Uncategorized

IA e o mundo do trabalho: mais oportunidades do que riscos

É o que diz Julian Birkinshaw, professor de Estratégia e Empreendedorismo, no blog da London Business School

Compartilhar:

O poder dos computadores e da inteligência artificial (IA) ainda assusta muita gente. Não é para menos: as máquinas estão cada vez mais presentes no dia a dia e conseguem resolver problemas cotidianos que sempre pareceram fora do alcance dos seres humanos. Especialistas acreditam que, em algumas décadas, a IA será capaz de realizar basicamente qualquer atividade humana.  

É preciso lembrar, porém, que a “inteligência” dos computadores é essencialmente a capacidade de processar o que já aconteceu, com base em grandes quantidades de dados, criar padrões e “construir” algo a partir daí.  

Julian Birkinshaw, professor de Estratégia e Empreendedorismo da London Business School, estuda como o avanço da IA impacta as empresas e, mais especificamente, o mundo do trabalho. Ao tentar responder que empregos estarão disponíveis aos seres humanos, uma vez que os computadores alcancem todo o seu potencial, ele oferece um ponto de visa otimista.

Em linhas gerais, destaca, por exemplo, que os profissionais cujas atividades são menos mecanicistas, ou seja, mais criativas ou que dependam da interação humana e de características como a empatia, tendem a escapar relativamente ilesos. 

**IMPACTO NA ESTRATÉGIA**

Segundo Birkinshaw, as empresas em geral só conseguirão sobreviver se adotarem tecnologias que reduzam custos, inclusive com mão de obra, a fim de competir do ponto de vista da eficiência operacional. 

Mas isso, destaca o professor, apenas coloca a organização na linha de partida para a corrida. “Para vencer, será preciso tomar decisões sobre que consumidores conquistar e que novos produtos ou serviços podem ser planejados para atraí-los. Nesse ponto, as limitações da inteligência artificial ficam evidentes”, escreve ele.

Afinal, esse tipo de decisão requer intuição, imaginação e, o que é decisivo, a habilidade de reunir informações de diferentes fontes. “Nenhum computador jamais sonhará com uma nova marca super legal”, acrescenta Birkinshaw.

Na avaliação do professor, as decisões mais importantes que uma empresa precisa tomar estão relacionadas à alocação de recursos. Nesse sentido, a IA pode oferecer enormes volumes de dados sobre o que aconteceu no passado, mas seu poder de prever é limitado e não se estende às decisões estratégicas.

Birkinshaw menciona o caso do Facebook, que não conseguiu prever os danos causados pela insatisfação dos usuários ao perceberem que informações pessoais estavam sendo entregues a terceiros ou que a plataforma estava sendo usada para disseminar fake news. 

“Os sistemas do Facebook não conseguiram ver as ameaças. Não se trata de dizer que a IA não identificou o elefante na sala; na verdade, a IA está em outra sala, completamente diferente. As ameaças eram reais, mas foi preciso que pessoas no topo da organização notassem que essas eram questões relevantes”, explica. 

**IMPACTO NAS DECISÕES**

Birkinshaw destaca que a tomada de decisão requer pensamento lateral, intuição e criatividade, áreas em que os seres humanos superam as máquinas. Por isso mesmo, dentro das organizações, os gestores deverão dedicar uma parcela crescente de seu tempo e de sua energia para essas atividades associadas ao lado direito do cérebro. 

“Eles precisam desenvolver um entendimento mais sofisticado a respeito do que a IA é capaz de fazer e de suas limitações. Isso não quer dizer que um bom gestor terá de ser um programador. Mas deverá ter conhecimento suficiente sobre qualquer sistema de IA para, pelo menos, ser capaz de avaliar a validade das informações que são geradas”, explica o professor. 

**IMPACTO NA GESTÃO**

No cenário pensado por Birkinshaw, será fundamental um ambiente corporativo no qual o pensamento radical e a experimentação são promovidos e alimentados adequadamente. Ferramentas de inteligência artificial podem oferecer a direção, mas a decisão sobre o quanto de recursos e tempo será destinado à área de pesquisa e desenvolvimento dependerá do envolvimento humano. 

O avanço da inteligência artificial em diversos campos, como medicina, educação e gestão pública, não será interrompido. É claro que isso traz ameaças, mas representa também inúmeras oportunidades.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Você tem repertório para liderar?

Liderar hoje exige mais do que estratégia – exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura