Direto ao ponto

Cenoura ou chicote?

Se você está em dúvida do que funciona melhor para atingir metas ESG, saiba que, para A PWC, bônus para executivos definem essa prioridade

Compartilhar:

A pressão para que empresas estabeleçam metas ESG é cada vez maior e vem de diversos lados: concorrentes, investidores e consumidores. Mas se o chicote é uma realidade, a cenoura ainda é uma estratégia questionada. Faz sentido vincular a remuneração de executivos a metas ESG?

O mundo corporativo está cada vez mais suscetível à pressão crescente para abraçar o conceito de “se dar bem fazendo o bem”. As conquistas de sustentabilidade já são levadas em conta junto com os indicadores-chave de desempenho (KPIs) tradicionais. Isso pode, em parte, servir para melhorar reputações, mas há evidências crescentes de que a sustentabilidade tem um impacto positivo nos resultados financeiros e no valor para os acionistas.

Hoje, quase metade das empresas FTSE 100 (as 100 maiores companhias com ações em bolsa do Reino Unido) já começou a introduzir metas ESG em pacotes de remuneração executiva, segundo pesquisa da London Business School com a PwC. E já é seguro dizer que, para se manter competitiva, relevante e respeitada – externa e internamente –, uma empresa deve estabelecer uma agenda ESG, independentemente de qual for seu setor ou seu país. Afinal, pesquisa global da Willis Towers Watson informa que mais de três quartos dos membros do conselho e executivos seniores concordam que o forte desempenho em ESG contribui muito para o desempenho financeiro das empresas.

O que fazer? Incluir métricas ESG em pacotes de remuneração de executivos é uma maneira tangível de fechar a lacuna entre o dizer e o fazer para um público cético – inclusive para os reguladores que avaliam se bancos, gestores de ativos e seguradoras levam as mudanças climáticas a sério, como escrevem os consultores da PwC UK Phillippa O’Connor, Lawrence Harris e Tom Gosling.

Isso, no entanto, tem seus desafios. Primeiramente, se a meta for errada ou inócua, o incentivo será distorcido. Por exemplo, um banco confuso se concentra na redução de sua própria pegada de carbono em vez de mudar sua abordagem para financiar empresas que emitem carbono, o que, combinado com a política de bônus executivos, teria muito mais impacto. A pesquisa mostra ainda que incentivar metas pró-sociais pode minar a motivação intrínseca. Ou focar um aspecto estreito da questão ESG (por exemplo, diversidade do conselho) pode desviar a atenção do objetivo mais amplo (uma cultura inclusiva).

Associar a remuneração a metas ESG pode ajudar a direcionar os CEOs a realizar atividades que beneficiem a sociedade, que eles não fariam sem o incentivo? Pode. Mas a ideia é que o pagamento siga a estratégia em vez de conduzi-la. Os fatores ESG devem ser integrados à estratégia, antes de tudo. Aí sim vinculá-los ao pagamento dos executivos será uma etapa natural do processo de mobilizar todos por um novo conjunto de prioridades.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura
Empreendedorismo
Embora talvez estejamos longe de ver essa habilidade presente nos currículos formais, é ela que faz líderes conscientes e empreendedores inquietos

Lilian Cruz

3 min de leitura
Marketing Business Driven
Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas

Rafael Mayrink

3 min de leitura
Empreendedorismo
Falta de governança, nepotismo e desvios: como as empresas familiares repetem os erros da vilã de 'Vale Tudo'

Sergio Simões

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Já notou que estamos tendo estas sensações, mesmo no aumento da produção?

Leandro Mattos

7 min de leitura
Empreendedorismo
Fragilidades de gestão às vezes ficam silenciosas durante crescimentos, mas acabam impedindo um potencial escondido.

Bruno Padredi

5 min de leitura
Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura