Uncategorized

Skill gaps e o novo mercado de comunicação mundial

Rafael Martins é cofundador e CEO da empresa Share, especializada em educação para o mercado de comunicação e marketing, além de consultor, professor e palestrante.

Compartilhar:

Você certamente já ouviu falar em “skill gap”, a lacuna de habilidades. É um dos termos mais buscados no Google mundialmente, segundo dados do Google Trends. Do que talvez não se dê conta é que também você deve estar sofrendo desse mal; todos estamos. Trata-se de um fenômeno que assola a maioria dos profissionais nos dias atuais, mas eu arrisco dizer que, em especial, os do mercado de comunicação. 

Sabemos que a tecnologia gerou um grande impacto no mercado de mídia, entretenimento e na publicidade. Trouxe novas ferramentas, novas mídias e novos comportamentos do consumidor, hoje, hiperconectado e ultra-informado. Nesse cenário, para um publicitário não basta apenas saber os padrões de mídia ou a largura e altura de outdoor, pois este é apenas um dos formatos possíveis. Semanalmente temos vários formatos nascendo no Facebook, Instagram, LinkedIn e nas outras diversas redes sociais disponíveis para marcas. 

E esta variedade de opções não se dá apenas em opções de mídia, conteúdo, métricas, ferramentas, mas em tudo que a tecnologia trouxe para o mercado de comunicação – a tecnologia cresce de forma exponencial e parece que está tudo bem. 

Porém tem o fator humano. A tecnologia cresce de forma exponencial, mas as pessoas não aprendem de forma exponencial e sim de forma linear. Isso faz com que nós criemos, diariamente, gaps de aprendizado. Imagine um carro azul que anda diariamente a 100 km/h e um vermelho que anda a 30 km/h; o azul é a tecnologia e o vermelho os profissionais do mercado. Em apenas um dia, estamos a 70km/h de distância de acompanhar tudo que a tecnologia pode nos oferecer. E o que acontece se, no meio disso, alguns carros vermelhos resolvem ir para uma rua, os azuis para outra e os caminhões, representando os clientes, para uma terceira? Esse é mais ou menos o mercado de comunicação atual. Qual das ruas você deve tomar? Qual vai fazê-lo chegar mais rápido aonde precisa chegar?

O que você pode fazer para combater a desatualização profissional e não ficar para trás? O que as pessoas estão fazendo hoje é consumir conhecimento técnico e específico de diversas fontes, a todo momento, em diversas plataformas de educação, não convencionais, desestruturadas (e, por vezes também, não qualificadas). Buscam, para isso, novos modelos de aprendizado, como as formações rápidas, online, do tipo nanodegree, que prometem dar a base de que os profissionais precisam, reconhecidas por gigantes da tecnologia como Google, Facebook e Hubspot. Isso basta? A resposta, a meu ver, é não. Não basta e tem efeitos colaterais, como se vê nos problemas de saúde que muitos profissionais vêm enfrentando, por conta da ansiedade derivada da sensação de estar sempre desatualizado.

Para preencher o skill gap de modo permanente, é necessário adquirir conhecimentos profundos, formação mesmo, e também conhecimentos laterais, que ajudem o profissional a entender o novo cenário complexo da comunicação. Então, o mais importante de tudo para o profissional de comunicação hoje é desenvolver a habilidade de fazer curadoria das fontes de conhecimentos profundos e laterais, ou seja, a capacidade de encontrar e filtrar fontes confiáveis que ajudem a estudar o necessário sobre as tecnologias, os modelos de negócio das redes sociais e as tendências em torno disso. Acredite: isso é muito mais importante para lidar com seu skill gap do que se preocupar em saber usar ferramentas. Afinal, amanhã, essas ferramentas podem nem ser mais usadas. 

![](https://paco-dev.s3.amazonaws.com/uploads/862b20d7-1bf6-4c6a-ab74-4232b789f4f8.jpeg)

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura