Uncategorized

Desenhar a própria carreira

Uma pessoa com consciência dos quatro “tijolos” básicos para construir sua carreira – tijolos esses compreendidos pelas empresas – sempre leva vantagem sobre quem vai formar sua carreira sem consciência ou intenção. Este artigo, de um coach e headhunter, detalha os formatos: progressão linear, o especialista, progressão em espiral e posições transitórias.
Augusto Dias Carneiro é coach executivo com mais de 3 mil horas de prática, além de experiente executivo nas áreas de estratégia e finanças.

Compartilhar:

Você sabia que, em 1996, ainda era generalizada a ideia de que só havia uma trajetória de carreira possível nas empresas? Todos a chamavam de “up or out”, o que significava que quem não subisse na hierarquia tinha de ir embora, algo com notas de crueldade que não seriam possíveis hoje em dia. Então, em novembro daquele ano, Ken Brousseau, Michael Driver, Kristina Eneroth e Rikard Larsson, a primeira dupla ligada à USC University of Southern California e a segunda à universidade de Lund, na Suécia, mapearam as muitas possibilidades no livro Career Pandemonium, cujo nome fala por si. E cada profissional pode ir desenhando a sua com consciência e, mais, intenção.

__PROGRESSÃO LINEAR:__ Você sobe linearmente pela hierarquia da organização, passando um tempo em cada nível: começa como especialista de produto, é promovido a gerente de grupo de produtos, depois a gerente de marketing, e, 15 anos depois, pode ser presidente dessa ou de outra empresa. Você tem forte liderança, é competitivo, e orientado a resultados, e isso fica óbvio para todos.

__O ESPECIALISTA:__ Você preza por aperfeiçoar constantemente seu conhecimento de determinada disciplina, e aprecia a segurança da posição. Provavelmente recusaria um convite para ser promovido, porque prefere resolver o mesmo problema, com crescente profundidade, toda segunda-feira de manhã. Cirurgiões e advogados trabalhistas ou tributários se encaixam aqui.

__PROGRESSÃO EM ESPIRAL:__ Você alterna movimentos laterais com promoções. Se é da área financeira, por exemplo, só vai se sentir preparado para ser CFO depois de passar por (no mínimo) controladoria, tesouraria e orçamento. Algumas empresas oficializaram o modo espiral a ponto de exigir isso de qualquer candidato à posição de diretoria. Essas pessoas são especiais no quesito “desenvolver os outros”, porque entendem o que seus subordinados fazem.

__POSIÇÕES TRANSITÓRIAS:__ Suas habilidades não se encaixam na estrutura da empresa; talvez a única competência que “grude” em você é a de gestão de projetos. Você gosta de variedade, de testar habilidades e conhecimentos novos, preza a mobilidade geográfica.

Com esses quatro componentes descrevemos praticamente todas as trajetórias profissionais. Qual é a sua? Você pode combinar mais de uma, e mudar de trajetória favorita à medida que a carreira avança. O céu é o limite!

## Desenhar carreira inclui desenhar o estudo
__Veja o caso (radical) de Guilherme Junqueira, líder da Gama Academy, que usou o ChatGPT __

![Guilherme Junqueira ](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/32xSlF5CUUGems3jX1nmz5/e12791f4c4c01d64277c06958438faba/Guilherme_Junqueira__1_.jpg)

Você já se sentiu superficial em certas áreas do conhecimento? Guilherme Junqueira, gestor e empreendedor, sim, e estava à procura de um estudo profundo para fechar esse gap no primeiro semestre de 2023. Priorizando o aprendizado e não o diploma, resolveu criar um mestrado informal com ajuda do ChatGPT. “As etapas foram perguntas, formato e ambiente, ajuste fino, comparativos e entregáveis.”

Como nem sabia o que estudar, Junqueira começou fazendo perguntas que lhe permitissem escolher o tema do mestrado combinando suas características e gostos com a necessidade do mercado. A IA generativa lhe fez perguntas de descoberta (sobre sua jornada, seus principais interesses, problemas a resolver e habilidades) e, após algumas trocas, ficou decidido: ele estudaria neurociência aplicada à educação.

Quanto a formato e ambiente, Junqueira queria não levar mais do que seis meses (oito considerando um trabalho de conclusão), com carga horária estimada de 30 a 40 horas mensais, e interação com pessoas – o que significou ter pares para trocas e um orientador a quem entregaria um TCC (rebatizado de “trabalho de conclusão de curso” para “transformando conceito em concreto”). O orientador é o especialista em andragogia Conrado Schlochauer. Junqueira ainda especificou que o ambiente de aprendizado deveria simular problemas do dia a dia e ser imersivo (menos tempo e mais densidade).

O “ajuste fino”, na sequência, consistiu em fazer o ChatGPT seguir o método CEP+R de fontes de aprendizagem com o qual Junqueira já estava familiarizado, criado por Schlochauer e Alex Brettas. A sigla diz respeito a conteúdos (sejam leituras ou vídeos), experiências, pessoas (que pudessem ser alcançadas para rápidas mentorias) e redes de discussão dos temas. Para se ter uma ideia, uma das pessoas de referência que o ChatGPT trouxe foi o neurocientista Sidarta Ribeiro, que respondeu a ele. Nos comparativos, a IA não achou cursos similares, mas calculou os custos somando viagens, eventos e livros (R$ 54 mil). Para terminar, como entregável, o TCC será uma plataforma – prevista em março de 2024. Eis os seis módulos:

Módulo/mês 1: Neurociência e Aprendizagem Rápida.
Módulo 2: Neurociência e Inteligência Artificial.
Módulo 3: Emoções e Engajamento no Aprendizado.
Módulo 4: Neurociência e Criatividade.
Módulo 5: Neurociência e Tomada de Decisões.
Módulo 6: Neurociência e Comunicação.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura