Automação não pode ser confundida com substituição de pessoas. Na realidade, é uma estratégia para liberar profissionais de tarefas repetitivas, operacionais e sem valor analítico. Com isso, ajuda a resgatar o valor percebido no próprio trabalho e reduz o risco de desmotivação, queda de engajamento e demissões voluntárias.
Um estudo da Talker Research para a Grammarly, com 2.000 profissionais nos EUA, revela que 62% das pessoas desejam automatizar tarefas rotineiras com apoio de IA. Esses profissionais lidam, em média, com 53 tarefas repetitivas por semana, incluindo preencher planilhas (34%), escrever e-mails (35%) e redigir atas (33%). Não por acaso, 44% afirmam odiar a parte repetitiva de seus trabalhos.
Outro estudo, conduzido pela Gallup em 2025, revelou que o engajamento global no trabalho caiu para apenas 21%, um dos níveis mais baixos já registrados. Isso custa US$ 438 bilhões por ano à economia mundial. Mas o impacto vai além do financeiro, já que processos ineficientes fazem com que bons profissionais saiam por desmotivação, saturação e falta de propósito.
É nesse cenário que a automação se torna essencial. RPA (automação robótica de processos), BPM (gerenciamento de processos de negócio) e IA já têm o potencial de automatizar até 70% do tempo gasto em tarefas operacionais, segundo a McKinsey. Não estamos falando apenas de melhorar processos, mas de devolver tempo e energia para as pessoas focarem no que realmente importa, tornando-se profissionais mais estratégicos para as organizações.
Essa mudança, porém, exige orquestração. A transição entre o modelo atual e um ambiente de trabalho mais inteligente demanda revisão de processos e uso adequado de tecnologia.
Como a automação de processos ajuda times a serem mais estratégicos
Automatizar significa redesenhar o processo de trabalho como um todo, mapeando o início, meio e fim de uma jornada operacional e identificando os pontos em que a intervenção humana não gera valor.
É preciso rever fluxos que ninguém questiona há anos porque “sempre foi assim”. Isso inclui revisar processos fragmentados, aprovações manuais, retrabalho por falhas de integração, controles em planilhas paralelas e fluxos de atendimento mal definidos. Ou seja, revisar tarefas que consomem muito tempo de times inteiros.
Nesse contexto, tecnologias como BPM ajudam a orquestrar processos de ponta a ponta; RPA executa tarefas repetitivas com precisão e rastreabilidade; e agentes de IA interpretam dados, geram respostas, tomam decisões baseadas em regras de negócio e auxiliam na personalização de interações.
Também é fundamental garantir que essas automações estejam integradas aos sistemas existentes, sejam eles legados ou modernos. Isso evita silos de informação e permite que os dados circulem entre áreas, promovendo visibilidade, agilidade e consistência nas entregas.
Portanto, quando bem aplicada, a automação deixa de ser um recurso isolado para se tornar parte estrutural da operação da empresa. Seu impacto é direto em indicadores como tempo de ciclo, custo por processo, qualidade da entrega e, acima de tudo, na satisfação das pessoas envolvidas.
Dito isso, as empresas que ignorarem essa transformação vão continuar perdendo talentos. Não por falta de salário ou benefícios, mas porque insistem em ocupar profissionais de alto potencial com tarefas que não agregam valor.
É um erro manter pessoas lidando com problemas que a tecnologia já consegue resolver sozinha. O time percebe que seu tempo está sendo desperdiçado, e começa a buscar lugares onde o trabalho faz mais sentido.
Nesse cenário, a automação passa a ser uma aliada da gestão de pessoas. Empresas que incorporam esse entendimento estão redesenhando seus processos e a experiência do trabalho. Elas entendem que eficiência não é apenas um ganho operacional, é um fator de retenção de talentos.




