Estratégia e Execução, Gestão de Pessoas
3 min de leitura

Nada supera o poder das pessoas

As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação – mas por que ainda não incentivamos isso no dia a dia das empresas?

Compartilhar:

Nos últimos anos vimos as discussões sobre o uso de tecnologias, como inteligência artificial, aprendizado em máquina e automação, ganharem o topo das conversas nas empresas para fomentar a inovação e manter a competitividade. Mas por trás disso há um elemento fundamental que precisa ser priorizado: o capital humano. Sem as pessoas, nenhum investimento em ferramentas disruptivas vai para frente. Não à toa, o estudo 2024 Global Human Capital Trends, realizado pela consultoria Deloitte com mais de 14 mil pessoas em 95 países, mostra que quanto mais o trabalho se torna sem fronteiras, mais valorizadas são as capacidades exclusivamente humanas, como a empatia e a curiosidade.

Se pensarmos na nossa própria experiência, seja como líder ou como colega de trabalho, nossa intuição vai apontar para o mesmo caminho: valorizamos quem tem aquele insight que ninguém mais pensou na sala de reunião, ficamos admirados com quem aparece com uma ideia simples que soluciona um processo complicado. Mas por que não incentivamos isso no nosso dia a dia? A mesma pesquisa da Deloitte revela que 73% dos respondentes dizem que é importante garantir que a capacidade humana na organização acompanhe a evolução tecnológica, mas apenas 9% afirmam que sua empresa está caminhando para conquistar esse equilíbrio. E mais: apesar de 73% das companhias reconhecerem a importância da imaginação, apenas 37% a cultivam.

A capacidade de ser curioso, de pensar de maneira criativa, de ser empático e resiliente estão entre as principais habilidades requisitadas pelos empregadores, diz outra pesquisa, essa do Fórum Econômico Mundial. A propósito, há somente uma habilidade tecnológica listada entre as top 10. Mesmo assim, os entrevistados estimam que menos de 10% de sua força de trabalho atual possui essas habilidades tão particularmente humanas.

Tenho refletido sobre esse dilema e acredito que os líderes podem desempenhar um papel mais proativo para despertar a criatividade e a curiosidade nas equipes. E isso sem apelar para soluções mirabolantes! Acredito muito no poder do descanso. É preciso permitir aos funcionários, especialmente aqueles em papel de liderança, que possam se desligar do trabalho. Quando eu consigo me desligar, por exemplo, é o momento em que mais sou capaz de processar melhor as informações. Quando ando a cavalo, por exemplo, uma das minhas paixões da adolescência, acabo encontrando as melhores soluções – mesmo que eu não esteja concentrado nisso.

Nesses momentos em que sinto que estou livre da carga do trabalho, as ideias surgem. Mando mensagens para mim mesmo pelo celular, deixo minha imaginação solta para me fornecer respostas para assuntos delicados que terei de lidar numa reunião tensa no dia seguinte. Quando viajo, então, minha mente se torna uma usina de ideias: todo museu, restaurante e paisagem se tornam inspiração para um evento ou para um novo projeto – mesmo que eu não tenha consciência daquilo no momento em que está acontecendo.

Deixo aqui alguns conselhos para líderes e empresários que estão em busca de extrair o melhor da capacidade criativa de seus colaboradores:

– Evite o microgerenciamento: dê orientações claras e deixe que as mentes criativas respirem;

– Estimule a diversidade nas equipes: experiências e backgrounds diferentes desafiam aquelas “opiniões formadas sobre tudo” e trazem um fôlego novo;

– Crie um ambiente de segurança psicológica: deixe que os feedbacks e opiniões fluam sem risco de censura ou punição;

– Deixe de lado o perfeccionismo: para criar algo novo, é preciso experimentar e estar disposto a errar. As empresas mais inovadoras e criativas encorajam a experimentação e são flexíveis para se adaptar às constantes mudanças do mercado e das pessoas;

– Incentive a liberdade para aprender e buscar inspiração fora do trabalho: incentive o time a praticar atividades que gostam fora o escopo de trabalho, como música, esporte, exposições e gastronomia.

Será que, com tudo isso em prática, poderemos pensar em um ambiente de trabalho mais humano e com inovação brotando por toda a parte? Estou certo de que a resposta é “sim”.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança