ESG
4 min de leitura

Cinco passos para se adequar à Lei de Saúde Mental 

Diretora de RH na Paschoalotto.

Compartilhar:

Passa conhecimento

Nós últimos anos fomos impactados por grandes mudanças, a pandemia, o excesso de digitalização e informação, mudanças climáticas e globais, todos este contexto volátil e incerto contribuiu para que tivéssemos um aumento de doenças mentais.

Vivemos em um mundo BANI, conceito criado por Jamais Cascio, que significa Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso)  Nonlinear (Não Linear) e Incomprehensible(Incompreensível), este contexto de medo e inseguranças, contribuiu para aumento de doenças como burnout, ansiedade, esgotamento emocional e depressão.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde) 1 em cada 8 pessoas no mundo vive com algum transtorno mental, no Brasil aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de transtornos de ansiedade, o que representa cerca de 18,6 milhões de pessoas. Um estudo realizado pela Ipsos em 2024 revelou que 45% dos entrevistados no Brasil relataram sofrer de ansiedade, com maior incidência entre mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%). 

Com a sanção da Lei nº 14.831, cuidar do bem-estar emocional dos colaboradores deixou de ser um diferencial e tornou-se uma obrigação. Os impactos sociais e financeiros são elevados, em 2024, o Brasil registrou um aumento significativo nos afastamentos laborais devido a transtornos mentais e comportamentais. Dados do Ministério da Previdência Social indicam que mais de 400 mil trabalhadores foram afastados por essas condições, representando um crescimento de 67% em relação a 2023, quando foram registrados 283,3 mil afastamentos.

Essa legislação, além de impor diretrizes, nos convoca a repensar a cultura organizacional, transformando espaços de trabalho em ambientes verdadeiramente saudáveis. Mas, como iniciar essa jornada de mudança? A seguir, apresento alguns passos essenciais para que as empresas se adequem a essa nova realidade:

Diagnóstico e mapeamento do ambiente
Antes de implementar qualquer medida, é imprescindível compreender profundamente o cenário atual. Realizar um diagnóstico detalhado, identificando fatores de risco, pontos de estresse e oportunidades de melhoria, permite que a organização trace um plano de ação alinhado às reais necessidades de seus colaboradores. Essa etapa é fundamental para criar estratégias que realmente promovam o equilíbrio e a saúde emocional.

Capacitação de lideranças e o Cuidar de quem cuida
As lideranças são o elo entre as demandas estratégicas da empresa e o bem-estar da equipe. Investir na capacitação de gestores para reconhecer sinais de sobrecarga e esgotamento é crucial. Líderes preparados não só adotam uma postura empática, mas também atuam como agentes de mudança, criando um ambiente que estimula o diálogo e o suporte mútuo.

As lideranças precisam também ser acolhidas já quem são elas quem cuidam dos times. Estimular grupos de escuta e conexão, promover autoconhecimento e autopercepção e incentivar práticas terapêuticas as lideranças também é fundamental.

Implementação de políticas de prevenção e suporte
É preciso ir além das soluções paliativas. Desenvolver e integrar políticas que ofereçam suporte psicológico, programas de prevenção e iniciativas que promovam conscientização e escuta deve ser parte integrante da estratégia corporativa. Essas medidas podem incluir desde parcerias com profissionais da área até a criação de programas internos que incentivem práticas de autocuidado e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Adoção de práticas humanizadas e flexíveis
Repensar processos e rotinas é um passo vital para a transformação. Isso significa revisar jornadas de trabalho, adotar modelos mais flexíveis, garantir conexões transparentes entre os times. Bem como fortalecer comportamentos de escuta e um olhar empático para o indivíduo podem contribuir para mitigar os impactos e criar uma cultura de bem-estar.

Monitoramento contínuo e feedback constante
A transformação não é um evento isolado, mas um processo contínuo. Estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliação permite identificar o impacto das medidas implementadas e ajustar estratégias conforme necessário. Incentivar um ambiente onde o feedback é valorizado fortalecer a comunicação interna e assegura que as políticas de saúde mental evoluam junto com as necessidades da equipe.

Esses passos vão além do cumprimento de uma obrigação legal; eles representam um compromisso genuíno com o valor humano. Investir em saúde mental é investir na resiliência, na inovação e no sucesso sustentável da organização. Em um mercado cada vez mais competitivo, a transformação cultural que coloca o bem-estar dos colaboradores no centro das estratégias não é apenas uma tendência, mas uma necessidade.

A pergunta que permanece é: a saúde mental é pauta de sua agenda? Como sua organização discute este tema? Quais ações você irá implementar para promover bem estar a suas pessoas?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Vivemos a reinvenção do CEO?

Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Preparando-se para a liderança na Era da personalização

Liderar hoje exige muito mais do que seguir um currículo pré-formatado. O que faz sentido para um executivo pode não ressoar em nada para outro. A forma como aprendemos precisa acompanhar a velocidade das mudanças, os contextos individuais e a maturidade de cada trajetória profissional. Chegou a hora de parar de esperar por soluções genéricas – e começar a desenhar, com propósito, o que realmente nos prepara para liderar.

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura