Desenvolvimento pessoal

O que pode fazer de você um líder melhor

Descobrir seus bloqueadores e impulsionadores é decisivo no processo de evolução, explica Ian Woodward, professor do Insead

Compartilhar:

Cada líder é único em suas características e, por isso mesmo, também são específicas as formas pelas quais ele ou ela deve buscar se aprimorar no exercício da liderança. Com base nesse princípio, o professor do Insead Ian Woodward, especialista em liderança e comunicação, afirma que é preciso se aprofundar no esforço de autoconhecimento para enfrentar o desafio de se tornar um líder melhor. Somente assim será possível explorar as forças internas que, consciente ou inconscientemente, são capazes de impulsionar ou bloquear as mudanças necessárias. 

“Uma maior consciência sobre os impulsionadores e bloqueadores contribuiu para a construção de um plano de ação de desenvolvimento da liderança”, escreve Woodward em artigo publicado no portal Knowledge. No texto, ele comenta alguns dos elementos centrais do livro Exploring Leadership Drivers and Blockers, que escreveu com Samah Shaffakat (professor da Liverpool Business School) e Vincent H. Dominé, também do Insead. 

**QUESTÕES ESSENCIAIS**

Com base em pesquisa acadêmica, prática de desenvolvimento executivo e estudos de campo, o livro inclui uma ferramenta que ajuda as pessoas a trazerem à tona tanto aspectos motivadores quanto obstáculos ao melhor desempenho da liderança. Segundo os autores, incluem visões de mundo, emoções, traços de personalidade, assim como valores e outros componentes que podem promover ou inviabilizar os esforços na direção da mudança. 

Woodward explica no artigo que o livro propõe um processo “sistemático e dinâmico” composto por 14 passos, que incluem algumas questões:

* Que tipo de líder você almeja ser?
* Qual objetivo específico de desenvolvimento você gostaria de alcançar para suportar essa visão de futuro?
* Que comportamentos específicos estão impedindo que você seja o líder que deseja ser e alcance seu objetivo de desenvolvimento?
* Pense no oposto radical a esses comportamentos. Que preocupações e medos você experimenta quando se imagina adotando comportamentos opostos?
* Quais emoções, sentimentos e pensamentos positivos você acredita que experimentará se alcançar seu objetivo?
* Que características ou vivências pessoais podem explicar por que você teria sentimentos positivos ou negativos?

“Esse tipo de processo é especialmente relevante para coaches e profissionais que atuam com o desenvolvimento de lideranças e que buscam ajudar os líderes a se aprofundar no autoconhecimento”, destaca o professor do Insead. As respostas a perguntas como as exemplificadas por Woodward são decisivas para identificar os impulsionadores e os bloqueadores.

Os impulsionadores são “pressupostos” e “forças” que dão às pessoas o ímpeto para agir. Os bloqueadores, por sua vez, são “pressupostos” e “forças” que se colocam no caminho da mudança, mesmo quando as pessoas, racionalmente, desejam adotar novos comportamentos. “Quando tentamos mudar, travamos uma guerra desconhecida, ou seja, essencialmente uma competição entre nosso consciente e nosso inconsciente”, destaca Woodward. 

O especialista chama a atenção para o fato de que se deve começar explorando os bloqueadores, pois eles traduzem descobertas profundas e são essenciais para que se defina o que deve ser confrontado pelo líder. Embora venham em segundo lugar na metodologia proposta no livro, os impulsionadores desempenham um papel decisivo quando se trata de implementar as ações que fazem parte do plano de desenvolvimento da liderança.

**PARTINDO PARA AÇÃO**

Ressaltando que a mudança é sempre difícil, o professor do Insead afirma que a visão que emerge da análise dos impulsionadores e dos bloqueadores abre caminho para um conjunto de ações amplo e prático. “Alavancar o nível de consciência para jogar luz sobre as forças psicológicas positivas e negativas aumenta significativamente as chances de sucesso”, escreve Woodward, para acrescentar, logo em seguida que esta deve ser uma das etapas de um “processo bem desenhado e integrado” de desenvolvimento de lideranças. 

“O desejo de se tornar um líder melhor, por mais forte que seja, raramente é suficiente para criar uma mudança duradoura, que se sustente ao longo do tempo”, diz o especialista. De acordo com ele, a pesquisa que conduziu com os dois colegas, envolvendo os impulsionadores e os bloqueadores, assim como a ferramenta proposta no livro, apontam para ações concretas que precisam ser implementadas e que são obrigatórias para a mudança sustentável. 

“O autoconhecimento é uma força transformadora. Promover os fatores impulsionadores e superar os bloqueadores pode fazer com que suas intenções de mudança se tornem realidade”, conclui Woodward.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)