Comunidades: CEOs do Amanhã, Saúde mental

Em busca da felicidade corporativa

Como o bem-estar pode ser uma estratégia para reconhecer o empenho dos colaboradores e, com isso, acelerar negócios
Consultor, palestrante e terapeuta. Formado em psicologia pela Naropa University, viajou por 44 países, estudando em muitos destes. Foi para o Butão estudar felicidade, se tornando o primeiro brasileiro a estudar na faculdade do país. Ex-tenista profissional, busca o equilíbrio entre consciência e alta performance.

Compartilhar:

Depressão e ansiedade aumentam todos os anos em todo o mundo, e um dos grandes fatores por trás dessa epidemia é a falta de senso de propósito. Muitas pessoas têm, felizmente, despertado para essa questão, o que pode ser comprovado por meio do movimento das novas gerações.

Se os millennials já buscavam propósito em suas rotinas, a geração Z está debruçada sobre o tema diariamente. De certa forma, as redes sociais aceleram esse processo de busca pelo propósito ao possibilitar “acesso” a vidas luxuosas que são expostas, mas que criam a ilusão de que a vida de alguns é perfeita – e é essa narrativa que reforça a crença (errônea) de que dinheiro traz felicidade.

## Felicidade significa mais dinheiro?
Dados pré-pandemia demonstraram que mais e mais pessoas têm saído da linha da pobreza. Nos últimos 20 anos, cerca de 135 mil pessoas ultrapassaram esta linha por dia. Chegamos, então, a quase 9% da população mundial passando fome, um dado inaceitável se encaramos as condições de produção, financeiras e tecnológicas existentes hoje.

E por que isso nos interessa? Porque muitos dos jovens dessa nova geração não viram seus pais passarem necessidades extremas ou pelos desafios de viver em tempos de guerras mundiais. Com isso, tomam como certo [a estabilidade financeira e desejam cada vez mais](https://www.revistahsm.com.br/post/a-maior-oportunidade-de-toda-uma-geracao). Mas o que seria esse “mais”? Se não despertaram para uma realidade que transcende a definição de sucesso padrão, este “mais” significa apenas “mais dinheiro”. Caso já tenham despertado, buscam ser mais felizes.

As igrejas perderam força, assim como a família, e o grande culto passa a ser o trabalho. Por uma vontade inerente ao ser humano de não assumir responsabilidade, nós, jovens, temos, em sua maioria, jogado para as empresas a responsabilidade de nos fazer felizes. Contudo, existe um ponto positivo nisso: muitos jovens passaram a entender que suas necessidades básicas foram cumpridas (como defende Maslow) e que agora precisam de mais, precisam ir além, e vão [em busca de sua felicidade](https://www.revistahsm.com.br/post/a-felicidade-nao-e-corporativa-e-do-individuo-mas).

## Felicidade mora em você
É aqui que entra o propósito, que nada mais é do que a busca pelo sentido da vida. É algo essencial quando tratamos de felicidade, e que cabe a cada um de nós encontrá-lo.

Numa sociedade cosmopolita, [a criação de propósito e de sentido](https://www.revistahsm.com.br/post/saude-emocional-beneficios-flexiveis-gestao-humana-caminhos-para-implementar) (que transcende o trabalho) é essencial. Viktor Frankl, fundador da Logoterapia, argumenta que encontrar o propósito é o fator mais importante na vida. Prisioneiro em Auschwitz, Frankl afirma que conseguiu ser feliz, de fato, lá dentro, apesar das condições desumanas, pois não é o entorno ou as circunstâncias que são definidoras da felicidade, mas a forma com que interpretamos e damos significância àquilo. A felicidade mora dentro de nós.

Por mais que a busca por propósito seja algo lindo e de natureza positiva, é necessário entender que se trata de uma construção, não algo que acontece instantaneamente. Mesmo depois de encontrar o seu propósito, ainda existirão dias desmotivadores. A vida é constituída de altos e baixos e a responsabilidade para a construção do nosso propósito, felicidade e sucesso é pessoal e intransferível.

## Empresa feliz é empresa justa
As empresas não têm escapatória caso queiram atrair os melhores talentos, ponto fundamental para a manutenção de uma organização de sucesso. É preciso levar a sério o bem-estar e a felicidade. Trabalhar a felicidade em um negócio vai muito além de fazer palestras e workshops sobre o tópico, embora estes sempre tenham um aspecto positivo, causando impacto e demonstrando que a empresa preza pela saúde das pessoas. Porém, com uma agenda lotada, é comum que palestras e workshops virem mais um “to do” na lista dos colaboradores.

Felicidade, bem-estar, saúde mental, alimentação de qualidade, exercício, sono de qualidade, tempo de qualidade com a família e amigos e meditação precisam ser tópicos recorrentes, [tópicos para uma harmonização cultural](https://www.revistahsm.com.br/post/como-o-esg-esta-relacionado-com-a-gestao-de-pessoas). Pergunte-se: está claro para todos o propósito da organização? Quais são os princípios? O manual de cultura é público? Os princípios são as competências essenciais da avaliação de performance? A campanha de premiação condiz com a cultura da empresa? Os resultados são transparentes a todos?

Existe um modelo de gestão que ajude as pessoas da ponta a sentirem sua importância e conexão aos resultados macro e propósito da organização? As pequenas vitórias são celebradas? Pesquisas de clima medem a felicidade dos colaboradores? Quais ações são geradas a partir dos dados? E, talvez, a pergunta mais pertinente: os principais executivos da organização se envolvem e estão presentes nos eventos da cultura?

Estamos passando por uma transformação cultural que impacta diretamente as organizações, uma mudança que ganha força e que acompanha duas ondas anteriores: a onda ambiental, que continuamente [ganha mais espaço com o tópico ESG](https://www.revistahsm.com.br/post/meu-ceo-diz-que-agora-e-esg); a segunda, o foco na diversidade, no social. Não podemos construir uma sociedade justa e meritocrática se não dermos as mesmas oportunidades a todos, criando ambientes diversos e inclusivos. A máxima do ESG, em resumo, é pensar na felicidade de todos os stakeholders.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Homo confusus no trabalho: Liderança, negociação e comunicação em tempos de incerteza

Em um mundo sem mapas claros, o profissional do século 21 não precisa ter todas as respostas – mas sim coragem para sustentar as perguntas certas.
Neste artigo, exploramos o surgimento do homo confusus, o novo ser humano do trabalho, e como habilidades como liderança, negociação e comunicação intercultural se tornam condições de sobrevivência em tempos de ambiguidade, sobrecarga informacional e transformações profundas nas relações profissionais.

Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
23 de outubro de 2025
Alta performance não nasce do excesso - nasce do equilíbrio entre metas desafiadoras e respeito à saúde de quem entrega os resultados.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional.

4 minutos min de leitura
Uncategorized
22 de outubro de 2025
No setor de telecom, crescer sozinho tem limite - o futuro está nas parcerias que respeitam o legado e ampliam o potencial dos empreendedores locais.

Ana Flavia Martins - Diretora executiva de franquias da Algar

4 minutos min de leitura
Marketing & growth
21 de outubro de 2025
O maior risco do seu negócio pode estar no preço que você mesmo definiu. E copiar o preço do concorrente pode ser o atalho mais rápido para o prejuízo.

Alexandre Costa - Fundador do grupo Attitude Pricing (Comunidade Brasileira de Profissionais de Pricing)

5 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
20 de outubro de 2025
Nenhuma equipe se torna de alta performance sem segurança psicológica. Por isso, estabelecer segurança psicológica não significa evitar conflitos ou suavizar conversas difíceis, mas sim criar uma cultura em que o debate seja aberto e respeitoso.

Marília Tosetto - Diretora de Talent Management na Blip

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
17 de outubro de 2025
No Brasil, quem não regionaliza a inovação está falando com o país certo na língua errada - e perdendo mercado para quem entende o jogo das parcerias.

Rafael Silva - Head de Parcerias e Alianças na Lecom

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)