Assunto pessoal

Como parar de se distrair à toa

O autor de "Indistraível", Nir Eyal ensina em entrevista como fugir do desconforto que nos distrai

Compartilhar:

A falta de concentração atrapalha todas as áreas da vida. Mas como lidar com a avalanche de mensagens e notificações? O que fazer quando colegas de trabalho chamam você para jogar conversa fora? Autor dos livros *[Hooked](https://www.amazon.com.br/Hooked-How-Build-Habit-Forming-Products/dp/1591847788/ref=asc_df_1591847788/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379693121961&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=10281910213222057647&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-473731007274&psc=1)* e *[Indistraível](https://www.amazon.com.br/INDISTRA%C3%8DVEL-Dominar-Aten%C3%A7%C3%A3o-Assumir-Controle/dp/8583394903/ref=asc_df_8583394903/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379800300389&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=9825408708205889381&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-852175943741&psc=1)* e especialista em design comportamental, Nir Eyal falou à *Rotman Management Magazine* sobre como evitar distrações no ambiente profissional e pessoal. Compartilhamos a entrevista com conselhos simples para você melhorar sua concentração.

### Por que ser “indistraível” é uma habilidade crítica atualmente?
Tecnologia e interrupções estão em toda parte. Você se senta para começar um projeto com prazo urgente e logo ouve uma mensagem chegar ou um colega aparece para conversar. Em casa, telas variadas atrapalham a qualidade do tempo que você passa com a família. Imagine o que não faríamos se pudéssemos manter
a concentração!

### Qual a diferença entre distração e tração?
Tração é tudo que nos puxa em direção ao que queremos. Distração é o que nos afasta. Sugiro o seguinte: anote em duas colunas tudo o que você faz em um dia. À direita, as ações que atraem você para o que quer. À esquerda, as ações que o atrapalham. O objetivo é, todo dia, ter mais comportamentos e atividades que são tração, não distração.

### Você afirma que é preciso reconhecer que os gatilhos das distrações têm duas fontes, a externa e a interna. pode comentar?
Gatilhos externos são smartphones, interrupções etc. Mas a raiz da distração é o que acontece dentro de nós, não à nossa volta. Os gatilhos internos são estados emocionais desconfortáveis que nos levam a agir de modo a dar fim ao desconforto. Todo comportamento humano é motivado pelo desejo de escapar de desconfortos. Se nos sentimos solitários, damos uma olhada nas mídias sociais. Se estamos entediados, lemos notícias. Então, podemos pensar na gestão do tempo como gestão da dor. Uma vez reconhecido e entendido o desconforto, podemos escolher entre mudar a fonte do problema ou aprender a lidar com ele, de modo que os gatilhos internos levem à tração, não à distração.

### Você diz que a melhor forma de dominar os gatilhos internos é “transformar valores em tempo”. Pode explicar, por favor?
É útil categorizá-los em três domínios que descrevem como passamos o tempo: consigo mesmo, nos relacionamentos e no trabalho. Tais domínios nos ajudam a pensar sobre como planejar o dia para nos tornarmos quem queremos ser. Aconselho criar um calendário para uma “semana perfeita”. Depois, reflita sobre os últimos sete dias com essas perguntas: “Quando eu segui o calendário?”, “Quando me distraí?” e “Posso mudar a agenda para ter o tempo necessário para realizar meus ideais?”. Programe primeiro o tempo para si, porque sem esse tempo os outros dois domínios sofrerão.

### Como combater a distração no local de trabalho?
Sinalize que não quer ser interrompido. Basta usar uma plaquinha dizendo: “Preciso me concentrar. POR FAVOR, VOLTE DEPOIS”.

### O que são “pactos de esforço” e como nos ajudam a lidar com a distração?
São uma ferramenta que funciona ao colocar um obstáculo entre você e a distração que quer evitar. Por exemplo, ao deixar o celular fora do alcance das mãos.

### Parece que o maior gatilho externo para a distração são as várias telas
Costumamos jogar a culpa pela distração no vício por telas, nos algoritmos etc. Mas precisamos assumir a responsabilidade por estarmos distraídos e reagir. É importante reconhecer que temos dificuldade para controlar impulsos. Planejar com antecedência e criar sistemas é a única maneira de combater distrações. Quando planejamos, temos mais liberdade para desfrutar das coisas sem culpa. Se ficarmos por conta da força de vontade ou do autocontrole, perderemos sempre.

Celular, o grande gatilho externo…

Ele é uma das principais fontes de perda de concentração. Proteja-se adotando algumas práticas.

Substitua. Procure usar apps potencialmente perturbadores, como WhatsApp, no computador. Um relógio de pulso reduz as “olhadas” para checar as horas no celular.

Rearranje. Tire da tela inicial os aplicativos que pedem verificações tolas a toda hora.

Silencie. Desligue o máximo de notificações que puder. E use a configuração “Não perturbe”.

… é acionado pelos gatilhos internos

Mas as fontes externas não são a origem da distração. São estados emocionais desconfortáveis, como solidão e tédio, e a distração é uma válvula de escape. Veja o que fazer.

Entenda o porquê. Não se trata só de muitas telas. Busque as causas imediatas da distração.

Reconheça que a distração é um escape. Ficou entediado e entrou em rede social? Perceba: se um comportamento já funcionou para dar conforto, você tenderá a usá-lo assim de novo.

Pode ser viciante, mas não necessariamente irresistível. Se você conhece a causa do seu comportamento, pode tomar medidas para administrá-lo.

__© Rotman Management
Editado com autorização da Rotman School of Management, ligada à University of Toronto. Todos os direitos reservados. Entrevista feita por Carolyn Drebin.__

__Leia mais: [O mal que uma noite iluminada faz](https://www.revistahsm.com.br/post/o-mal-que-uma-noite-iluminada-faz)__

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Bem-estar & saúde
7 de novembro de 2025

Luciana Carvalho - CHRO da Blip, e Ricardo Guerra - líder do Wellhub no Brasil

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de novembro de 2025
Incluir é mais do que contratar - é construir trajetórias. Sem estratégia, dados e cultura de cuidado, a inclusão de pessoas com deficiência segue sendo apenas discurso.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Liderança
5 de novembro de 2025
Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas - mas sim coragem para sustentar as perguntas certas. Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Angelina Bejgrowicz - Fundadora e CEO da AB – Global Connections

12 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)