Estratégia e Execução

Você ainda se refere ao seu RH como RH Estratégico?

Te convido a se reconectar com a estratégia do negócio e a repensar o seu modelo de atuação
Michele Martins é mulher, mãe de dois e líder de negócio que, por acaso, tem uma paixão incorrigível pela área de gente. Psicóloga e especialista em gestão de pessoas pela UFRGS, com quase 20 anos de experiência e passagens por empresas como Grupo RBS e NSC Comunicação, ThoughtWorks e ArcTouch. Líder por paixão e agilista de coração. Atualmente vice-presidente de gente e gestão da Neoway e co-fundadora da DisRHupt, uma jornada de desenvolvimento para profissionais de RH liderarem negócios.

Compartilhar:

Começo este artigo fazendo uma provocação, abordando o tema pela sua desconstrução: RH Estratégico, para mim, não existe. Estratégia existe apenas uma, a do negócio. O trabalho de todos é fazer a estratégia do negócio acontecer.

Se as suas ações são o desdobramento de uma parte da estratégia, ou se elas viabilizam a sua execução, mitigando gargalos e acelerando alavancas de crescimento e resultado, você está sendo estratégico. Não crie uma estratégia paralela no ímpeto de ter uma para chamar de sua, apenas garanta que tudo o que você faz está intrinsecamente conectado à estratégia do negócio.

RH Estratégico é uma (auto)afirmação do que deveria ser básico e generalizado, e me leva a pensar em uma redundância desnecessária, quase um pleonasmo. Eu não acredito em RH Estratégico, porque eu não acredito em uma prática de recursos humanos que não seja estratégica. Se há algo no seu RH que não é considerado estratégico, está na hora de você rever o que está no seu escopo.

## O RH entrega valor para o negócio

Esse, no entanto, não é um assunto novo. O RH reivindica o subtítulo de estratégico há bastante tempo. Por sua vez, não é de hoje que os negócios vêm demandando um RH mais próximo da estratégia. O que eu leio desse (mais comum do que gostaríamos) desencontro de expectativas, é que de um lado há um pedido de reconhecimento, e de outro um pedido de posicionamento. Ambos justos, diga-se de passagem.

Mas, ora, o encontro tão desejado só pode acontecer em um terceiro lugar, num lugar de entrega de valor para o negócio. E por isso eu gosto de tirar o termo RH Estratégico da frente, porque ele pode nos levar a pensar que o RH tem uma estratégia própria e a afastar a nossa atuação da execução da estratégia do negócio. Tenho certeza de que todo mundo já ouviu as expressões “isso é coisa do RH”, ou “isso é papo de RH”, e ainda, a variação que vem acompanhada daquela típica virada de olhos “ih, lá vem o RH”.

Esses são os sinais do RH Estratégico ensimesmado na sua própria estratégia. O RH que faz benchmark e volta para a empresa querendo aplicar o projeto, porque é a última tendência no mercado e a empresa não pode ficar de fora. Ou quer fazer o projeto para figurar nos rankings e ganhar o prêmio de melhores práticas de RH.

## O RH é transdisciplinar

Certa vez, eu ouvi a frase: “Se você precisa da sua empresa para se desenvolver, você é um profissional do passado.” Nesse contexto o RH é obsoleto, certo? Errado. O RH é muito mais do que desenvolvimento. Mais do que seleção, remuneração, [people analytics](https://www.revistahsm.com.br/post/people-analytics-ajuda-a-reter-jovens-talentos), cultura, engajamento, ou qualquer outro subsistema. É muito mais do que o grande projeto do ano, do que “o-melhor-programa-dos-últimos-tempos-da-última-semana”, ou da contratação da consultoria top das galáxias.

O RH é transdisciplinar. Transita no marketing, no comercial, na produção, no financeiro, nas equipes de projetos, de desenvolvimento de software, e em qualquer área da empresa. Ele não participa da reunião quando tem assunto de RH. Ele faz parte da reunião. Ele não é área de apoio, ele é parte do negócio. Ele não é convidado para a mesa de decisão. Ele é dono de um lugar na mesa de decisão. E note quanto de reconhecimento e posicionamento é necessário para podermos ocupar e pertencer a esse lugar.

O termo parceiro de negócios, HR business partner, foi criado para diferenciar dentro do RH um papel que deveria ser o de todos – e não só o do RH, inclusive. Porque ser um parceiro de negócio é um modelo mental, não um cargo. O profissional, especialista no que for, em seleção, em desenvolvimento, em remuneração, seja da área de RH ou não, precisa se considerar um parceiro do negócio. E indo além, mais do que parceiros, acredito que devemos ser líderes de negócio, líderes que, com outros líderes, compõem o time que impulsiona o resultado da empresa.

O RH é o líder que lê os problemas do negócio e entrega soluções com a sua expertise em gente. Trazer para a mesa os interesses do negócio e o interesse das pessoas, e ter a certeza de que quando este encontro acontece, estamos entregando a nossa própria razão de existir. É uma relação ganha-ganha, em que o indivíduo ganha, se desenvolvendo e [sendo reconhecido](https://www.revistahsm.com.br/post/como-promover-o-reconhecimento-de-colaboradores-em-meio-ao-trabalho-hibrido), e a empresa ganha, porque colhe a entrega deste indivíduo desafiado e realizado em forma de resultado, a única relação possível.

Afinal, é preciso dominar a estratégia e o modelo de negócio, falar a língua do negócio, conhecer seus números, seu mercado, seu momento, desafios e oportunidades. Mas no final, é tudo sobre pessoas.

*Gostou do artigo da Michele Martins? Confira conteúdos semelhantes assinando nossas [newsletters](https://www.revistahsm.com.br/newsletter) e escutando nossos [podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts) em sua plataforma de streaming favorita.*

Compartilhar:

Artigos relacionados

Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

José Blatazar S. Osório de Andrade Guerra, professor e coordenador na Unisul, fundador e líder do Centro de Desenvolvimento Sustentável (Greens, Unisul)

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Felipe Knijnik, diretor da BioPulse

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025
O PIX ABRIU PORTAS QUE ABRIRÃO MAIS PORTAS!

Carlos Netto, fundador e CEO da Matera

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

João Carlos da Silva Bizario e Gulherme Collin Soárez, respectivamente CMAO e CEO da Inspirali Educação.

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura