Gestão de Pessoas

Cinco estratégias para aprimorar a escuta ativa – essencial no mercado

Em um mundo acelerado e com a agenda cheia, parar todas as atividades e ouvir podem ser tarefas difíceis de encaixar na rotina agitada e ocupada. Mas é fundamental que o mercado corporativo reconheça e valorize a importância da escuta ativa
Marcelo dos Santos é VP responsável por pessoas e serviços na Iteris. Graduado em ciências da computação com mestrado em inteligência artificial pela Mackenzie.

Compartilhar:

Quantas reuniões online você faz em média durante uma semana? E dessas reuniões, quantas você de fato participa? Quando digo isso, refiro-me a estar totalmente focado no que está sendo dito naquele momento, sem se distrair navegando entre as janelas abertas ou respondendo e-mails ou uma mensagem no Teams.

Com o trabalho remoto, em que o número de reuniões online aumentou exponencialmente, não é raro ver pessoas aproveitando reuniões para executar outras tarefas. Mas o que pode ser visto como um profissional multitasking, também pode ser visto como alguém que não se conecta verdadeiramente com as pessoas e entende as necessidades delas. Afinal, o mercado corporativo é feito por pessoas.

E nesse mundo acelerado dos negócios, há uma habilidade valiosa que muitas vezes passa despercebida, mas que pode fazer toda a diferença no ambiente corporativo: a escuta ativa. Ir além das palavras e compreender os verdadeiros sentimentos e necessidades das pessoas, seja colaborador ou cliente, é essencial para o sucesso de qualquer organização.

## As pessoas querem ser ouvidas
Quando ocupamos uma cadeira de liderança e a gestão de pessoas passa a fazer parte da nossa rotina, saber ouvir está diretamente relacionado a sua capacidade de liderar e influenciar pessoas. Um verdadeiro líder não é apenas aquele que comanda, mas aquele que escuta, o que faz da escuta ativa uma das principais características de um líder eficaz. Ao abrir espaço para a opinião e contribuição dos membros da equipe, o líder cria um ambiente de respeito, confiança e empatia.

Mas entendo que criar um ambiente confortável e seguro, na prática, pode não ser tão simples. Atire a primeira pedra quem nunca escutou expressões como: “mas quando foi isso?”, “mas fulano não é capaz de fazer isso”, “me diga o dia e a hora exata em que isso aconteceu?”. Essas interjeições que, à primeira vista parecem simples questionamentos e que são ditos naturalmente, podem contribuir para a construção de uma barreira entre as pessoas. Uma pessoa que só queria ser ouvida pode sair com a impressão de que tudo o que foi dito foi posto à prova a cada momento.

Isso porque a nossa ansiedade em responder acaba se sobrepondo ao nosso papel de interlocutor, e uma situação, que poderia ser uma oportunidade de conexão, acaba se tornando motivo de afastamento pela forma que recebemos e nos comportamos em relação à mensagem.

Uma conversa no trabalho pode ser o momento que o líder tem para entender as preocupações, os desafios e as ideias dos colaboradores, o que contribui para a tomada de decisões mais informadas e inclusivas. E quando os líderes demonstram interesse genuíno nas questões de sua equipe, eles se tornam mais acessíveis e inspiram maior engajamento e motivação.

Entendo que em um mundo acelerado e com a agenda cheia, parar todas as atividades e ouvir podem ser tarefas difíceis de encaixar na rotina. Mas saiba que aprimorar a escuta ativa requer prática e dedicação. Pensando nisso, separei cinco estratégias úteis, que incluem:

1. __Crie um espaço seguro:__ encoraje a abertura e a honestidade, demonstrando respeito pelas opiniões dos outros.
2. __Seja atencioso:__ dê total atenção ao interlocutor, evitando distrações e mostrando interesse genuíno.
3. __Valide sentimentos:__ reconheça as emoções expressas e demonstre empatia.
4. __Faça perguntas esclarecedoras, mas sem descredibilizar:__ para obter uma compreensão mais profunda, questione o que foi dito de forma respeitosa.
5. __Evite interrupções e pré-julgamentos:__ permita que a pessoa termine de falar antes de responder e evite tirar conclusões precipitadas.

## A escuta ativa vai além da gestão de pessoas
Nas relações com os clientes, a escuta ativa é a chave para estabelecer conexões significativas e duradouras. Ao ouvir atentamente as necessidades e desejos dos clientes, as empresas podem personalizar seus produtos e serviços para atender às expectativas do mercado. Quando os clientes se sentem ouvidos e compreendidos, eles se tornam mais fiéis à marca e até mesmo promotores espontâneos de seus produtos.

A tecnologia tem o poder de conectar pessoas, da mesma forma que consegue distanciá-las. Por isso, em um mundo cada vez mais conectado, a habilidade de ouvir emerge como um diferencial essencial para líderes e profissionais de sucesso. Ao permitir uma compreensão mais profunda das necessidades e sentimentos das pessoas, a escuta ativa cria um ambiente de respeito, confiança e empatia, fundamentais para o crescimento e sucesso de qualquer organização.

Portanto, é fundamental que o mercado corporativo reconheça e valorize a importância da escuta ativa. Investir na capacitação dos líderes e colaboradores para aprimorar essa habilidade é um investimento que trará retorno para além do financeiro, com o desenvolvimento de um ambiente de trabalho mais colaborativo, inclusivo e humano.

A escuta ativa é uma habilidade valiosa que deve ser cultivada e incorporada ao dia a dia das pessoas, pois é através dela que se constrói uma cultura organizacional mais sólida, relações interpessoais mais significativas e o sucesso sustentável no mundo corporativo em constante evolução.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando o colaborador é o problema

Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura – às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
18 de agosto de 2025
O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Bruno Pedra, Gerente de estratégia de marca na Blip

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de agosto de 2025
Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas - como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas - e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Carol Zatorre, sócia e CO-CEO da Kyvo. Antropóloga e coordenadora regional do Epic Latin America

4 minutos min de leitura
Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar

Por José Augusto Moura, CEO da brsa

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
14 de agosto de 2025
Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas - e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Por Carolina Ignarra, CEO da Talento Incluir e Larissa Alves, Coordenadora de Empregabilidade da Talento Incluir

5 minutos min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas, Estratégia
13 de agosto de 2025
Lideranças que ainda tratam o tema como secundário estão perdendo talentos, produtividade e reputação.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

2 minutos min de leitura
Gestão de Pessoas, Carreira, Desenvolvimento pessoal, Estratégia
12 de agosto de 2025
O novo desenho do trabalho para organizações que buscam sustentabilidade, agilidade e inclusão geracional

Cris Sabbag - Sócia, COO e Principal Research da Talento Sênior

5 minutos min de leitura
Liderança, Gestão de Pessoas, Lifelong learning
11 de agosto de 2025
Liderar hoje exige mais do que estratégia - exige repertório. É preciso parar e refletir sobre o novo papel das lideranças em um mundo diverso, veloz e hiperconectado. O que você tem feito para acompanhar essa transformação?

Bruno Padredi

3 minutos min de leitura
Diversidade, Estratégia, Gestão de Pessoas
8 de agosto de 2025
Já parou pra pensar se a diversidade na sua empresa é prática ou só discurso? Ser uma empresa plural é mais do que levantar a bandeira da representatividade - é estratégia para inovar, crescer e transformar.

Natalia Ubilla

5 minutos min de leitura
ESG, Cultura organizacional, Inovação
6 de agosto de 2025
Inovar exige enxergar além do óbvio - e é aí que a diversidade se torna protagonista. A B&Partners.co transformou esse conceito em estratégia, conectando inclusão, cultura organizacional e metas globais e impactou 17 empresas da network!

Dilma Campos, Gisele Rosa e Gustavo Alonso Pereira

9 minutos min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas, Liderança, Marketing
5 de agosto de 2025
No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real - e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Cristiano Zanetta

6 minutos min de leitura