Uncategorized

Conheça o pulo do gato empreendedor

Metodologia de seis etapas destaca o papel das soft skills no sucesso de quem quer empreender | por Alice Salvo Sosnowski
Jornalista e mestranda em administração pela FEA-USP. É autora do livro Empreendedorismo para Leigos.

Compartilhar:

A onça queria comer o gato no jantar e, para enganá-lo, pediu que o bichano ensinasse a ela suas acrobacias. O gato então mostrou todos os tipos de saltos: para frente, para o lado, os truques da cambalhota etc. Achando-se muito esperta, a onça aproveitou um momento de distração do gato, preparou o bote e… puft! Com um salto para trás, o gato escapuliu de suas garras. Ao reclamar do salto não ensina do, a onça escutou do bichano: “Você acha mesmo que vou ensinar meu pulo do gato? Se tivesse feito isso, agora já estaria morto!”

O pulo do gato é uma expressão de origem popular que significa uma ação em que o indivíduo se diferencia e ganha destaque. No mundo dos negócios, é aquele momento em que o empreendedor muda de patamar e cria seu próprio sucesso. Para isso, é preciso ir além, surpreender, ultrapassar limites e deixar um legado.

Há muitos motivos para alguém empreender. Desde razões práticas, como o fato de perder o emprego e precisar pagar as contas (o empreendedorismo por necessidade), ou a responsabilidade de assumir os negócios da família (herança), até questões como a descoberta de nicho de mercado atraente (o empreendedorismo por oportunidade) ou o desejo de fazer a diferença na vida das pessoas. Em mais de dez anos entrevistando empreendedores de todas as partes do País, compreendi que o motivo influi menos no sucesso do que os aspectos psicológicos e emocionais que envolvem a decisão de empreender. Na verdade, no mundo do empreendedorismo, a soma de seis soft skills constitui um pulo do gato similar ao da fábula da onça e do gato.

Estruturei a metodologia “O Pulo do Gato Empreendedor”, simples e intuitiva, para desenvolver tais habilidades, traçando a correspondência delas com partes do corpo humano. Empreender começa pelo **coração**

  – APAIXONAR-SE –, que é aquela explosão que surge internamente e desperta na pessoa a vontade de realizar algo que faça sentido. Para continuar a empreender é preciso VISLUMBRAR, ou seja, dirigir os 

**olhos** para o futuro e definir uma meta a alcançar ali. Depois, empreender requer **mãos** na massa, ou FAZER coisas para atingir tal meta. Em seguida, é necessário COMPARTILHAR, princípio representado por **boca** e **ouvidos**, que funcionam como antenas para o mundo externo. Como a jornada empreendedora é também feita de dificuldades e obstáculos, o verbo PERSISTIR entra em cena e o empreendedor precisa se manter com os dois **pés** no chão, enraizado em suas convicções, para não sucumbir na jornada. E, por fi m, a capacidade de TRANSFORMAR-SE surge do **cérebro**, da inteligência racional e emocional que, unidas, proporcionam ao empreendedor o equilíbrio necessário para transformar seu negócio e a si mesmo em algo de valor para a sociedade.

**PASSO 1: APAIXONE-SE (CORAÇÃO)**

É no coração que tudo começa. Descubra seus talentos, preferências e desejos e encontre aquilo que você faz melhor, com paixão e entusiasmo. Se o seu negócio estiver alinhado com seus valores é mais fácil que você persista, tenha determinação e propósito.

**PASSO 2: VISLUMBRE (OLHOS)**

Feita a primeira etapa, é hora de vislumbrar, antes de sair fazendo as coisas sem propósito. Primeiro imagine como quer estar daqui a 5 anos, pesquise o 

mercado, procure problemas, veja o que as pessoas querem. Trabalhe a intersecção entre o que você faz de melhor e o que o mundo precisa. Crie sua visão de futuro. 

**PASSO 3: FAÇA (MÃOS)**

Agora que você já trabalhou o autoconhecimento e vislumbrou uma oportunidade, é o momento de colocar em prática o seu projeto. Aquilo que conhecemos se provará em ação focada em resultados. É hora de fazer um planejamento realista, com metas, prazos e viabilidade. E, literalmente, colocar a mão na massa.

**PASSO 4: COMPARTILHE (BOCAS E OUVIDOS)**

No mundo de hoje, o segredo industrial e o sucesso solitário ficaram ultrapassados. Dedique-se a se conectar com as pessoas e fortalecer seus relacionamentos. Troque experiências e fale de seus projetos. Quanto maior a sua rede, maior é a probabilidade de encontrar parceiros, clientes e investidores que apoiem a realização de sua ideia. 

**PASSO 5: PERSISTA (PÉS)**

A persistência é um princípio detectado desde os primeiros estudos sobre sucesso, e é desenvolvida quando o empreendedor passa por situações de adversidade. Mas, se você trabalhou cada um dos princípios anteriores, pode ter certeza de que saberá persistir.

**PASSO 6: TRANSFORME-SE (CÉREBRO)**

Entre na jornada empreendedora com a consciência de que você se transformará ao longo do trajeto. Como disse Steve Jobs em seu famoso discurso para formandos da Stanford University, só depois que tudo 

passa é que ligamos os pontos e vemos que tudo fez sentido. O empreendedor se transforma continuamente e muda a realidade em torno de si. 

**LIVRO APRESENTA O EMPREENDEDORISMO SOB VÁRIOS ÂNGULOS**

O livro _Empreendedorismo para leigos_, de Alice Salvo Sosnowski, integra uma coleção da editora Alta Books que trata temas do mundo dos negócios de maneira simples, didática e panorâmica. Inclui, por exemplo, um panorama de definições do que é um empreendedor:

EMPREENDEDOR É… 

(Para Joseph Schumpeter) Aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais.

(Para Robert D. Hisrish) Aquele que assume riscos e começa algo novo.

(Para Fernando Dolabela) Alguém que acredita que pode alterar o mundo. É protagonista e autor de si mesmo e, principalmente, da comunidade em que vive.

(Para Israel Kirzner) Aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem presente.

(Para José Dornelas) Alguém que tem iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz; utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente social e econômico onde vive; aceita assumir os riscos calculados e a possibilidade de fracassar.

(Para Peter Drucker) Alguém disposto a encontrar as oportunidades e fazer acontecer, lutando por seus objetivos, para colocar em prática as ideias, gerar valor, alavancar o negócio, além de se constituírem como essenciais ao mercado, na medida em que são considerados agentes de inovação e criatividade.

(Para Idalberto Chiavenato) A pessoa que inicia ou opera um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando continuamente.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Você tem repertório para liderar?

Liderar hoje exige mais do que estratégia – exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura