Liderança, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 minutos min de leitura

Da ansiedade à consciência

Como a prática da meditação transformou minha forma de viver e liderar
José Augusto Moura iniciou sua trajetória empreendedora em 2000, ao fundar a Comuni Marketing. Em 2009, liderou a fusão com a Valence Imagem Corporativa, criando a BRSA - Branding and Sale, onde atua como CEO há mais de 16 anos, conduzindo projetos estratégicos para posicionar marcas B2B no mercado e gerar crescimento sustentável. Ao longo da carreira, também integrou e liderou conselhos de organizações ligadas à inovação e empreendedorismo, como a Unicamp Ventures, onde foi presidente entre 2018 e 2020. e a ProVerde Processos Sustentáveis, da qual fez parte como membro do conselho consultivo de 2023 até 2025.

Compartilhar:

Se me dissessem, há 20 anos, que a chave para uma liderança mais equilibrada e inspiradora não estava em cursos de gestão, mas em uma mudança interna profunda, eu teria dúvidas. Mas foi exatamente isso que a meditação me mostrou.

Sempre fui uma pessoa ansiosa, daquelas que ruminam pensamentos incessantemente. Essa característica, intensificada pelas responsabilidades do mundo empresarial, me levou a buscar ferramentas para lidar com o estresse. Foi assim que, há mais ou menos uma década, a meditação entrou na minha vida, transformando a forma como vejo o mundo e de liderar. 

Da reatividade à gestão consciente

A meditação me ensinou que não somos nossos pensamentos e emoções, apesar de acreditarmos nisso. Não é porque eu pense ou sinta algo, que automaticamente isso seja verdade. Aprendi a questionar meus pensamentos, a olhar o fato por outras perspectivas. Nesse caminho, compreendi que somos uma existência consciente, cuja natureza é a paz, o equilíbrio. Durante a meditação, ao me conectar com essa essência, consigo observar meus pensamentos (e portanto concluir que não sou meus pensamentos) e tento não me identificar com eles. Quando levanto da almofada e trago esse exercício para o dia a dia, posso responder aos desafios com mais clareza e serenidade.

Com o tempo, percebi que essa mudança de perspectiva teve um impacto profundo no meu papel de líder. Antes, eu me deixava levar pelas pressões diárias, reagindo impulsivamente aos problemas e transmitindo ansiedade para a equipe. Hoje, na maioria das vezes, consigo manter a calma em situações de crise, tomar decisões mais racionais e inspirar mais confiança. Afinal, quando um líder se desespera, a equipe reflete essa ansiedade. Mas, ao manter a calma e focar no que pode ser feito, ele inspira confiança e equilíbrio em toda a organização.

Da teoria à prática: como a meditação trouxe resultados efetivos durante uma crise

Esse pensamento foi crucial durante uma crise que tivemos em 2018, quando a empresa ficou quase sem caixa e acumulou dívidas. Se me deixasse dominar pela ansiedade, poderia ter tomado decisões precipitadas, priorizando soluções imediatas sem avaliar os impactos a longo prazo. Mas foquei em manter a calma, analisar as possibilidades com clareza e agir de forma estratégica. A ideia era resolver o que estava sob meu controle e conduzir a equipe da melhor forma para superar o desafio. Percebi meu processo de decisão mais consciente e equilibrado. A análise de cada situação foi mais racional, considerando diferentes perspectivas e evitando reações impulsivas. 

O impacto dessa mudança na gestão também se refletiu no bem-estar das pessoas. Ainda em 2018, e sob os efeitos da crise, começamos a trabalhar para criar um ambiente organizacional mais saudável, onde os colaboradores se sentem valorizados e reconhecidos. Como resultado, passamos a ter altos índices de satisfação interna (eNPS) e conquistamos sete certificações GPTW consecutivas desde então. Esses reconhecimentos não surgem por acaso, são fruto de uma cultura empresarial que prioriza o equilíbrio entre performance e qualidade de vida – e acabaram refletindo no índice de satisfação de nossos clientes (CSat e NPS), mas isso é tema para outro artigo…

Como promover uma gestão mais consciente na prática?

Acredito que uma gestão consciente vai além das palavras e se traduz em ações concretas que promovem o bem-estar dos colaboradores. Para isso, é essencial criar um ambiente onde todos se sintam valorizados e apoiados. Compartilho algumas iniciativas que fazem a diferença:

· Flexibilidade: Modelos híbridos ou remotos permitem melhor conciliação entre vida pessoal e profissional.
· Reconhecimento: Valorizar conquistas individuais e coletivas fortalece o engajamento.
· Comunicação: Canais abertos e transparentes estimulam diálogo e feedback.
· Saúde mental: Acesso a apoio psicológico e ações de conscientização.

Ao adotar essas práticas, reforçamos que uma gestão equilibrada não se trata apenas de resultados, mas de construir uma cultura organizacional mais humana e sustentável.

Não tenha medo: liderança consciente não é passividade. É um diferencial competitivo!

Em um mercado cada vez mais complexo, este modelo de gestão se torna um diferencial competitivo. Empresas que equilibram a valorização das pessoas com a busca por resultados superam desafios, atraem e retém talentos e constroem um futuro mais equilibrado e sustentável.

Se você se interessou e quer incorporar a meditação em sua vida pessoal ou profissional, me avise. Vai ser um prazer te ajudar nessa transformação!

Compartilhar:

Artigos relacionados

Como superar o desafio da inovação com ambientes ainda informais?

Em um mercado onde donos centralizam decisões de P&D sem métricas críveis e diretores ignoram o design como ferramenta estratégica, Leme revela o paradoxo que trava nosso potencial: executivos querem inovar, mas faltam-lhes os frameworks mínimos para transformar criatividade em riqueza. Sua fala é um alerta para quem acredita que prêmios de design são conquistas isoladas – na verdade, eles são sintomas de ecossistemas maduros de inovação, nos quais o Brasil ainda patina.

Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura