Inovação & estratégia, ESG
3 minutos min de leitura

Inovação é o novo passaporte do turismo sustentável

Com a COP30, o turismo sustentável se consolida como vetor estratégico para o Brasil, unindo tecnologia, impacto social e preservação ambiental em uma nova era de desenvolvimento consciente.
Vice-presidente Comercial da C-MORE Brasil e América Latina, possui mais de 20 anos de experiência em inovação e crescimento nos setores de finanças, tecnologia e sustentabilidade. Veneziani atuou como Global Director de Business Development na EarthDaily Analytics, liderando soluções de seguro paramétrico e monitoramento de riscos climáticos baseados em tecnologias de observação da Terra. Passou também por Planet Labs, Accenture, Zurich Insurance, Itaú Unibanco, McKinsey & Company e EMBRAER, com foco em transformação digital, estratégia de clientes e desenvolvimento de novos negócios.

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Sustentabilidade não se constrói apenas com boas intenções, mas com informação precisa, gestão inteligente e governança estruturada. À medida que o Brasil se prepara para sediar a COP30 em Belém, o turismo sustentável deixa de ser uma pauta idealista para se tornar uma oportunidade concreta de unir desenvolvimento econômico, conservação ambiental, inclusão social e inovação tecnológica.

Hoje, ferramentas digitais permitem que hotéis, operadoras e destinos turísticos monitorem emissões de carbono, consumo de energia, impacto social e práticas trabalhistas de forma automatizada, transformando dados em ações. Plataformas de inteligência ESG e outros players no mercado europeu já padronizam relatórios, conectam cadeias de fornecedores e garantem transparência de ponta a ponta. Quando a sustentabilidade é mensurada, ela deixa de ser discurso e se torna resultado, e, mais do que isso, negócio.

Agora não se fala mais de sustentabilidade como diferencial, é critério de decisão e quanto antes empresas do setor entenderem isso, mais cedo elas estarão no topo. Afinal, para o Brasil, essa tendência representa uma grande vantagem competitiva. O país reúne atributos incomparáveis: seis biomas, 8.500 quilômetros de litoral, a maior biodiversidade do planeta e uma população acolhedora. O desafio é transformar essa riqueza natural e social em estratégia de desenvolvimento, com métricas, dados e governança sólida.

Portugal possui um bom case, em como a digitalização pode mudar a curva do setor. Em 2023, o país lançou a FOREST: Ferramenta Organizacional e Reporte da Sustentabilidade no Turismo, desenvolvida dentro do programa Empresas Turismo 360° em parceria com 18 instituições. A plataforma automatiza coleta e reporte de dados ESG, alinhando-os a padrões globais da ONU e da Global Reporting Initiative (GRI), tornando Portugal o primeiro país europeu com mensuração nacional da sustentabilidade no turismo. 

O Brasil caminha em direção a um modelo semelhante. O Ministério do Turismo anunciou novas ações voltadas à sustentabilidade, economia criativa e qualificação profissional, preparando o setor para a COP30. A integração de critérios ESG à Estratégia Turismo 2027 e à Taxonomia Sustentável Brasileira aproxima políticas públicas e práticas empresariais. Mas, para consolidar essa agenda, é preciso escalar a digitalização. Sem dados, não há diagnóstico; sem diagnóstico, não há investimento; e sem investimento, não há transformação.

Além do “E” ambiental, é essencial considerar a dimensão social: capacitação profissional, inclusão de comunidades locais, turismo de base comunitária e geração de renda são elementos-chave para um turismo que seja justo, regenerativo e capaz de impactar positivamente os territórios. A governança, por sua vez, garante que métricas, políticas e parcerias estejam alinhadas, promovendo confiança entre investidores, empresas e sociedade.

O setor já é pilar relevante da economia: segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), o turismo representa 7,8% do PIB brasileiro e emprega mais de 7 milhões de pessoas. Hoje, o desafio não é apenas crescer, mas crescer melhor. O modelo baseado em volume e consumo intensivo de recursos cede lugar a uma nova era de viagens conscientes, em que cada visitante atua como agente de transformação. Dados da Organização Mundial do Turismo (UNWTO) mostram que 73% dos viajantes preferem destinos comprometidos com práticas sustentáveis e 60% estão dispostos a pagar mais por experiências alinhadas a valores ambientais e sociais.

A tecnologia é a ponte entre discurso e impacto real: reduz desperdícios, otimiza operações, promove inclusão social e abre acesso a financiamentos verdes, transformando o turismo sustentável em uma cadeia de valor competitiva e moderna. A COP30 será palco para demonstrar esse potencial.

O sucesso do turismo brasileiro dependerá de nossa capacidade de medir, planejar e agir com propósito, unindo inovação, governança e impacto social. Inspirado por iniciativas globais e impulsionado por soluções digitais, o país pode construir um modelo de turismo regenerativo, que não apenas preserva, mas gera valor duradouro para pessoas, territórios e negócios. Viajar de forma sustentável é, assim, garantir que o mundo continue sendo não apenas incrível, mas viável, para ser descoberto por todos.

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