Uncategorized

Não há nada parecido

A pedido de HSM Management, o brasileiro Reinaldo Normand compartilha sua trajetória e visões do Vale do Silício – de executivo a empreendedor
Reinaldo Normand é CEO e cofundador da InnovaLab, empresa de educação que realiza camps de inovação com alunos do ensino médio no Vale do Silício a fim de prepará-los para o mundo dirigido pela tecnologia, e organiza eventos como a InnovaLab Student Conference. Chegou à Califórnia em 2006 como responsável pela divisão mobile da TecToy, para criar o primeiro console de videogame para países emergentes – o Zeebo foi lançado em 2008, com investimento da Qualcomm. Fundou a 2Mundos, startup de jogos sociais que vendeu em 2013; escreveu três livros, foi mentor e investidor em uma aceleradora e entrepreneur in residence no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Compartilhar:

Estou fora do Brasil há 14 anos. Em 2006, vim para a Califórnia como executivo,  tomei gosto pelo empreendedorismo, virei founder e CEO e depois me tornei mentor e investidor. Globalizei-me morando em vários países, como China e Malásia; nesse período também pude me revezar entre a costa Oeste e a Leste dos Estados Unidos. Pude analisar a cultura do Vale de múltiplas perspectivas, compará-la com outros clusters de empreendedorismo, e escrevi dois livros sobre o tema. Hoje digo com segurança: não há nada parecido no mundo.

**Por que o Vale se diferencia.** Para mim, as características mais importantes são três: (1) foco em resolver problemas complexos de modo simples e eficiente, o que significa que ninguém se preocupa com títulos acadêmicos, hierarquia social ou aparência; na maioria dos outros países perde-se muito tempo com essa perfumaria, (2) extrema competição com muita cooperação, o que torna as pessoas genuinamente interessadas em mentorar os mais inexperientes sem ganhar algo em troca; é natural pay it forward, ou seja, se você foi ajudado por alguém, também ajudará outras pessoas no futuro, (3) a inexistência de censura ou ridicularização no âmbito das ideias; censura, bem como hierarquia, são inimigas do empreendedorismo e da inovação. 

**O desafio chinês.** A China é, disparado, a vice-líder tecnológica do mundo. Seu problema é que, se evoluiu tão rápido, foi graças a reserva de mercado, pirataria e espionagem industrial em uma escala enorme. Programadores e empreendedores chineses aprendem muito rápido e são espetaculares, é claro, mas ainda quero vê-los dominar mercados sem ter a mão amiga do governo com subsídios, empréstimos a preço de banana ou simplesmente a eliminação da concorrência. A DJI (drones) e a Bytedance (TikTok) são, até agora, as únicas empresas chinesas de tecnologia que competem por mérito próprio em mercados mais competitivos como Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão, e que conquistaram consumidores pela qualidade de seus produtos.   

**Brasileiros no Vale.** A comunidade de brasileiros em empresas de tecnologia no Vale é bem pequena se comparada a chinesa, indiana, israelense, francesa, alemã ou japonesa. A maioria dos brasileiros trabalha como executivos nas grandes empresas e há poucos casos de sucesso como empreendedores ou investidores. 

Mesmo os brasileiros bem-sucedidos, como o Mike Krieger, do Instagram, estudaram ou vieram bem jovens para cá – e por isso são mais ligados à cultura norte-americana. A maioria prefere voltar ao Brasil para empreender, pois há mais oportunidades e menos competição. 

**Mudança pessoal.** Viver aqui me deixou mais geek, mais bem informado e, inacreditavelmente, mais otimista em relação ao Brasil. Os empreendedores brasileiros da nova safra são competentes e têm um mindset mais moderno do que os europeus, os coreanos e os japoneses, por exemplo. É bacana observar essa mudança em tão pouco tempo. Mas eu ainda prefiro morar aqui, pelo desafio intelectual e pelas novidades diárias.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura