Uncategorized

Há um desejo genuíno do governo em criar cidades inteligentes

Diretor de Relações com o Mercado da área de Gestão Pública da Softplan

Compartilhar:

Recentemente participei do evento Smart City Business Brazil, um dos mais importantes encontros voltados a debater o futuro das cidades no país e que reúne anualmente representantes dos setores público e privado para discutir estratégias, trocar experiências e aproximar os principais atores ligados ao tema das cidades inteligentes. 

De tudo o que tive a oportunidade de vivenciar, salta aos olhos o desejo genuíno e crescente dos governantes em buscar as **m****ais modernas soluções tecnológicas disponíveis para resolver boa parte dos problemas enfrentados pelas cidades e seus cidadãos**, melhorando a qualidade de vida e da gestão pública. 

Num país em que o poder público corresponde a aproximadamente 40% do PIB, com tantos desafios e que passa por um processo de “depuração” das relações entre público e privado, dá para se ter uma ideia da quantidade de oportunidades e do tamanho do mercado que se abrem tanto para pequenos empreendedores como para grandes corporações.

Conceitualmente, uma cidade se torna inteligente quando utiliza intensivamente **soluções tecnológicas para racionalizar o uso de recursos**, sejam eles naturais, humanos ou financeiros, em diferentes dimensões, gerando um ganho para a sociedade e para as futuras gerações.  Uma dessas dimensões é o da governança e gestão pública. 

Neste ponto, sempre que instado a falar sobre o tema, costumo destacar que não há cidade inteligente sem um governo inteligente. Um exemplo disso é o município de Aracaju. A cidade sergipana foi a primeira capital do país a tornar os processos públicos 100% digitais tornando-se um grande case de governo sem papel, a partir a adoção da plataforma desenvolvida pela _startup_ catarinense 1Doc, que faz parte do portfólio da _Softplan_. **O objetivo maior do plano da cidade, é torná-la um lugar melhor para se viver.** O primeiro passo? Facilitar a vida dos cidadãos. 

Em Santa Catarina, a prefeitura do município de Palhoça, além da melhoria da interação entre governo e população, conseguiu alcançar uma economia de mais de R$ 360 mil com a redução no uso de papel, cerca de 25 mil pessoas atendidas e 550 mil documentos oficiais gerados digitalmente pela plataforma. 

A prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) também é exemplo de transformação digital com foco no cidadão. Hoje, 80% dos processos da prefeitura são digitais, como a emissão do Cartão Nacional da Pessoa Idosa com Deficiência. Antes da digitalização, ela demorava aproximadamente 40 dias, com idas e vindas dos idosos aos balcões de atendimento. Atualmente o cartão é solicitado e emitido de casa em até 10 minutos. 

Muitos ainda são os desafios. Entre os principais, vale destacar a falta de mão de obra capacitada — a principal matéria-prima do setor é justamente o capital intelectual – para atuar nos diversos projetos e empresas que estão buscando desenvolver soluções neste setor. 

Só em Santa Catarina, este déficit é da ordem de [mais de 1 mil vagas sobrando](https://mapa.nift.com.br/). Outro ponto nevrálgico está relacionado ao **financiamento destas tecnologias e dos novos modelos de negócios para as prefeituras.** É fundamental repensar as premissas de financiabilidade para permitir que as cidades tenham acesso a soluções disponibilizadas no modelo “SaaS” (software como serviço) por exemplo, com suporte financeiro de bancos, agências oficiais de fomento ou fundos setoriais. 

A mesma demanda se aplica às soluções de locação e manutenção de equipamentos e infraestrutura. É necessário também pensar em ações voltadas a segurança jurídica e constituição de estruturas financeiras capazes de popularizar as Parcerias Público-Privadas (PPPs) no país. 

Além da melhoria da gestão pública, soluções para iluminação pública, controle semafórico, geração fotovoltaica, gestão de vagas de estacionamento e especialmente gestão da segurança pública por videomonitoramento com a mais avançada tecnologia para identificação facial ou de uma simples verificação de placas veiculares, estão entre as grandes demandas das cidades. 

Voltando para minha terra, Florianópolis não está muito distante desta realidade. Por aqui temos o [Living Lab](https://redeinovacao.floripa.br/living-lab/), um laboratório de cidade inteligente da prefeitura municipal em parceria com associações empresariais. Entre as soluções testadas estão:

*  Um sistema que integra as centrais de incêndio das residências ao Corpo de Bombeiros, para identificar incêndios e notificar autoridades;
*  Uma tecnologia para monitorar o tráfego e coletar informações sobre o fluxo de veículos na cidade; 
* E até um carro elétrico, que atende o nicho de veículos de vizinhança e, em breve, deve integrar a frota de ronda da Guarda Municipal. 

Já pensou em viver em uma cidade em que, pelo uso da tecnologia, você se sentirá mais seguro, interagirá com a prefeitura sem sair de casa, terá menos poluição e perderá menos tempo no trânsito? Esse futuro está mais próximo do que podemos imaginar. Investir nas cidades inteligentes é a única maneira de termos um futuro com boa qualidade de vida para todos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação e comunidades na presença digital

A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança