Dossiê HSM

Ação social: foco no microcrédito

O pilar “S” do ESG depende muito de acesso a financiamentos. O microcrédito é uma ferramenta de inclusão financeira com impacto múltiplo e afim ao desenvolvimento sustentável
CFO do 99Jobs, cofundadora do Conselheiras 101, programa que visa a inclusão de mulheres negras em conselhos de administração, professora de finanças corporativas e coautora dos livros Mulheres nas Finanças e Mentores e suas Histórias. Executiva do mercado financeiro, foi subsecretária de empreendedorismo para micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo (2019-2020).

Compartilhar:

Quando falamos em desenvolvimento econômico no ambiente complexo em que vivemos, é preciso pensar em ações estruturantes, por parte dos governos, que melhorem o ambiente de negócios e possibilitem a geração de trabalho e renda com micro e pequenas empresas, as maiores geradoras de novos empregos no País.

O foco do setor público deve estar não só em desburocratizar, mas principalmente em prover políticas de fomento ao empreendedorismo e à economia solidária, com qualificação para aumento de produtividade; acesso ao mercado; fortalecimento dos arranjos produtivos locais; inclusão digital e, sobretudo, microcrédito.

O microcrédito é uma ferramenta de inclusão financeira com impacto múltiplo e afim ao desenvolvimento sustentável. É uma ferramenta financeira que gera impacto social, mesmo que indiretamente, pois não se resume a uma transferência de renda: permite o aumento de renda e condiciona a redução da vulnerabilidade exercendo um papel também social.

Aliado a outras iniciativas, o microcrédito pode compor o portfólio de ações de investimento social, fortalecendo as práticas ESG da organização. O pilar do social é muito mais que um modelo assistencialista focado em doações de recursos ou programas de voluntariado. Entre várias formas de atuação na área, duas merecem destaque – ações que diminuam as vulnerabilidades em comunidades no entorno e o cumprimento dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
Para minimizar essa “falha” do mercado, alguns fundos e programas foram criados para atender as empreendedoras:

## Microcrédito e mulheres
Os negócios criados por mulheres correspondem a 48,7% do mercado empreendedor nacional, segundo o GEM (sigla em inglês de monitor do empreendedorismo global). E as iniciativas que mais dão vigor à economia solidária são fundadas por mulheres. No entanto, são esses empreendimentos que apresentam maior dificuldade de acesso ao crédito. O impacto positivo do microcrédito no empreendedorismo feminino é mais do que comprovado, e há muitas iniciativas que servem de benchmarking para as empresas.

Uma iniciativa de 2020 é o fundo que o grupo Mulheres do Brasil lançou em 2021 e recebeu o apoio do BTG Pactual em 2021, chamado Dona de Mim, que concede empréstimos de R$ 3 mil para investimentos de microeempreendedoras individuais (MEIs). Além do crédito, a empreendedora também ganha um curso de qualificação e mentoria de voluntários. Com pouco tempo de existência, o fundo já chegou a mais de mil mulheres em 300 cidades do País.

## Microcrédito e inclusão digital
Existe uma avenida de oportunidades se cruzarmos o microcrédito com a área de tecnologia. Em nano, micro e pequenos empreendimentos, o microcrédito pode financiar a qualificação tecnológica e empreendedora de brasileiros, especialmente jovens – beneficiando cerca de 31 milhões de pessoas, contingente equivalente à população da região Sul. Segundo pesquisa da McKinsey de 2019, se esses 31 milhões viabilizarem uma ideia de negócio ou mesmo conseguirem emprego, isso pode acrescentar até US$ 70 bilhões ao PIB nacional.

O setor privado, sem dúvida, pode contribuir com tudo isso. Reforçar o papel das parcerias público-privadas é fundamental para promover a transformação social. A mudança só acontece quando é feita com a colaboração de vários atores.

__Leia mais: [Mudança climática, mudança nos negócios](https://www.revistahsm.com.br/post/mudanca-climatica-mudanca-nos-negocios)__

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tecnologia e inovação
15 de julho 2025
Em tempos de aceleração digital e inteligência artificial, este artigo propõe a literacia histórica como chave estratégica para líderes e organizações: compreender o passado torna-se essencial para interpretar o presente e construir futuros com profundidade, propósito e memória.

Anna Flávia Ribeiro

17 min de leitura
Inovação
15 de julho de 2025
Olhar para um MBA como perda de tempo é um ponto cego que tem gerado bastante eco ultimamente. Precisamos entender que, num mundo complexo, cada estudo constrói nossas perspectivas para os desafios cotidianos.

Frederike Mette e Paulo Robilloti

6 min de leitura
User Experience, UX
Na era da indústria 5.0, priorizar as necessidades das pessoas aos objetivos do negócio ganha ainda mais relevância

GEP Worldwide - Manoella Oliveira

9 min de leitura
Tecnologia e inovação, Empreendedorismo
Esse fio tem a ver com a combinação de ciências e humanidades, que aumenta nossa capacidade de compreender o mundo e de resolver os grandes desafios que ele nos impõe

CESAR - Eduardo Peixoto

6 min de leitura
Inovação
Cinco etapas, passo a passo, ajudam você a conseguir o capital para levar seu sonho adiante

Eline Casasola

4 min de leitura
Transformação Digital, Inteligência artificial e gestão
Foco no resultado na era da IA: agilidade como alavanca para a estratégia do negócio acelerada pelo uso da inteligência artificial.

Rafael Ferrari

12 min de leitura
Negociação
Em tempos de transformação acelerada, onde cenários mudam mais rápido do que as estratégias conseguem acompanhar, a negociação se tornou muito mais do que uma habilidade tática. Negociar, hoje, é um ato de consciência.

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Inclusão
Imagine estar ao lado de fora de uma casa com dezenas de portas, mas todas trancadas. Você tem as chaves certas — seu talento, sua formação, sua vontade de crescer — mas do outro lado, ninguém gira a maçaneta. É assim que muitas pessoas com deficiência se sentem ao tentar acessar o mercado de trabalho.

Carolina Ignarra

4 min de leitura
Saúde Mental
Desenvolver lideranças e ter ferramentas de suporte são dois dos melhores para caminhos para as empresas lidarem com o desafio que, agora, é também uma obrigação legal

Natalia Ubilla

4 min min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Cris Sabbag, COO da Talento Sênior, e Marcos Inocêncio, então vice-presidente da epharma, discutem o modelo de contratação “talent as a service”, que permite às empresas aproveitar as habilidades de gestores experientes

Coluna Talento Sênior

4 min de leitura