Desenvolvimento pessoal

Como os líderes inspiram? O código

Uma pesquisa da consultoria Bain identificou 33 atributos distintos e tangíveis que são estatisticamente relevantes quando se trata de despertar inspiração

Compartilhar:

O que transforma um líder em uma figura inspiradora? Quando uma empresa responde a essa pergunta, ela encontra uma arma poderosa para aumentar sua vantagem competitiva. Times inspirados são duas vezes mais produtivos do que times só satisfeitos, segundo uma pesquisa da consultoria Bain realizada em parceria com a Economist Intelligence Unit. E gente inspirada é que faz as coisas acontecerem. 

Barbara Kellerman, diretora-executiva e fundadora do Centro de Liderança Pública da Harvard Kennedy School, observa que ainda “há poucas contribuições originais sobre como deveria ser o aprendizado de líderes na segunda década do século 21”. Mas Mark Horwitch, do escritório da Bain em Denver, EUA, e Meredith Whipple 

Callahan, ex-Bain e hoje na consultoria Bridge-water, sugerem, em um paper, um método de mensuração rigoroso que avalie não só a habilidade de inspirar de uma pessoa, como sua capacidade de desenvolver essa habilidade nos outros.

Com base em pesquisas realizadas pela Bain com funcionários e clientes selecionados, de 2013 para cá, Horwitch e Callahan propõem uma abordagem analítica para definir, mensurar e desenvolver habilidades inspiracionais. Eles norteiam seu estudo por três questões-chave:

* Quais são as características pessoais relevantes quando se trata de inspirar outras pessoas?
* Quantos comportamentos inspiradores uma pessoa deve demonstrar para inspirar as demais, e quais são mais potentes?
* Como podemos calibrar a força dessas características em um indivíduo?

Os dois entrevistaram colaboradores de todos os níveis e começaram pedindo a 2 mil funcionários da própria Bain que lhes dissessem em que medida se sentiam inspirados por seus colegas e a qual atributo deles atribuíam a inspiração. Para isso, fizeram uma lista de atributos, colhidos em diversas áreas do conhecimento – da neurologia à ciência da gestão passando pela sociologia. 

Com base nas respostas obtidas, e usando análise conjoint, Horwitch e Callahan identificaram 33 atributos estatisticamente relevantes quando se trata de deixar as pessoas inspiradas e os dividiram em quatro categorias. Assim, criaram o “Sistema Bain de Liderança Inspiracional”. Os consultores descobriram que basta alguém ter quatro desses atributos como pontos fortes e distintivos para tornar-se um indivíduo altamente inspirador. 

![](https://revista-hsm-public.s3.amazonaws.com/uploads/3a321442-58df-4663-9c54-b94b1c43aaee.png)

**1) Desenvolver em si recursos internos**

Tolerância ao estresse: lidar com ele de maneira positiva e construtiva. 

Autoestima: avaliar as próprias habilidades de maneira realista, mas confiante. 

Autoconsciência emocional: compreender suas emoções, as causas delas e seu impacto sobre os outros. 

Autoatualização: aprimorar-se continuamente, buscando significado pessoal. 

Flexibilidade: adaptar respostas a situações dinâmicas. 

Independência: preservar a convicção de que é importante traçar os próprios caminhos. 

Expressão emocional: expor abertamente os sentimentos. 

Otimismo: manter-se resiliente e positivo apesar dos desafios.

**2) Dar o tom**    

Visão de mundo: compreender e incorporar perspectivas diversas. 

Abertura: demonstrar curiosidade, criatividade e receptividade aos inputs. 

Compartilhamento da ambição: aderir à missão e aos princípios operacionais da organização. 

Coerência: mostrar integridade e consistência por meio de palavras e ações.  

Responsabilidade: engajar-se de maneira proativa, dando crédito pelo sucesso e assumindo a parcela de culpa pelos erros. 

Altruísmo: colocar as necessidades do time acima dos benefícios pessoais de curto prazo. 

Reconhecimento: mostrar apreciação pelos esforços e resultados dos demais. 

Equilíbrio: respeitar os limites dos relacionamentos dos outros e os compromissos fora do trabalho.

**3) Conectar-se com os outros**

Vitalidade: demonstrar paixão pelo trabalho e estimular os demais. 

Humildade: manter o ego em equilíbrio. 

Empatia: compreender e valorizar necessidades e sentimentos alheios. 

Desenvolvimento dos outros: ajudar os outros a avançar. 

Escuta: ouvir com atenção os comentários, sentimentos e as ideias das pessoas. 

Assertividade: defen­der seu ponto de vista honesta e diretamente. 

Expressividade: transmitir ideias e emoções de modo claro e atraente.

Senso de comunidade: compartilhar interesses e atividades.

**4) Liderar o time**

Foco: orientar a equipe rumo ao conjunto mais relevante de resultados. 

Visão: criar um objetivo atraente que gere confiança e encoraje o engajamento. 

Orientação: estabelecer o grupo apropriado e as expectativas individuais.

Harmonia: promover alinhamento e solucionar conflitos.

Empoderamento: permitir e incentivar a liberdade de movimentos.

Cocriação: confiar no poder da colaboração para alcançar resultados melhores. 

Disposição de servir: investir nos talentos dos outros e alegrar-se quando obtêm sucesso. 

Patrocínio: comprometer-se a ajudar os outros a alcançar suas maiores aspirações na carreira.

**5) Centralidade**

Engajar a própria mente no ato de estar presente.

**A COMBINAÇÃO MAIS PODEROSA**

A centralidade foi considerada pelos participantes da pesquisa o atributo-chave, uma precondição para que os pontos fortes de uma pessoa impactem mesmo, quaisquer que sejam eles. Mas, entre as combinações, nenhuma é superior a outra. Qualquer combinação de quatro atributos funciona, desde que os quatro sejam facilmente percebidos – e, portanto, autênticos. Em outras palavras, as pessoas inspiradoras podem ser muito diferentes; não há um arquétipo fixo. 

Um indivíduo pode aumentar sua capacidade de liderança inspiracional? Sim. Basta que busque a excelência em pontos fortes que já possua e converta as fraquezas em características neutras, pouco percebidas pelos outros. Segundo Horwitch e Callahan, indivíduos com um ponto forte distintivo já dobram suas probabilidades de serem pessoas inspiradoras. E, quanto mais desses pontos fortes tiverem, mais vão inspirar. 

No Sistema Bain de Liderança Inspiracional, as pessoas descobrem seus atributos e combinações por meio de reflexões estruturadas, ligadas a processos de feedback 360 graus e autoavaliações. Na Bain, cada funcionário escolhe quatro ou cinco atributos com os quais se identifica, entre os 32 existentes (a centralidade fica fora da conta). Então, ele (ou ela) faz desses atributos sua marca de liderança inspiracional, dedicando-se a desenvolvê-los cada vez mais. 

Vale a pena o esforço. Segundo pesquisa Gallup, a chance de um funcionário se comprometer com uma liderança inspiracional é de 73%, mas, sem isso, cai para 9%. Está esperando o quê?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Todo ano é de aprendizado, mas 2025 foi ainda mais

Crédito caro, políticas públicas em transição, crise dos caminhões e riscos globais expuseram fragilidades e forçaram a indústria automotiva brasileira a rever expectativas, estratégias e modelos de negócio em 2025

ESG
30 de dezembro de 2025
No dia 31 de dezembro de 2025 acaba o prazo para adesão voluntária às normas IFRS S1 e S2. Se sua empresa ainda acha que tem tempo, cuidado: 2026 não vai esperar. ESG deixou de ser discurso - é regra do jogo, e quem não se mover agora ficará fora dele

Eliana Camejo - Conselheira de Administração pelo IBGC e Vice-presidente do Conselho de Administração da Sustentalli

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Aprendizado
30 de dezembro de 2025
Crédito caro, políticas públicas em transição, crise dos caminhões e riscos globais expuseram fragilidades e forçaram a indústria automotiva brasileira a rever expectativas, estratégias e modelos de negócio em 2025

Bruno de Oliveira - Jornalista e editor de negócios do site Automotive Business

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
29 de dezembro de 2025
Automação não é sobre substituir pessoas, mas sobre devolver tempo e propósito: eliminar tarefas repetitivas é a chave para engajamento, retenção e uma gestão mais estratégica.

Tiago Amor - CEO da Lecom

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
26 de dezembro de 2025
Reuniões não são sobre presença, mas sobre valor: preparo, escuta ativa e colaboração inteligente transformam encontros em espaços de decisão e reconhecimento profissional.

Jacque Resch - Sócia-diretora da RESCH RH

3 minutos min de leitura
Carreira
25 de dezembro de 2025
HSM Management faz cinco pedidos natalinos em nome dos gestores das empresas brasileiras, considerando o que é essencial e o que é tendência

Adriana Salles Gomes é cofundadora de HSM Management.

3 min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde
24 de dezembro de 2025
Se sua agenda lotada é motivo de orgulho, cuidado: ela pode ser sinal de falta de estratégia. Em 2026, os CEOs que ousarem desacelerar serão os únicos capazes de enxergar além do ruído.

Bruno Padredi - CEO da B2B Match

2 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
23 de dezembro de 2025
Marcela Zaidem, especialista em cultura nas empresas, aponta cinco dicas para empreendedores que querem reduzir turnover e garantir equipes mais qualificadas

Marcela Zaidem, Fundadora da Cultura na Prática

5 minutos min de leitura
Uncategorized, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
22 de dezembro de 2025
Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo - mesmo acreditando que estão incluindo.

Carolina Ignarra - CEO da Talento Incluir

4 minutos min de leitura
Lifelong learning
19 de dezembro de 2025
Reaprender não é um luxo - é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Isabela Corrêa - Cofundadora da People Strat

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
18 de dezembro de 2025
Como a presença invisível da IA traz ganhos enormes de eficiência, mas também um risco de confiarmos em sistemas que ainda cometem erros e "alucinações"?

Rodrigo Cerveira - CMO da Vórtx e Cofundador do Strategy Studio

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança