Uncategorized

O lado sombra da marca pessoal

Estrategista em Personal Branding

Compartilhar:

Foi em 1997 que o termo marca pessoal – _personal brand_ – apareceu pela primeira vez, no artigo _The Brand Called You_, escrito por Tom Peters. A marca pessoal é a somatória das percepções associadas a uma pessoa sobre sua personalidade, valores, caráter, talentos e habilidades. É o fundamento de como os outros nos percebem, a impressão que deixamos nos demais.

Mais de 20 anos depois da publicação do artigo, a gestão da marca pessoal se torna uma ferramenta obrigatória para os profissionais que desejam se posicionar de forma clara no mercado e obter visibilidade e diferenciação.

Quando consideramos o que é necessário para sermos bem-sucedidos no trabalho, geralmente focamos nas nossas forças. O princípio básico do personal branding é identificar e comunicar nossos atributos positivos. Mas, estamos falando de pessoas. E pessoas têm dias bons e dias ruins.

Nos ambientes corporativos cheios de pressão, competitividade e prazos, pessoas se estressam e nem sempre são os atributos positivos que se destacam. Da mesma forma que o yin coexiste com o yang, forças coexistem com fraquezas. Em todos nós, há aspectos da personalidade que, se não monitorados, podem destruir nossa reputação e, consequentemente, nossa carreira.

O que é o lado sombra da marca pessoal?
—————————————

O lado sombra da marca pessoal são características que podem ser forças em circunstâncias normais, porém quando você não está se auto monitorando podem se tornar fraquezas que afetam negativamente a sua reputação. O lado sombra é o lado negro da força.

Ele geralmente aparece em momentos de estresse ou pressão. Considerando que 60% dos profissionais no mundo relatam estar estressados no trabalho, imagine o risco do lado sombra vir à tona. E, quando ele se manifesta, pode ser extremamente prejudicial para sua reputação.

Um exemplo de uma marca pessoal fortíssima com um lado sombra igualmente forte foi Steve Jobs. Ao mesmo tempo que ele era extremamente apaixonado e entusiasmado, era explosivo e difícil de lidar, o que, inclusive, o levou a ser demitido de sua própria empresa.

Geralmente, procuramos controlar a forma que nos apresentamos e somos percebidos – tudo com o objetivo de criar uma boa impressão. Só que a maioria de nós tem momentos em que deixamos baixar a guarda e descuidamos deste autogerenciamento. Paramos de prestar a atenção ou não nos preocupamos em criar uma boa impressão. Isso pode acontecer quando estamos com pessoas com quem temos mais intimidade e que sentimos que podemos baixar a guarda, quando estamos cansados, quando lidamos com quem consideramos de status inferior, ou quando estamos sob pressão. E, quanto mais tempo estivermos sob pressão, menos seremos capazes de administrar nosso comportamento e, eventualmente, nossos lados sombrios vão emergir.

Outra forma de manifestarmos o lado sombra é quando usamos uma força em excesso, a ponto dela se tornar uma fraqueza. Um exemplo é o filme O Diabo Veste Prada, em que Meryl Streep interpreta Miranda Priestley – baseada na Anna Wintour, editora-chefe da Vogue America. Seu nível de excelência se torna um perfeccionismo e necessidade de controle excessivos.

Vemos isso diariamente com pessoas autoconfiantes se portando como arrogantes, pessoas muito respeitosas não conseguindo se impor, alguém muito cuidadoso não conseguindo tomar decisões por medo de errar.

Marca pessoal e reputação
————————-

Nossos comportamentos positivos e negativos juntos criam a nossa reputação. A reputação leva tempo para se desenvolver, na medida em que as pessoas que convivem conosco precisam perceber a consistência de nossos comportamentos em diferentes ocasiões. Embora os estudiosos tenham sugerido que a reputação pessoal pode ser perdida ou muito reduzida com um movimento errado, a maioria dos pesquisadores concorda que a reputação pessoal não é alcançada com apenas um único evento, mas deve ser proativamente construída e mantida ao longo do tempo por meio da demonstração consistente do comportamento. Quanto mais pessoas compartilham a mesma crença ou percepção de uma pessoa, mais forte é sua reputação.

A reputação pessoal é um fato da nossa vida social e organizacional. As pessoas desenvolvem reputações para muitas coisas na vida, mas, no trabalho, tudo o que nos acontece é baseado na nossa reputação: por ela, somos contratados ou demitidos, atraímos novos clientes e fechamos novos negócios.

Por mais que reputação e marca pessoal não sejam sinônimos, elas estão estreitamente inter-relacionadas. Comprometer uma delas pode, facilmente, afetar a outra. Quanto mais você expõe seu lado sombra, mais isso interfere na sua capacidade de atingir seus objetivos.

Quais são as consequências negativas do seu lado sombra?
——————————————————–

Ele pode destruir a confiança, a lealdade e o engajamento. A capacidade de formar e manter relacionamentos produtivos é fundamental no ambiente de trabalho moderno. Uma má reputação pode deixar seus colegas de trabalho cansados de lidar com você, o que prejudicará seu desempenho.

Estudos mostram que é mais provável que seu superior preste atenção à sua reputação do que seus dados de desempenho. Uma má reputação pode impedi-lo de receber um aumento ou uma promoção ou até mesmo levá-lo a uma demissão.

Eu tenho um lado sombra?
————————

Provavelmente sim. Para conseguir identificá-lo, peça a seus superiores, colegas, subordinados e clientes que lhe deem um feedback honesto e crítico sobre sua tendência de exibir esses traços. Como eles te veem quando você não está no seu melhor?

É provável que as pessoas em sua vida pessoal estejam mais familiarizadas com seu lado obscuro do que os colegas de trabalho, portanto, peça também suas opiniões sinceras.

Tenha clareza também sobre suas forças. Identifique como você as usa, incluindo o que acontece quando você as usa em excesso.

Como gerenciar seu lado sombra?
——————————-

* Depois de identificar os comportamentos, entenda quais são os gatilhos que os fazem vir à tona. Esteja preparado para lidar com essas situações de antemão.

* Identifique qual o excesso da sua força e em quais circunstâncias você tende a aplicá-la exageradamente.

* Quando você usa muito de uma força, isso significa que você está usando pouco do seu oposto. Como se tornar mais versátil? Que habilidades você pode desenvolver?

Aquilo que te define não deve te limitar. Assumir uma postura “assim sou eu e assim não sou” pode ser uma armadilha. Cuidado para não se tornar prisioneiro de um atributo positivo. Entre os skills necessários para o futuro do trabalho, versatilidade e flexibilidade são fundamentais.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)