Empreendedorismo
6 min de leitura

O suave é mais forte que o forte: o que as empresas japonesas nos ensinam sobre longevidade, compaixão e legado

33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.
__Poliana Abreu__ é Diretora de conteúdo da HSM e SingularityU Brazil. Graduada em relações internacionais e com MBA em gestão de negócios, se especializou em ESG, cultura organizacional e liderança. Tem mais de 12 anos no mercado de educação executiva. É mãe da Clara, apaixonada por conhecer e viver em culturas diferentes e compra mais livros do que consegue ler.

Compartilhar:

“A água é suave, mas corrói a pedra. A compaixão é leve, mas sustenta o mundo.” – Sabedoria oriental.

No Japão, mais de 33 mil empresas têm mais de 100 anos de existência. E não é coincidência. Esse fenômeno, conhecido como shinise (empresas centenárias), nos convida a refletir: por que algumas organizações conseguem atravessar séculos enquanto outras não sobrevivem a uma década?

A resposta pode estar em uma sabedoria sutil, porém poderosa: o suave é mais forte que o forte.

Compaixão como estratégia de longevidade

Durante o ATD 2025, o especialista japonês Tadahiro Wakasugi apresentou um olhar transformador sobre o papel da compaixão nas organizações. Para ele, a compaixão — frequentemente mal compreendida como um traço frágil — é, na verdade, uma competência estratégica que sustenta a longevidade empresarial.

Essa compaixão se manifesta em três direções:

  • Para dentro: no cuidado com os colaboradores
  • Para fora: no respeito profundo pelos clientes
  • Para além: no compromisso com a sociedade

Empresas que sobrevivem gerações não são aquelas que exploram pessoas ou recursos até o limite. São aquelas que nutrem vínculos duradouros, criam ambientes saudáveis e pensam no impacto que deixarão para as futuras gerações.

Kokorozashi: paixão, propósito e impacto social

Outro conceito essencial da cultura empresarial japonesa é o Kokorozashi, que pode ser traduzido como:

“Uma missão pessoal que une paixão e talento para gerar impacto positivo na sociedade.”

Quando profissionais — e empresas — operam a partir desse lugar, movem-se por algo maior do que metas trimestrais. Criam legados. Inspiram pessoas. E naturalmente, duram mais.

Segundo um estudo da Globis, líderes que refletem sobre seu legado contribuem até 45% mais para a sociedade. Isso porque, ao conectar propósito e impacto, sua atuação ganha profundidade, consistência e humanidade.

Por que líderes ainda têm medo da compaixão?

Apesar dos benefícios evidentes, muitos líderes ainda resistem à ideia de incorporar compaixão em sua prática diária. Isso acontece porque, durante muito tempo, fomos ensinados a ver a liderança como um exercício de controle, autoridade e performance impessoal.

Mas os tempos mudaram.

Hoje, os desafios que enfrentamos — como a saúde mental nas empresas, a transição ecológica e a crise de confiança nas instituições — exigem lideranças mais humanas, adaptáveis e conscientes. Lideranças que compreendam que ouvir, acolher e cuidar não são sinais de fraqueza, mas de coragem e visão sistêmica.

O futuro pertence aos suaves

As empresas do futuro não serão apenas inovadoras. Serão gentis. Não apenas lucrativas. Mas significativas.

E talvez, ao olharmos para o Japão, estejamos reencontrando aquilo que sempre esteve ao nosso alcance: a consciência de que a força verdadeira nasce da leveza, da escuta e da compaixão.

Compartilhar:

__Poliana Abreu__ é Diretora de conteúdo da HSM e SingularityU Brazil. Graduada em relações internacionais e com MBA em gestão de negócios, se especializou em ESG, cultura organizacional e liderança. Tem mais de 12 anos no mercado de educação executiva. É mãe da Clara, apaixonada por conhecer e viver em culturas diferentes e compra mais livros do que consegue ler.

Artigos relacionados

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Lifelong learning
19 de dezembro de 2025
Reaprender não é um luxo - é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Isabela Corrêa - Cofundadora da People Strat

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
18 de dezembro de 2025
Como a presença invisível da IA traz ganhos enormes de eficiência, mas também um risco de confiarmos em sistemas que ainda cometem erros e "alucinações"?

Rodrigo Cerveira - CMO da Vórtx e Cofundador do Strategy Studio

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de dezembro de 2025
Discurso de ownership transfere o peso do sucesso e do fracasso ao colaborador, sem oferecer as condições adequadas de estrutura, escuta e suporte emocional.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
16 de dezembro de 2025
A economia prateada deixou de ser nicho e se tornou força estratégica: consumidores 50+ movimentam trilhões e exigem experiências centradas em respeito, confiança e personalização.

Eric Garmes é CEO da Paschoalotto

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de dezembro de 2025
Este artigo traz insights de um estudo global da Sodexo Brasil e fala sobre o poder de engajamento que traz a hospitalidade corporativa e como a falta dela pode impactar financeiramente empresas no mundo todo.

Hamilton Quirino - Vice-presidente de Operações da Sodexo

2 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
12 de dezembro de 2025
Inclusão não é pauta social, é estratégia: entender a neurodiversidade como valor competitivo transforma culturas, impulsiona inovação e constrói empresas mais humanas e sustentáveis.

Marcelo Vitoriano - CEO da Specialisterne Brasil

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
11 de dezembro de 2025
Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.

Daniel Skowronsky - Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company

3 minutos min de leitura
Estratégia
10 de dezembro de 2025
Da Coreia à Inglaterra, da China ao Brasil. Como políticas públicas de design moldam competitividade, inovação e identidade econômica.

Rodrigo Magnago - CEO da RMagnago

17 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança