Carreira

Comece bem a sua carreira

Mesmo com formação superior, boa parte do público jovem encontra barreiras no desenvolvimento inicial da carreira; três tendências tentam reverter esse cenário
Sabina Augras e Laura Fuks são sócias fundadoras da Cmov, edtech na área de carreira e empregabilidade.

Compartilhar:

A maioria dos jovens que quer entrar no mercado de trabalho vai se deparar em algum momento com um processo seletivo. É sempre um processo um pouco desgastante para ambos os lados: participantes e empresas. De um lado os jovens, cheio de medos e insegurança, de outro a empresa tendo que, infelizmente, reprovar a grande parte dos candidatos.

Em algumas empresas, como por exemplo a Ambev e a Whirlpool, o número de candidatos-vagas pode chegar a mais de 700. Ou seja, teremos milhares de jovens frustrados por não conseguirem passar nesses processos seletivos. Do outro lado do balcão, as empresas acabam se deparando com um enorme número de jovens não aprovados, frustrados e com uma experiência ruim com a empresa e a sua marca.

Vivemos no Brasil um cenário de desemprego muito alto de jovens. Se isso é um desafio para estudantes que estão saindo das universidades brasileiras, imagina para as pessoas que não têm a oportunidade de acessar o ensino superior.

Infelizmente, grande parte desses jovens não aprende nas instituições de ensino os conceitos, práticas e experiências que são exigidos pelos processos seletivos e no mercado de trabalho. Eles não sabem o que precisam fazer para aumentar sua empregabilidade.

Por isso é tão importante que as empresas comecem a investir também numa frente de capacitação desses jovens.

O lado positivo de tudo isso é que temos percebido o crescimento de empresas que, em seus programas de porta de entrada, têm investido num processo mais inclusivo, dando oportunidades e desenvolvimento para jovens que não conseguiram passar em seus processos seletivos, para que possam conquistar também o seu espaço no mercado de trabalho.

E qual é o papel do jovem nesse caminho? Estar atento a essas empresas que colocam um pouco mais de cuidado, responsabilidade e empatia em seus processos seletivos. E o papel mais importante dos jovens será o de saber aproveitar as oportunidades de desenvolvimento oferecidas por essas empresas mais inclusivas.

Identificamos três grandes tendências adotadas por empresas que têm como propósito dar oportunidade real de inclusão de jovens ao mercado de trabalho:

__1. Empresas que ajudam no desenvolvimento antes mesmo do processo seletivo.__

Algumas empresas apresentam programas de porta de entrada onde oferecem a oportunidade para os candidatos se capacitarem em competências técnicas e comportamentais antes de participarem de seus processos seletivos.

A Ultracargo é um ótimo exemplo. Ela seleciona jovens do seu entorno e oferece gratuitamente uma certificação técnica que permite ampliar suas possibilidades de empregabilidade em suas operações ou em outras empresas atuantes no setor. Além de desenvolvê-los tecnicamente, também os prepara com ferramentas de orientação de carreira e desenvolvimento de competências comportamentais.

__2. Processos seletivos focados na inclusão__

A segunda tendência é a criação de vagas inclusivas para públicos específicos. Processos com oportunidade específicas para mulheres, negros, LGBTQIA+ têm sido cada vez mais frequentes.

Um exemplo emblemático foi o programa de trainee exclusivo para negros criado pela Magazine Luiza. O objetivo da empresa é aumentar o número de negros em cargos de liderança e tudo começa por um processo seletivo que inclua, de fato, mais negros dentro da empresa.

__3. Experiência positiva para o candidato durante o processo seletivo__

Por fim, a terceira tendência é a preocupação cada vez maior das empresas em proporcionar uma experiência realmente positiva para os candidatos que não são aprovados em seus processos seletivos.

Empresas como a Eneva e a Eureca oferecem aos candidatos não aprovados a oportunidade de ter acesso a um feedback estruturado com a possibilidade de entender e apoiar os jovens na definição de sua carreira e na preparação para o mercado de trabalho. Assim, o jovem sai com ferramentas para se sair melhor nos próximos processos seletivos, inclusive da própria empresa.

## Por que essas tendências são tão importantes?

Essas tendências ajudam no processo de inclusão dos jovens, principalmente os menos favorecidos. Possibilitam que os mesmos entendam onde e como podem estar mais preparados para o mercado de trabalho.

Num cenário como o do Brasil, em que as oportunidades de desenvolvimento não são disponibilizadas para todos, muitas empresas passaram a repensar o seu papel de transformação na sociedade. Os processos seletivos, como porta de entrada para essas empresas, se tornam então uma grande oportunidade de transformação social.

E para os jovens esta é uma ótima oportunidade de buscar empresas que tenham propósito e que entendam que os processos seletivos podem ir muito além da escolha de alguns candidatos para suas empresas. Organizações essas que se preocupam de fato com o futuro da nossa juventude.

*Gostou do artigo da Sabina Augras e Laura Fuks? Saiba mais sobre gestão de carreira para jovens assinando gratuitamente [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Sabina Augras e Laura Fuks são sócias fundadoras da Cmov, edtech na área de carreira e empregabilidade.

Artigos relacionados

Imaginar como ato de reinvenção  

A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
24 de novembro de 2025
Quando tratado como ferramenta estratégica, o orçamento deixa de ser controle e passa a ser cultura: um instrumento de alinhamento, aprendizado e coerência entre propósito, capital e execução.

Dárcio Zarpellon - Chief Financial Officer na Hypofarma

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
22 de novembro de 2025
Antes dos agentes, antes da IA. A camada do pensamento analógico

Rodrigo Magnano - CEO da RMagnano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
21 de novembro de 2025
O RH deixou de ser apenas operacional e se tornou estratégico - desmistificar ideias sobre cultura, engajamento e processos é essencial para transformar gestão de pessoas em vantagem competitiva.

Giovanna Gregori Pinto - Executiva de RH e fundadora da People Leap

3 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
18 de novembro de 2025
Com agilidade, baixo risco e cofinanciamento não reembolsável, a Embrapii transforma desafios tecnológicos em inovação real, conectando empresas à ciência de ponta e impulsionando a nova economia industrial brasileira.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação, Atitude Collab e sócia da Hub89 empresas

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança