Espaço lifelong learning

Tapa na cara

O lamentável episódio do Oscar – seja da piada infeliz de Chris Rock, seja da reação violenta de Will Smith – nos mostra como só temos sido data-driven para confirmar nossas opiniões
Jornalista com ampla experiência nas áreas de negócios, inovação e tecnologia. Especializado em produção de conteúdo para veículos de mídia, branded content e gestão de projetos multiplataforma (online, impresso e eventos). Vencedor dos prêmios Citi Journalistic Excellence Award e Editora Globo de Jornalismo. Também é gerente de conteúdo da HSM Management.

Compartilhar:

O tapa cinematográfico (com o perdão do trocadilho) na cerimônia do Oscar rendeu todo o tipo de análise psicológica e cultural nas redes sociais, incluindo as infelizes listas de aprendizados para o mundo corporativo. Nas caixas de comentários, #teamwillsmith e #teamchrisrock protagonizaram a esperada rinha virtual sobre limites do humor e liberdade de expressão. Como esperado, a polarização de opiniões não deixou espaço para qualquer tipo de análise subjetiva. Mais uma prova do preocupante empobrecimento das diversas esferas do debate público.

Em vez de abrir possibilidades, perguntas e discussões, o volume de informações que temos à disposição vem se afunilando em uma série interminável de becos sem saída. Somos data-driven apenas na hora de confirmar o que já acreditamos. Certo ou errado. Sucesso ou fracasso. Em algum lugar do caminho, perdemos boa parte da nossa capacidade de ponderação. Escolher um lado é fácil. Difícil é furar a bolha e se abrir para a perspectiva do outro – o cliente, o chefe, o funcionário, o amigo, o comediante que faz uma piada de gosto duvidoso ou o ator que tem um rompante ao vivo na frente de milhões de pessoas.

Opiniões são moldadas a partir de pactos que fazemos com nossos valores internos e com os contextos ao nosso redor. Chegar a diferentes conclusões sobre um assunto não é apenas saudável: é a prova de que temas complexos estão sendo tratados com a profundidade que merecem. Falta de empatia e certezas absolutas limitam nosso potencial como indivíduos e como sociedade. No caso das empresas, geram prejuízo. Os desdobramentos incluem crises de imagem, fuga de talentos, abandono de clientes e experiências de usuário desastrosas em plataformas de tecnologia.

Em uma leitura cirúrgica do mundo moderno, Zygmunt Bauman, um dos mais importantes filósofos de nossos tempos, destacou a liquidez e a fluidez das relações humanas. Tudo muda, tudo passa. É sobre isso – e tá tudo bem. Nesse cenário de permanente incerteza, enxergar o mundo pelos olhos de outras pessoas será essencial para manter o mínimo de sanidade mental, coerência e consistência em nossas opiniões e decisões. Seja pelo ponto de vista de quem toma ou de quem leva o tapa.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Relacionamentos geram resultados

Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

José Blatazar S. Osório de Andrade Guerra, professor e coordenador na Unisul, fundador e líder do Centro de Desenvolvimento Sustentável (Greens, Unisul)

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Felipe Knijnik, diretor da BioPulse

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025
O PIX ABRIU PORTAS QUE ABRIRÃO MAIS PORTAS!

Carlos Netto, fundador e CEO da Matera

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

João Carlos da Silva Bizario e Gulherme Collin Soárez, respectivamente CMAO e CEO da Inspirali Educação.

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura