ESG
6 min de leitura

O conflito de gerações no mercado de trabalho e na vida: problema ou oportunidade?

Em um mundo onde múltiplas gerações coexistem no mercado, a chave para a inovação está na troca entre experiência e renovação. O desafio não é apenas entender as diferenças, mas transformá-las em oportunidades. Ao acolher novas perspectivas e desaprender o que for necessário, criamos ambientes mais criativos, resilientes e preparados para o futuro. Afinal, o sucesso não pertence a uma única geração, mas à soma de todas elas.
Fundador e CEO da Motivare, com mais de 30 anos de exepriência na área de Marketing. Autor do livro "Marketing sem blá-blá-blá: inspirações para transformação cultural na era do propósito".

Compartilhar:

multiculturalidade

Seja nos corredores das empresas, nos coworkings ou nas videochamadas, a convivência entre múltiplas gerações é um fenômeno sem precedentes na história. 

Ao ler o livro The perennials: the megatrends creating a postgerational society, de Mauro Guillén, ex-reitor da Judge Business School da Universidade de Cambridge e vice-reitor da The Wharton School da Universidade da Pensilvânia, me deparei com um novo conceito que me fez entender melhor essa questão, o de Perennials. Esse grupo de pessoas não é definido por sua geração, mas pela variedade de idades, matizes e tipos que transcendem estereótipos e fazem conexões entre si e com o mundo ao seu redor. 

Guillén explica que, enquanto em um passado não muito distante coexistiam no mundo no máximo quatro ou cinco gerações de pessoas, agora temos oito habitando o planeta simultaneamente. Essas transformações estão gerando uma revolução pós-geracional, que irá remodelar a vida de pessoas e a organização de empresas, impactando os rumos da sociedade. Ou seja, independentemente de nomenclatura, Perennials, Tradicionais, Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z estão lado a lado, interagindo, negociando e moldando o futuro do trabalho e do consumo. 

Contudo, essa convivência, que deveria ser uma ponte para o crescimento, muitas vezes, se transforma em barreiras erguidas por diferenças de valores, estilos de comunicação e perspectivas. Como podemos transformar essas barreiras em oportunidades? De que forma cada geração pode influenciar positivamente o mercado enquanto aprende e cresce com as outras? Como fugir dos chavões tradicionais e não tratar a maturidade e experiência como obsolescência nem tampouco a juventude e arrojo como imaturidade?

Os Baby Boomers cresceram em um mundo que valorizava a estabilidade e o trabalho duro como principal caminho para o sucesso. Eles trouxeram para o mercado características como comprometimento, lealdade e a valorização de conquistas tangíveis, como a casa própria e uma carreira estável. Hoje, muitos estão próximos da aposentadoria ou ocupam cargos de alta liderança, representando um pilar muito importante de experiência vivida e conhecimento acumulado.

Conhecida como a geração “ponte”, a Geração X equilibra os valores tradicionais dos Boomers com a adaptabilidade trazida pelas gerações mais novas. Resilientes como os Boomers, mas mais abertos à inovação, tornaram-se líderes naturais em ambientes que exigem mediação entre diferentes estilos.

Os Millennials entraram no mercado durante o auge das mudanças tecnológicas e econômicas. Essa geração impulsionou o trabalho remoto, a economia compartilhada e o consumo consciente.

Já a Geração Z é marcada pela hiperconectividade. Eles cresceram em um mundo de redes sociais, informações instantâneas e mudanças sociais rápidas. Não apenas consomem, mas também criam tendências. Exigem autenticidade e agilidade de marcas e empresas e têm uma abordagem direta e assertiva em relação a causas sociais e diversidade.

Embora as diferenças geracionais possam gerar atritos, elas também oferecem um terreno fértil para a inovação. Os jovens aprendem com a experiência dos mais velhos, enquanto os mais experientes se atualizam com as inovações comportamentais e  tecnológicas. Soluções inovadoras emergem quando perspectivas diferentes se complementam e empresas que promovem integração geracional tornam-se mais criativas e resilientes. A questão atual não é mais sobre pensar fora da caixa. O momento atual pede a destruição das caixas. 

Como alguém que já viu distintas gerações passarem pelo mercado, pertenço ao grupo que prefere trazê-las para perto de mim. Acolher as gerações mais jovens não é apenas uma questão de empatia, mas também de sobrevivência e relevância. Acolher significa garantir que o conhecimento acumulado ao longo dos anos seja repassado e adaptado às novas realidades. E se desenvolver significa a coragem e humildade para desaprender oque for preciso.

O futuro do mercado não pertence a uma geração isolada, mas à soma de todas elas, assim como na vida, nas relações que cultivamos. Ao acolher as diferenças e valorizar o que cada geração traz para a mesa, criamos um ambiente onde a experiência encontra a inovação e a tradição caminha lado a lado com a ousadia.

Cabe a cada um de nós refletir: estamos prontos para destruir caixas, desaprender, quebrar paradigmas, construir novas pontes e, assim, consequentemente brilhar? 

Compartilhar:

Artigos relacionados

Até quando o benchmark é bom?

Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil – até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura
Uncategorized, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
20 de agosto de 2025
A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais - e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

Ana Fontes

4 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura