará a ser movida por mentes humanas empenhadas em resolver problemas complexos de maneira ética e eficiente.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

ESG, Empreendedorismo
29 de setembro de 2025
No Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdício de Alimentos, conheça negócios de impacto que estão transformando excedentes em soluções reais - gerando valor econômico, social e ambiental.

Priscila Socoloski CEO da Connecting Food e Lucas Infante, CEO da Food To Save

2 minutos min de leitura
Cultura organizacional
25 de setembro de 2025
Transformar uma organização exige mais do que mudar processos - é preciso decifrar os símbolos, narrativas e relações que sustentam sua cultura.

Manoel Pimentel

10 minutos min de leitura
Uncategorized
25 de setembro de 2025
Feedback não é um discurso final - é uma construção contínua que exige escuta, contexto e vínculo para gerar evolução real.

Jacqueline Resch e Vivian Cristina Rio Stella

4 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
24 de setembro de 2025
A IA na educação já é realidade - e seu verdadeiro valor surge quando é usada com intencionalidade para transformar práticas pedagógicas e ampliar o potencial de aprendizagem.

Rafael Ferreira Mello - Pesquisador Sênior no CESAR

5 minutos min de leitura
Inovação
23 de setembro de 2025
Em um mercado onde donos centralizam decisões de P&D sem métricas críveis e diretores ignoram o design como ferramenta estratégica, Leme revela o paradoxo que trava nosso potencial: executivos querem inovar, mas faltam-lhes os frameworks mínimos para transformar criatividade em riqueza. Sua fala é um alerta para quem acredita que prêmios de design são conquistas isoladas – na verdade, eles são sintomas de ecossistemas maduros de inovação, nos quais o Brasil ainda patina.

Rodrigo Magnago

5 min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
22 de setembro de 2025
Engajar grandes líderes começa pela experiência: não é sobre o que sua marca oferece, mas sobre como ela faz cada cliente se sentir - com propósito, valor e conexão real.

Bruno Padredi - CEP da B2B Match

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
19 de setembro de 2025
Descubra como uma gestão menos hierárquica e mais humanizada pode transformar a cultura organizacional.

Cristiano Zanetta - Empresário, palestrante TED e filantropo

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
19 de setembro de 2025
Sem engajamento real, a IA vira promessa não cumprida. A adoção eficaz começa quando as pessoas entendem, usam e confiam na tecnologia.

Leandro Mattos - Expert em neurociência da Singularity Brazil

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança