Uncategorized

Humor, um remédio necessário

Pessoas mal-humoradas não devem ser contratadas; as que já estão no time precisam ser tratadas e, se não responderem bem, afastadas
Consultor especializado em mudança organizacional, é professor da Fundação Dom Cabral em áreas como desenvolvimento de pessoas e liderança e autor, entre outros livros, de Muito Além da Hierarquia.

Compartilhar:

Vivemos nas empresas um permanente tsunami. Como acreditamos em organizações sustentáveis, temos de ser competitivos no curto, no médio e no longo prazos e, se possível, eternidade adentro. 

Precisamos, então, nos concentrar em bater a meta do dia, a do mês, a do semestre, a do ano, reinventar processos, inovar produtos, gerenciar melhor os relacionamentos com clientes e fornecedores, e assim por diante. Nadar nesse tsunami vai deixando, na organização, feridas que recebem nomes diversos, como falta de engajamento, desconfiança, alto turnover, desalinhamento, feudos ou baixa sinergia –uma lista realmente longa. 

Nos dois artigos anteriores, falamos de remédios para a falta de engajamento e desconfiança, mas existe um só medicamento, normalmente subutilizado talvez, que previne e combate variados males: o bom humor. Estamos falando de pessoas bem-humoradas, que pensam e agem de forma positiva, construindo relacionamentos saudáveis, olhando para frente e não para trás, e tratando os problemas como parte do processo de cura das feridas. Esse remédio começa a ser aplicado no processo de recrutamento e seleção: tem de ser proibido contratar pessoas mal-humoradas. Pode parecer uma decisão cruel, mas o fato é que todo mal-humorado é uma pessoa infeliz, que, portanto, não tem motivos e, por não tê-los, fica à espera de que seu entorno os providencie. 

Quando um mal-humorado entra em um time organizacional, sua posição é sempre a mesma: “Já estou aqui, agora me motivem”. E, desnecessário dizer, ninguém consegue motivar uma pessoa que não tem os próprios motivos para estar naquele lugar –a não ser o motivo de receber o salário mensal. Como detectar mal-humorados em uma entrevista, circunstância em que geralmente se simula felicidade? Aprofunde os testes –dinâmicas de grupo para essa finalidade funcionam muito bem. 

E, se o diagnóstico for infelicidade, não admita o candidato, por melhores as competências que ele pareça ter. A aplicação do remédio também depende de diagnóstico das pessoas infelizes que já fazem parte do time organizacional. Não é o caso de demitir, mas o de tratar: ao detectar um infeliz, mande-o imediatamente para um médico especializado; várias doenças do humor são bem conhecidas, dominadas e tratáveis. 

Se o tratamento não tiver sucesso, significará que o mau humor é questão de personalidade, e aí a organização deve excluí-lo de seus quadros, sob pena de não curar os feridos do tsunami. Do outro lado, obviamente, as pessoas de natureza feliz devem ter reforço positivo; elas precisam de celebrações constantes. As celebrações cabem aos gestores, e o que observamos é que eles se esquecem de realizá-las ou as realizam apenas em momentos formais, o que, com certeza, não é o melhor caminho. 

O gestor deve, isso sim, dar motivos para as pessoas celebrarem até sozinhas seus feitos, mesmo os pequenos, desde que sejam inéditos. Saiba que os mal-humorados também celebram, a seu modo: reúnem-se para falar mal dos colegas motivados, dos chefes, da empresa. Celebre primeiro, gestor, ou sofrerá as consequências.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)