Uncategorized

Tirar da cabeça e botar no papel: o impacto de definir um processo de vendas

Cofundador e CEO do Agendor

Compartilhar:

As metas direcionam, as ferramentas facilitam e o perfil dos vendedores conquista. Mas não basta uma empresa ter a melhor combinação desses fatores. Se não houver processos comerciais bem definidos, as vendas não deslancham. 

Um executivo ou um empreendedor normalmente enxerga com clareza as etapas necessárias para vender seu produto ou serviço. O processo, em geral, é compartilhado também com o gerente comercial. Frequentemente, no entanto, o fluxo de atividades não é claro para o vendedor, justamente quem está em contato com os clientes. Esse é um dos principais motivos que impedem as equipes de vendas de conquistar bons resultados.

Um levantamento anual elaborado pela consultoria _CSO Insights_ demonstra isso com clareza. Empresas que aliam um nível elevado de relacionamento com os clientes com a formalização do processo de vendas – documentando as etapas e acompanhando os resultados em cada uma delas – têm os melhores resultados. Nelas, mais de 60% dos vendedores superam as metas e a taxa de perda de negócios é de 27%. Quando os vendedores têm apenas habilidades básicas e as vendas acontecem em etapas aleatórias, as metas são superadas em 45% dos casos e a taxa de perda beira 40%. Mais de 900 companhias foram consultadas no estudo deste ano.

O que é processo de vendas?
—————————

Por processo de vendas, entenda as tarefas necessárias, em ordem cronológica, para que uma venda aconteça. É o caminho pelo qual um vendedor deve conduzir o cliente desde que ele toma conhecimento da empresa até o momento em que assina o contrato. Estabelecer essa trilha com começo, meio e fim que façam sentido é um desafio que exige estudo e dedicação, seja em pequenas empresas ou em grandes companhias.

Em algumas empresas, o processo envolve vendas que podem levar meses ou até anos para serem concretizadas. Com a ambiciosa meta de abrir uma nova unidade por mês em 2019, a AlphaGraphics Brasil, franqueadora da rede americana de gráficas digitais, por exemplo, precisou formalizar as etapas de negociação de uma franquia. Foram meses de testes e planejamento, e um resultado imediato: o ganho de agilidade, que permitiu dobrar a quantidade de potenciais investidores contatados a cada mês.

Em outras organizações, o produto é bem concreto: no caso da Stampare, uma confecção do interior de São Paulo, camisas sociais, polos e camisetas corporativas. Lá, estabelecer as etapas do processo comercial serviu para encurtar o ciclo de vendas (de 40 para 28 dias), com o claro objetivo de acelerar a retomada dos níveis de faturamento pré-crise econômica, o que conseguiu em 2018.

Implementar um processo de vendas pode ser uma tarefa mais simples se três aspectos forem considerados:

### As etapas precisam ficar claras para todo mundo

Algumas empresas elaboram processos de vendas com até nove etapas. Outras enxergam apenas apenas quatro passos. Não importa. O necessário é fazer dos quatro ou nove passos algo tangível. As pessoas precisam saber o que fazer de cada vez, para que identifiquem as etapas já cumpridas e as que estão pendentes. Uma maneira de facilitar o entendimento é dar forma visual ao processo. Um gráfico ou um fluxograma podem ajudar se estiverem expostos na sala de reuniões, por exemplo. Aos poucos, as etapas estarão tão bem assimiladas que os vendedores saberão os próximos passos sem ter de consultar o gráfico.

### A equipe de vendas precisa de acompanhamento

É necessário acompanhar diariamente como os vendedores estão se relacionando com os clientes para assegurar que eles avancem mais um degrau. O gerenciamento da equipe de vendas envolve repassar os acontecimentos do dia anterior, de modo a identificar as abordagens vencedoras e, principalmente, quais foram os motivos da perda de negócios.

### O desempenho das vendas deve ser monitorado

Vendedores profissionais reconhecem a importância de observar com atenção os dados gerados pelas equipes comerciais. Quantas ligações são necessárias para fechar um negócio com clientes de determinado setor? Quanto tempo de intervalo entre uma visita e a próxima dá mais resultado? Insistir no contato após determinado período ajuda ou atrapalha? Por isso, é recomendável registrar o desenrolar de cada etapa do fluxo de vendas. Essas informações podem ser usadas de maneira estratégica para ajustar o processo – que, é importante ressaltar, não deve ser estático, e sim dinâmico.

Processos comerciais mantidos apenas na cabeça devem ser rapidamente transferidos para o papel e compartilhados tanto quanto possível com todos os envolvidos. As vendas agradecem.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura
Inteligência artificial e gestão, Estratégia e Execução, Transformação Digital, Gestão de pessoas
29 de julho de 2025
Adotar IA deixou de ser uma aposta e se tornou urgência competitiva - mas transformar intenção em prática exige bem mais do que ambição.

Vitor Maciel

3 minutos min de leitura
Carreira, Aprendizado, Desenvolvimento pessoal, Lifelong learning, Pessoas, Sociedade
27 de julho de 2025
"Tudo parecia perfeito… até que deixou de ser."

Lilian Cruz

5 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
28 de julho de 2025
A ascensão dos conselheiros de IA levanta uma pergunta incômoda: quem de fato está tomando as decisões?

Marcelo Murilo

8 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Liderança
25 de julho de 2025
Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Bruno Padredi

2 minutos min de leitura
Desenvolvimento pessoal, Carreira, Carreira, Desenvolvimento pessoal
23 de julho de 2025
Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas - e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Rubens Pimentel

4 minutos min de leitura
Pessoas, Cultura organizacional, Gestão de pessoas, Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de Pessoas
23 de julho de 2025
Entre idades, estilos e velocidades, o que parece distância pode virar aprendizado. Quando escuta substitui julgamento e curiosidade toma o lugar da resistência, as gerações não competem - colaboram. É nessa troca sincera que nasce o que importa: respeito, inovação e crescimento mútuo.

Ricardo Pessoa

5 minutos min de leitura
Liderança, Marketing e vendas
22 de julho de 2025
Em um mercado saturado de soluções, o que diferencia é a história que você conta - e vive. Quando marcas e líderes investem em narrativas genuínas, construídas com propósito e coerência, não só geram valor: criam conexões reais. E nesse jogo, reputação vale mais que visibilidade.

Anna Luísa Beserra

5 minutos min de leitura
Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura