Vale Ocidental

Inteligência artificial? Acho que já vi esse filme…

É preciso entender o padrão. Desde a década de 1980, várias ondas tecnológicas vêm desafiando nossos modelos de negócio centralizados. Resistir não adianta
__Ellen Kiss__ é empreendedora e consultora de inovação especializada em design thinking e transformação digital, com larga experiência no setor financeiro. Em agosto de 2022. após um período sabático, assumiu o posto de diretora do centro de excelência em design do Nubank.

Compartilhar:

No dia 18 de julho Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o lançamento comercial do seu modelo fundacional de inteligência artificial (IA). Complementando o anúncio, a Meta informou que disponibilizará o seu modelo em código aberto, de maneira gratuita.

Quais as implicações disso para o ecossistema da IA e para os negócios em geral? Em primeiro lugar, os modelos fundacionais de IA requerem um investimento gigantesco, portanto, eram algo acessível apenas às grandes corporações. (A OpenAI, por exemplo captou nada menos que US$ 11,3 bilhões até a data de hoje para a criação do ChatGPT.) Agora, após o anúncio da Meta, essa ferramenta bilionária estará ao alcance de qualquer empresa que queira incorporá-la em seus modelos de negócio.

Outra implicação é a redução significativa no ciclo de desenvolvimento de projetos e produtos, levando ao aumento da produtividade e à redução de custos. Com a IA, um único engenheiro de software hoje se tornou capaz de entregar uma tarefa que, seis meses atrás, exigiria um time de PhDs.

O rápido desenvolvimento da IA expandiu seu uso, inicialmente restrito a análises e projeções, para o campo de desenvolvimento e código de software, que até então era um reduto exclusivo dos humanos. Atualmente, mais de 50% do software já é codificado por IA e mais de 90% dos programadores utilizam ferramentas.

Nesse momento, a maioria das companhias tradicionais possui vastos recursos, como pessoal qualificado e toneladas de dados, mas nem sempre sabe como utilizá-los. O desafio que elas enfrentarão não é adotar a IA, e sim como adotá-la de maneira ética e segura, preservando a privacidade e a integridade dos dados. Aquelas que não aceitarem correr os riscos para fazer isso serão desafiadas pelas startups, que farão uso da IA para romper paradigmas e operar de modo mais rápido, barato e eficiente, competindo em condição de vantagem contra as grandes corporações.

Esse é um filme a que assistimos várias vezes no passado recente. Desde a década de 1980, PCs, internet, celulares, e-commerce, computação na nuvem, blockchain e outras tecnologias vieram em sucessivas ondas para desafiar os modelos de negócio centralizados. A cada disrupção, empresas com posições dominantes resistiram, argumentando que a falta de segurança e de confiabilidade das novas tecnologias colocariam seus clientes (e o status quo) em risco. O final do filme é conhecido. Aquelas que não abraçaram as mudanças acabaram sendo abandonadas pelos clientes, que foram embora seduzidos por ofertas mais atraentes e inovadoras.

Eu duvido que o filme será diferente dessa vez. E você?

Artigo publicado na HSM Management nº 158.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

José Blatazar S. Osório de Andrade Guerra, professor e coordenador na Unisul, fundador e líder do Centro de Desenvolvimento Sustentável (Greens, Unisul)

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

Felipe Knijnik, diretor da BioPulse

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025
O PIX ABRIU PORTAS QUE ABRIRÃO MAIS PORTAS!

Carlos Netto, fundador e CEO da Matera

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2025

João Carlos da Silva Bizario e Gulherme Collin Soárez, respectivamente CMAO e CEO da Inspirali Educação.

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
5 de setembro de 2025
O maior desafio profissional hoje não é a tecnologia - é o tempo. Descubra como processos claros, IA consciente e disciplina podem transformar sobrecarga em produtividade real.

Diego Nogare

6 minutos min de leitura
Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
3 de setembro de 2025
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)