Liderança, Times e Cultura

Além do RH: A saúde mental no centro da estratégia organizacional

Cada vez mais associados aos índices de produtividade e à redução de custos operacionais, a criação ambientes seguros e os modelos de cuidado integral começam a ganhar espaço na agenda da alta liderança
Jornalista com ampla experiência nas áreas de negócios, inovação e tecnologia. Especializado em produção de conteúdo para veículos de mídia, branded content e gestão de projetos multiplataforma (online, impresso e eventos). Vencedor dos prêmios Citi Journalistic Excellence Award e Editora Globo de Jornalismo. Também é gerente de conteúdo da HSM Management.

Compartilhar:

De acordo com o último relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), os quadros de depressão e ansiedade geram custos de aproximadamente US$ 1 trilhão por ano à economia global — o mesmo estudo aponta que cerca de um bilhão de adultos em idade ativa enfrentam algum tipo de transtorno mental. No mercado de trabalho, os impactos podem ser observados no aumento de turnover, na falta de engajamento e na redução de produtividade entre negócios de praticamente todos os setores.

Para lidar com os desafios apresentados por esse cenário, um número crescente de lideranças vêm apostando em abordagens mais humanizadas de gestão de talentos. Neste mais recente capítulo das relações entre pessoas e empresas, as políticas de bem-estar saíram das bordas da cultura organizacional para ganhar o centro das estratégias corporativas. Entre as expectativas de gestores e equipes, ganha força a percepção de que o enfrentamento dos problemas de saúde mental demanda uma articulação sistêmica que vai além do RH e envolve a atuação de diversas camadas de stakeholders.

Os novos caminhos para incentivar o equilíbrio e o cuidado no mercado de trabalho foram o tema central do webinar *[Ambientes emocionalmente seguros: o incentivo ao bem-estar e à saúde integral dos colaboradores](https://www.youtube.com/watch?v=xXgfkw-wjJs)*. Com participações de Rui Brandão, CEO do Zenklub; Guilherme Weigert, CEO da Conexa; e Daniela Kono,head de bem-estar na Creditas, a conversa abriu a programação da HR Planning Week, série de encontros online coproduzido por __HSM Management__, Zenklub e Copastur no início de novembro.

## CANAIS ABERTOS

A criação de ambientes de trabalho orientados pela saúde e o bem-estar de colaboradores tem como base o desenvolvimento de ações preventivas — e não apenas o tratamento de síndromes e doenças. Para aplicar essa estratégia na prática, é fundamental identificar as necessidades reais de diferentes quadros de colaboradores. “O primeiro passo é mapear e estratificar as demandas coletivas e os desafios individuais de cada pessoa. A partir daí, é necessário olhar além dos retratos instantâneos e analisar históricos de saúde como se fossem um longa-metragem”, afirma Weigert.

O engajamento da alta liderança é outro aspecto crucial na execução de programas e iniciativas de saúde e bem-estar. Nesse sentido, o RH vem ganhando um novo protagonismo como influenciador e articulador dos interesses de diversas pontas de suas cadeias de negócios. “O cuidado com a saúde mental precisa ser intencional e ativo. Não basta apenas garantir o acesso ao tratamento, mas também incluir as pessoas em um ecossistema de soluções que aponte o protocolo correto para resolver seus problemas”, diz Weigert.

Nesta nova era de cuidado integral, a abertura de canais de escuta e a desconstrução de mitos de hierarquia também surgem como importantes vetores de melhoria de qualidade de vida e do clima organizacional. Para Kono trata-se de uma jornada que envolve a formação de estruturas coletivas de apoio e acompanhamento. “O incentivo à segurança psicológica não deve ser uma atribuição exclusiva do RH ou dos gestores diretos. A formação de ambientes saudáveis passa pelo engajamento de profissionais em todos os níveis da organização”, diz Kono. “Por essa razão, é necessário educar e munir todos os funcionários com os conceitos e as ferramentas necessárias para lidar, apoiar e orientar qualquer pessoa que esteja enfrentando algum problema”, afirma.

Entre os fatores que fortalecem esse posicionamento, Brandão ressalta a importância de uma abordagem coordenada entre as diversas frentes e dimensões que envolvem questões de saúde e bem-estar. “A integralidade de saúde é formada pela combinação entre o físico, o social e o mental. É importante lembrar que todo mundo tem a sua responsabilidade nessa agenda e que as empresas precisam ocupar esse espaço. Não se trata apenas de tratar depressão, ansiedade e exaustão, mas de olhar o indivíduo a partir de todas as suas necessidades”, afirma.

Como exemplo dessa tendência, ele destaca o *[case da Volkswagen](https://zenklub.com.br/cases/volkswagen?utm_campaign=zenlab-hsm&utm_source=site-hsm&utm_medium=branded-content&utm_content=none&utm_term=none)*, que vem apostando em times multidisciplinares — incluindo médicos, psicólogos, enfermeiros e parceiros como o Zenklub— para realizar a gestão de saúde de suas equipes. “Ao adotar esse modelo, a Volkswagen consegue ter uma visão mais abrangente da gestão de saúde de suas equipes e direcionar as pessoas para os tratamentos mais adequados. Trata-se de um caminho que fortalece uma cultura de accountability entre os prestadores de serviço e que permite acompanhar o desfecho clínico de cada indivíduo com mais precisão”, diz o executivo.

## NA PAUTA DO BOARD

Mais do que responsabilidade corporativa, a promoção de ambientes seguros e modelos de saúde integral está cada vez mais associada à melhoria dos resultados financeiros. O retorno sobre investimento, nesse caso, fica evidente na redução de custos com contratações, litígios trabalhistas e nas próprias metas de crescimento das organizações — além dos benefícios para o próprio sistema de saúde. “Existe um alto volume de atendimentos em pronto-socorros que estão ligados a sintomas emocionais. Isso mostra que existe um enorme potencial para começar a resolver alguns desses problemas na própria empresa”, diz Brandão.

Em meio aos avanços globais da agenda ESG (ambiental, social e de governança), a saúde mental vem ganhando espaço na pauta da presidência e dos conselhos de administração. Mais que uma tendência, trata-se de um movimento crucial para a conscientização de equipes e para a criação de estratégias de longo prazo — e que deve se revelar cada vez mais como um diferencial competitivo para organizações realmente comprometidas com o bem-estar de suas equipes. “Não é mais possível separar a sustentabilidade do negócio da sustentabilidade da gestão de pessoas. Para consolidar essa mentalidade, as lideranças precisam deixar de olhar a saúde como um custo e passar a encará-la como um dos mais importantes ativos de suas empresas”, sinaliza Brandão.

__Para saber como Zenklub pode ajudar sua empresa a construir uma estratégia de saúde mental, acesse: [*Zenklub.com.br*](https://zenklub.com.br/site/para-empresas?utm_campaign=zenlab-hsm&utm_source=site-hsm&utm_medium=branded-content&utm_content=none&utm_term=none)__

Compartilhar:

Artigos relacionados

Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)