User Experience, UX
9 min de leitura

UX como vetor de inovação: o papel do design na transformação digital

Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP

A GEP é uma empresa global de referência em tecnologia e consultoria para procurement e supply chain. A companhia apoia grandes organizações na transformação de suas operações e gestão de gastos por meio de soluções inovadoras e digitais. Com diversas soluções em plataformas, como a GEP Costdriver, Smart e Quantum, a GEP impulsiona eficiência, inovação e vantagem competitiva nas operações de seus clientes através de soluções digitais práticas.
Senior UX Designer na GEP Worldwide, onde transforma desafios técnicos complexos em experiências digitais centradas nas pessoas. Combinando pesquisa qualitativa, análise de dados e mapeamento de jornadas, atua na validação de hipóteses e na construção de soluções que geram valor real para o negócio.

Compartilhar:

Vivemos uma era de transformações digitais constantes. Tecnologias emergentes evoluem rapidamente, com atualizações quase em tempo real, o que intensifica debates sobre o futuro do trabalho, a automação e os limites da inteligência artificial.

Diante de discursos muitas vezes polarizados, começa a ganhar força uma visão mais equilibrada: a de que a IA não veio para substituir o ser humano, mas para ampliar suas capacidades, funcionando como uma tecnologia que potencializa habilidades humanas (um enabler).

Nesse cenário, já é possível afirmar que estamos adentrando a quinta revolução industrial, ou indústria 5.0. Em vez de substituir a Indústria 4.0, este novo paradigma surge como uma camada complementar, focada na colaboração homem-máquina, sustentabilidade e bem-estar coletivo

O pesquisador Shivam Pandey, da University of Bergen (Noruega) define bem esse novo momento: “A indústria 5.0 constrói sobre os avanços tecnológicos de suas predecessoras com ênfase adicional na colaboração homem-máquina, sustentabilidade e bem-estar social.” O ser humano, nesse contexto, deixa de ser apenas um consumidor e passa a ocupar o centro do processo de inovação.


Experiência do usuário como motor de inovação

Essa abordagem se conecta diretamente com os princípios do design centrado no ser humano, essência da disciplina de UX. Ao adotar esse mindset como diretriz estratégica, empresas se tornam mais conscientes em suas decisões, mais assertivas em suas entregas e mais sustentáveis em seus impactos.

No ambiente organizacional, o UX atua como facilitador de diálogo entre tecnologia, negócios e pessoas. Mais do que operacional, o trabalho de UX ganha valor estratégico ao transformar dados e percepções em decisões bem informadas.

Recentemente, implementamos na equipe da GEP um programa de Sponsor Users, inspirado no modelo da IBM. Essa iniciativa conecta usuários-chave diretamente ao time de produto durante todo o ciclo de desenvolvimento.

Esse contato contínuo gera uma riqueza de aprendizados:
● feedbacks detalhados,
● nuances de uso,
● linguagem autêntica,
● prioridades reais do dia a dia.

São elementos que dificilmente surgiriam em métodos puramente quantitativos. A combinação entre dados qualitativos e quantitativos fortalece a construção de soluções mais contextualizadas e eficazes. Além disso, quando quem desenvolve a tecnologia escuta diretamente quem a utilizará, há ganho em empatia e senso de pertencimento (ownership). O resultado é um produto mais próximo da realidade e uma equipe mais engajada com o impacto que gera.

A Nielsen Norman Group reforça esse papel estratégico em uma de suas publicações: “This evolution means that the unique value we bring as UX professionals is shifting decidedly toward strategic thinking and leadership. While AI can execute tasks, it cannot independently understand the complex human and organizational contexts in which our work exists.”

Mesmo em um cenário cada vez mais automatizado, a atuação humana permanece insubstituível, especialmente pela capacidade de compreender contextos e liderar com objetividade.

De soluções técnicas a experiências que fazem sentido

Os ganhos do design centrado no usuário vão além da funcionalidade. O verdadeiro diferencial surge quando as equipes aprendem a interpretar feedbacks com empatia e iterar com foco no propósito. Isso torna a organização mais ágil, colaborativa e resiliente.

No setor de tecnologia — onde escalabilidade e rapidez são essenciais — o UX torna-se ainda mais relevante.
Projetos guiados apenas por viabilidade técnica ou restrições de recurso podem até ser eficientes, mas nem sempre são eficazes. O design centrado nas pessoas garante que o problema certo esteja sendo resolvido, com soluções que fazem sentido para quem realmente importa: o usuário.

Essa abordagem amplia o entendimento dos desafios ao incorporar também os aspectos sociais, emocionais e práticos do uso. Como consequência, reduz riscos, evita retrabalho e impede que produtos “funcionais” cheguem ao mercado sem resolver as dores reais do cliente.

Design como catalisador da transformação digital

O UX oferece um caminho claro para a mudança de cultura: estabelece o ser humano no centro da estratégia e conecta inovação à realidade das pessoas. Não é apenas implementar novas tecnologias, mas antes de tudo, adotar uma nova mentalidade.

Segundo a própria Nielsen Norman Group “user experience is about creating value by focusing on people’s needs, not just business goals”. Na era da indústria 5.0, essa visão de priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância: o design centrado no ser humano é, hoje, o caminho mais sólido para uma inovação com impacto real. Se sua organização ainda enxerga o UX apenas como uma etapa de entrega, talvez seja hora de ampliar o olhar.

Incorporar o design como parte da estratégia não é opcional. É essencial para quem busca relevância, agilidade e impacto em um mundo cada vez mais conectado às necessidades humanas.


LEIA MAIS SOBRE O TEMA:

  1. Pandey, S. (2024). Focus of Industry 5.0. University of Bergen. Disponível em: ResearchGate
  2. IBM Design. (n.d.). Sponsor User Program Overview. Disponível em: IBM Design
  3. Nielsen Norman Group. (n.d.). User Experience Defined. Disponível em: NN/g
  4. Nielsen Norman Group. (2024). What Happens to UX Jobs with AI? Disponível em: NN/g
  5. BEHERA, Bibhu Santosh. Industry 5.0 – The future of industrial automation. International Journal of Management, Technology, and Social Sciences (IJMTS), v. 5, n. 2, p. 71–77, 2020. DOI: 10.5281/zenodo.4311577. Disponível em: ResearchGate.
  6. EUROPEAN COMMISSION. Industry 5.0: Towards a sustainable, human-centric and resilient European industry. Brussels: Directorate-General for Research and Innovation, 2021. Disponível em: European Commission PDF.

Compartilhar:

GEP

A GEP é uma empresa global de referência em tecnologia e consultoria para procurement e supply chain. A companhia apoia grandes organizações na transformação de suas operações e gestão de gastos por meio de soluções inovadoras e digitais. Com diversas soluções em plataformas, como a GEP Costdriver, Smart e Quantum, a GEP impulsiona eficiência, inovação e vantagem competitiva nas operações de seus clientes através de soluções digitais práticas.

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura