Vale Ocidental

A coragem para navegar a ambiguidade

Mais do que caracterizado pela incerteza, o futuro é definido pelo fato de não existir apenas uma única resposta certa. E isso nos pede ação e adaptação
__Ellen Kiss__ é empreendedora e consultora de inovação especializada em design thinking e transformação digital, com larga experiência no setor financeiro. Em agosto de 2022. após um período sabático, assumiu o posto de diretora do centro de excelência em design do Nubank.

Compartilhar:

O futuro nunca foi tão incerto. Estamos vivendo um período de mudanças cada vez mais rápidas. O mundo está complexo e confuso. A sociedade está dividida e polarizada. Nossa confiança nas instituições estão instáveis. A economia está em constante flutuação. Mudança é o novo normal, não somente no contexto coletivo, como no indvidual. Nossas vidas não seguem mais um caminho linear. Transições de carreira, imprevistos, layoffs, burnouts. Onde existia um único caminho a seguir, agora existem vários.

Porém, afirmar sobre a incerteza em relação ao futuro, implica em considerar que existe uma certeza ou uma verdade absoluta, o que é impossível. O futuro nunca foi certo. Sempre existiram variáveis desconhecidas, vagas, indeterminadas e passíveis de mudanças.

O “novo” futuro não é caracterizado pela incerteza, e sim pela ambiguidade, uma condição desconhecida em que o passado não é determinante. Nós não sabemos o que não sabemos. Na ambiguidade não existe uma única resposta certa e sim vários significados e níveis de interpretações. São situações que apresentam mais perguntas do que respostas, múltiplas possibilidades de escolha e indefinidos próximos passos.

Um projeto em Stanford identificou, por meio de metáforas, três padrões de comportamento adequados a esse contexto: (1) a tolerância para suportar a ambiguidade até que ela acabe, como uma neblina que ao dissolver permitisse visualizar com mais clareza; (2) o engajamento com a ambiguidade, como num salto de paraquedas em que o risco e a abertura ao novo pode levar a um caminho anteriormente inexplorado, e (3) a adoção ou inclusão da ambiguidade não como um obstáculo momentário, mas como campo de oportunidades, como estar perdido em uma floresta em busca de riquezas.

Enfrentar a ambiguidade em algum momento é fundamental na criação do novo. Além de reconhecer seu próprio padrão de comportamento é preciso aprender a navegar a ambiguidade, através da ação e da adaptação.

A ação requer coragem para fazer escolhas e não paralisar diante do medo. Cada nova abordagem de aprender e aplicar aumenta ativamente sua capacidade de agir, já que está ancorada na confiança gerada por experiências passadas.

Já a adaptação exige que uma resposta às mudanças de informações e contexto. Ao ser adaptável diante do desconhecido, você reconhece novas informações e desenvolve flexibilidade para responder proativamente. “A chave para a sobrevivência é saber que está perdido.” – autor desconhecido.

Artigo publicado na HSM Management nº 160.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)