Bem-estar & saúde
3 minutos min de leitura

E se desacelerar fosse o verdadeiro ato de coragem?

Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.
É conselheira de empresas, mentora e professora. Durante anos foi executiva de empresas, passando por organizações como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É autora de diversos livros, entre os quais está o ‘Emoção e Comunicação - Reflexão para humanização das relações de trabalho’, escrito em parceria com a Cynthia Provedel.

Compartilhar:


De uns poucos anos para cá, cuidar de saúde mental passou a fazer parte do nosso repertório, não só nas organizações. É um tema recorrente entre os adolescentes da turma do meu filho de dezesseis anos da escola, entre os participantes das turmas de pós-graduação que eu leciono, entre meus colegas da empresa, nas mentorias que eu conduzo, nos personagens dos livros que eu leio.

Em outubro, celebra-se inclusive o Dia Mundial da Saúde Mental, o que aliás não é muito novo – existe desde 1992. Se não é tão novo, o que muda para que a gente fale mais do assunto? Tem muita pauta aí, e um emaranhado de coisa que cabe muita conversa e não será um texto curto como esse que terá a pretensão de esgotar.

Mas gostaria de deixar meus “two cents” ou, em bom português, minha modesta opinião, depois de um longo inverno longe dessa coluna, que eu retomo este mês.

A gente tem sim que pensar em saúde mental num contexto em que estamos todos muito expostos e acostumados a viver mais para o outro do que para a gente mesmo. Quando mostrar é mais importante que viver, é fácil perder a mão do que realmente importa e a gente entrar num looping infinito do que parece importante, leva nossa energia e não necessariamente fecha a nossa conta interna de felicidade. Sair desse círculo não é muito simples. Criar um apagão digital ajuda muito.

A gente também vive flertando com os limites. A busca constante por adrenalina nos leva a viver sem pausas, num ruído constante. Desacelerar não parece ser uma alternativa. Eu mesma, que já brinquei muitas vezes com bordões como “vai com tudo”, “só se vive uma vez”, achei melhor me economizar, para evitar empurrar pessoas para um limite desnecessário, mesmo por traz de uma brincadeira que para mim parecia inofensiva. Pode não ser tão inofensiva para todos e, num mundo onde todos nós formamos opinião, todos nós precisamos ter mais responsabilidade.

E, para concluir, para cuidar da saúde mental dos outros, é preciso cuidar também da nossa. A gente também precisa de pausa, de limite, de dizer alguns nãos – e eles precisam ser ditos com jeito pra não criar mais cacos, mais gente quebrada – de mais tempo livre, de retomar coisas que a gente faz por prazer, porque simplesmente a gente gosta, acredita, porque faz bem pra gente e pra quem está no nosso entorno, pra quem vem depois de nós, e quando a gente não estiver mais aqui.

Dados recentes apresentados pela Ipsos em outubro de 2025 (portanto no mês de publicação dessa coluna) com mais de 20 mil brasileiros dão conta que saúde mental preocupa mais que câncer e estresse. Não é louco isso? A gente se preocupa com algo que não tem uma forma muito clara, um diagnóstico que não é tão bem definido, que a gente não tem um repertório vasto, nem sabe lidar. Aliás, rola um preconceito danado. Certamente você conhece alguém do seu círculo próximo que toma remédio pra dormir ou pra acordar. Se não uma das duas coisas, toma remédio para emagrecer (ou seria melhor dizer pra pertencer?).

Será que a gente só não precisa respirar fundo, colocar umas coisas no lugar, reordenar o que vem primeiro, e talvez saúde venha antes de absolutamente tudo, e precise ser reconsiderada nesse lugar de privilégio pra todo o resto fluir melhor?

Aí a gente encontro mais pique para o trabalho, e a gente vibre com as segundas-feiras com o mesmo entusiasmo que a gente vibra com as sextas-feiras? O bom da vida não deveria ser isso? Equilíbrio?

Se ao ler tudo isso você pensou só em você, comece de novo.

Estou feliz em voltar, te encontrar aqui de novo e refazer o convite – vamos juntos?

Eu amo trabalhar, eu amo colocar a energia em tudo que eu faço, mas felizmente, não é só o trabalho que me define!

Compartilhar:

É conselheira de empresas, mentora e professora. Durante anos foi executiva de empresas, passando por organizações como Toyota, GE, Votorantim e MSD. É autora de diversos livros, entre os quais está o ‘Emoção e Comunicação - Reflexão para humanização das relações de trabalho’, escrito em parceria com a Cynthia Provedel.

Artigos relacionados

Relacionamentos geram resultados

Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Bem-estar & saúde
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de outubro de 2025
Como a evolução regulatória pode redefinir a gestão de pessoas no Brasil

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.

Giovana Pacini, Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
A IA está redefinindo o trabalho - e cabe ao RH liderar a jornada que equilibra eficiência tecnológica com desenvolvimento humano e cultura organizacional.

Michelle Cascardo, Latam Sr Sales Manager na Deel

5 minutos min de leitura