Marketing e vendas

O digital e a demanda por um marketing mais centrado no indivíduo

Partir das necessidades e expectativas do público-alvo não apenas traz maiores chances de sucesso e menos erros, como beneficia toda a organização
Tem 27 anos de experiência nas áreas de marketing, insights e trade marketing, tanto em multinacionais, como Gillette, Colgate-Palmolive e Perdigão, quanto em startups, como Zaitt e In Loco. Administrador de empresas pela PUC-Rio, fez cursos em Harvard-EUA e ministrou palestras em eventos de varejo, universidades e pesquisa de mercado. É founder e diretor executivo da [Cübik Consulting](https://www.cubik.consulting/).

Compartilhar:

“Quem quer uma caneta touch screen? Ninguém quer uma caneta touch screen!”, assim afirmou Steve Jobs no insuperável lançamento do primeiro iPhone. Na sequência, ele introduziu a inovadora tecnologia multitouch de acionamento de comandos diretamente na tela utilizando a ponta dos dedos.

Vamos lembrar que na época do lançamento do iPhone, os smartphones mais desejados traziam um teclado fixo ocupando metade da parte frontal e demandavam o stylus, com que uma caneta com ponta de borracha, para acionar comandos na tela.

Em apenas 5 segundos, Steve não apenas zombou sobre o tempo e o investimento feito pelas empresas que ofereciam aqueles stylus como fez milhares de executivos se questionarem sobre o quanto uma ideia soluciona um problema ou atende uma necessidade do cliente.

## Escolhas conscientes

Ninguém quer um caixa de autoatendimento, mas pagar por algo de maneira mais rápida e com menos fila. Nenhuma pessoa quis um iPod, mas levar consigo mais músicas que centenas de CDs poderiam armazenar. Ninguém desejou um carro simplesmente por ser uma máquina, mas um automóvel que chega mais rápido, e de maneira mais segura, do ponto A ao ponto B. De igual modo, ninguém queria um stylus, mas acionar algo na tela. Além disso, o stylus demandava do usuário a necessidade de ter se tomar cuidado extra para não perder aquele fino e pequeno objeto.

Assim, uma coisa fica clara: o primeiro passo na oferta de uma solução de sucesso é identificar as necessidades, as expectativas, os jobs to be done do seu público-alvo para, com base neles, desenvolver a solução.

Isso cai como um mantra para os profissionais de marketing que estão continuamente avaliando diversas soluções envolvendo o universo digital e inovação, por exemplo. Ao compreender o seu target antes mesmo de pensar na solução, a organização ou marca não somente têm mais chances de obter sucesso como trazem alguns ganhos ao seu negócio no seu dia a dia, como:

__1. Aumento da capacidade de filtragem e da racionalidade para decidir__

As soluções digitais, por exemplo, encantam cada vez mais os profissionais de marketing via martechs, feiras internacionais ou viagens à China, Israel e ao Vale do Silício. No entanto, é importante separar a emoção da razão para decidir o que é melhor e não mais atrativo, cool ou empolgante. O conhecimento profundo do seu público-alvo já é, em si, um filtro eficiente na avaliação do sentido que aquilo oferece.

__2. Antecipação, protagonismo e diferenciação__

Quanto mais o executivo conhece seu público-alvo, mais à frente estará no processo de desenvolvimento e avaliação de soluções. Ele poderá, até mesmo, desafiar fornecedores na criação de soluções até ali inexistentes, e ser o primeiro a implementar algo no mercado – alguma semelhança com o que Steve Jobs fez a vida toda?

__3. Diálogo e trabalho em equipe com outras áreas da empresa__

O processo de conhecimento do público-alvo, bem como a criação e até da implementação de soluções que façam sentido a esse público, tem como premissa a interação entre várias áreas: inteligência de negócios, pesquisa, marketing, digital, tecnologia, procurement, jurídico, agências parceiras. O trabalho se torna mais colaborativo e interdependente ao colocar várias áreas mirando algo que nem sempre todos os setores têm consciência da sua importância: o cliente, o público-alvo.

__4. Assertividade e economia de tempo e dinheiro__

Muitas empresas defendem seu foco em soluções com o mantra “fail fast”. Sim, errar tem seus benefícios. Mas errar muito, ainda que rápido, acumula tempo e verba consideráveis. Partir de insights advindos do conhecimento do seu público-alvo garante mais assertividade no uso de tempo e de investimentos, sem falar que o conhecimento adquirido do seu público pode ser aplicado em várias outras frentes de trabalho.

Portanto, quanto mais o profissional de marketing quiser oferecer soluções, como de digital, mais ele terá que conhecer seu público-alvo. Ninguém quis um stylus com design arrojado e colorido, mas sim acionar comandos na tela de um smartphone, fosse lá como fosse, de forma prática, simples e rápida.

*Gostou do texto do Christian Abramson? Saiba mais sobre como inspirar pessoas e equipes assinando gratuitamente [nossas newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura