Tecnologia e inovação

Automatização é trampolim para atuação estratégica do RH

Um terço dos gestores de RH ouvidos em uma pesquisa da Mereo aponta a falta de automatização como o maior de seus problemas
Athila Machado é cofundador da Mereo, HRTech focada em gestão de performance, talentos, reconhecimento e recompensa.

Compartilhar:

O gerenciamento de pessoas requer processos cada vez mais automatizados, padronizados e direcionados para uma cultura de resultados. Esse é um dos achados de uma pesquisa da Mereo, divulgada este ano, após ouvir 124 gestores no Brasil.

O levantamento buscou evidenciar o que realmente é essencial para gestores de RH, pois o que notamos hoje, de forma geral, é uma gama exagerada de projetos de diversas naturezas, mas sem rotina estruturada nem processos de automatização.

A pesquisa apontou que, para 32% dos profissionais, a maior necessidade na área é a de automatizar processos. Trata-se de um recurso fundamental para otimizar tarefas operacionais e, assim, focar em ações mais direcionadas dentro da organização.

Sem automatização, o processo é mecânico e repetitivo na maioria das vezes. Com automatização, o tempo que seria utilizado para atividades mais burocráticas é repassado, em parte, a máquinas e softwares, possibilitando aos profissionais do setor direcionarem a capacidade intelectual e criativa para algo estratégico.

![grafico1](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/5O9GH19isJL5BBr5XnuHXV/87cc06790fd4cb5294840bcb9aad501f/grafico1.png)

Dentre os diversos depoimentos relatados na pesquisa em relação à falta de automação dos processos, há afirmações como: “a empresa cresceu, e não automatizamos os processos”, “o processo é muito manual e passa por muitas pessoas, e é isso que queremos evitar”, “não conseguimos realizar a gestão de metas por falta de uma ferramenta”, “as informações são descentralizadas, o que não gera confiabilidade na apuração”, “não possuímos um sistema que integra a gestão, há grande esforço manual e descentralização de informações”, “temos um grande esforço manual para realizar a gestão e o acompanhamento de metas e indicadores”.

Ao analisarmos o comportamento das dores por segmento, notamos maior concentração nos segmentos de varejo (15%), construção civil (14%) e tecnologia (14%). Áreas como construção e tecnologia relatam que o crescimento ocorreu por haver tempo necessário para realizar a estruturação da automação dos processos. O interessante sobre a construção civil é que evidenciamos bons exemplos na implantação do modelo. Hoje, em nossa base de clientes, 21% são desse segmento.

![grafico2](//images.ctfassets.net/ucp6tw9r5u7d/4vjVJuOJhDvrkni9PhywAq/8568f4d3372d43737d572aa97d079185/grafico2.png)

Dentre os benefícios sobre o processo de automatização, o mais citado foi o de integração dos processos a fim de possibilitar uma visão mais ampla e estratégica na tomada de decisão. Há ganhos secundários, como maior confiabilidade com a organização de dados, minimização de erros e menor retrabalho com a checagem de informações.

A automatização dos processos passa por algumas fases essenciais, pois, muitas vezes, o gestor pode incorrer em uma automatização de itens que não foram bem dimensionados. Por isso, é fundamental mapear processos, visando identificar as desconexões e desenhar o processo ideal a ser automatizado. Deve-se também rodar o MVP (em português, produto mínimo viável) do processo, pois esse é o momento de testar o que será efetivamente automatizado. Em seguida, identifique em qual parte do processo é possível agregar tecnologia e desenvolver os gestores.

No chamado RH estratégico, toda a cadeia de valor pode ser automatizada, iniciando pelo processo de atração seguindo para contratação, desenvolvimento, engajamento, retenção e sucessão. Exemplo disso é o processo de desenvolvimento das pessoas, no qual a maioria das organizações desenvolve programas de avaliação de competências, que geram uma série de planos de desenvolvimento individual (PDI).

Trata-se de um processo fundamental para a empresa e para seus colaboradores, mas é demasiadamente trabalhoso se for executado de forma manual. A automatização por meio de softwares torna muito mais efetivo o processo de desenvolvimento das pessoas.

## O segundo maior desafio
A ausência de cultura de resultados foi apontada por 21% dos entrevistados como o segundo maior desafio dentro do setor. O assunto se refere ao quão alinhados estão todos os colaboradores com a estratégia da empresa.

Esse ponto define basicamente a cultura por resultados, pois os desdobramentos dessas estratégias, em tese, definem o que deve ser acompanhado e corrigido no decorrer de um ano. Isso é importante porque direciona todos os integrantes da organização em direção a um resultado, permitindo assim o alinhamento dos esforços.

A implementação de uma cultura de resultados passa, basicamente, por três etapas: 1) definição da lógica de cultura de sua empresa (visão, missão e valores); 2) elaboração de um sistema de comunicação eficiente; e 3) trabalho na forma de adesão da cultura.

Algumas citações dos entrevistados em relação à cultura de resultados foram: “falta de transparência em relação ao cálculo e gestão de bônus”, “estamos passando de uma cultura de resultados tradicional e centralizada para uma cultura participativa”, “não temos uma cultura de avaliações e desenvolvimento de nossos colaboradores”, “estamos focando em gestão de desempenho e cultura, vamos reestruturar a área para atuação”, “estamos começando agora o processo de gestão das metas”, “já possuímos todas as metas desenhadas, mas temos dificuldades em realizar o acompanhamento”.

## O terceiro maior desafio
Registrado por 18% dos profissionais, o terceiro maior gap é a falta de padronização, ou seja, falta de estruturação das metodologias dos processos de RH. Para manter os resultados, é necessário criar uma rotina daquilo que deu certo, ou seja, padronizar parte do estudo do processo, priorizando as rotinas, padronizando, treinando e mediando resultados, assim como efetuando a correção de desvios. Toda inovação, depois de sua idealização, precisa ser mantida. A manutenção desses resultados se dá, justamente, com a padronização.

Outros fatores foram apontados como problemáticos pelos gestores, entre eles a ausência de metodologia e metas (12%), falta de ferramentas de gestão (11,2%) e avaliação de competências pouco estruturadas (1,6%). Fato é que, em um período histórico no qual o tempo é tão valioso, a automatização nos processos é um instrumento que precisa, cada vez mais, caminhar ao lado de gestores e organizações.

Como conclusão, os achados da pesquisa indicam que implantar tecnologia onde não há forte cultura por resultados não produz indicadores satisfatórios. A tecnologia, por si só, traz enormes ganhos para a gestão, mas a cultura por resultados é a que muda o modelo mental das pessoas.

São elas que são efetivamente responsáveis pelos frutos. A padronização vem com a cultura apoiada pela tecnologia e, por consequência, a perenização da gestão.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o corpo pede pausa e o negócio pede pressa

Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão – e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura
Estratégia, Marketing & growth
28 de novembro de 2025
De um caos no trânsito na Filadélfia à consolidação como código cultural no Brasil, a Black Friday evoluiu de liquidação para estratégia, transformando descontos em inteligência de precificação e redefinindo a relação entre consumo, margem e reputação

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de novembro de 2025
A pergunta “O que você vai ser quando crescer?” parece ingênua, mas carrega uma armadilha: a ilusão de que há um único futuro esperando por nós. Essa mesma armadilha ronda o setor automotivo. Afinal, que futuros essa indústria, uma das mais maduras do mundo, está disposta a imaginar para si?

Marcello Bressan, PhD, futurista, professor e pesquisador do NIX - Laboratório de Design de Narrativas, Imaginação e Experiências do CESAR

4 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
26 de novembro de 2025
Parar para refletir e agir são forças complementares, não conflitantes

Jose Augusto Moura - CEO da brsa

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
25 de novembro de 2025

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom Tecnologia

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, ESG
24 de novembro de 2025
Quando tratado como ferramenta estratégica, o orçamento deixa de ser controle e passa a ser cultura: um instrumento de alinhamento, aprendizado e coerência entre propósito, capital e execução.

Dárcio Zarpellon - Chief Financial Officer na Hypofarma

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
22 de novembro de 2025
Antes dos agentes, antes da IA. A camada do pensamento analógico

Rodrigo Magnano - CEO da RMagnano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Cultura organizacional
21 de novembro de 2025
O RH deixou de ser apenas operacional e se tornou estratégico - desmistificar ideias sobre cultura, engajamento e processos é essencial para transformar gestão de pessoas em vantagem competitiva.

Giovanna Gregori Pinto - Executiva de RH e fundadora da People Leap

3 minutos min de leitura
Inteligência Artificial, Liderança
20 de novembro de 2025
Na era da inteligência artificial, a verdadeira transformação digital começa pela cultura: liderar com consciência é o novo imperativo para empresas que querem unir tecnologia, propósito e humanidade.

Valéria Oliveira - Especialista em desenvolvimento de líderes e gestão da cultura

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
19 de novembro de 2025
Construir uma cultura organizacional autêntica é papel estratégico do RH, que deve traduzir propósito em práticas reais, alinhadas à estratégia e vividas no dia a dia por líderes e equipes.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança