Diversidade

Inteligência artificial como aliada da diversidade e inclusão

O ChatGPT pode ser uma pequena luz na escuridão em relação à equidade de gênero
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

A ferramenta de inteligência artificial (IA) ChatGPT (OpenAI) vem causando uma revolução no mundo da tecnologia e da comunicação. O chatbot de redação automatizada fez muitos de nós reavaliarmos a atuação de profissionais e ferramentas e nos provocou a pensar no futuro desta interação.

Ao testar a ferramenta, fiz algumas perguntas sobre diversidade, equidade e mercado imobiliário e pude notar um aspecto interessante a respeito da percepção que este recurso apresenta sobre o viés inconsciente de gênero e diversidade que existe – historicamente – na internet.

Um exemplo desta falta de referência em diversidade na imensidão do oceano de dados está na campanha lançada no dia 21 de janeiro, por um coletivo internacional liderado pelo DDB Group Aotearoa NZ, que busca destacar e corrigir imprecisões nos resultados de pesquisas focadas em estatísticas esportivas, chamada “Correct the Internet” (corrija a internet, na tradução em português).

No filme que ilustra a campanha, uma garotinha pergunta para a “internet”: “quem marcou mais gols no futebol internacional?’. A resposta da IA afirma que foi Cristiano Ronaldo, com 118. No entanto, a canadense Christine Sinclair detém o recorde com 190.

Procure pesquisar qual tenista passou mais tempo no ranking número 1: a realidade dos fatos nos conta que foi Steffi Graf, enquanto a internet insiste em Novak Djokovic.

Liderada por Rebecca Sowden, ex-jogadora de futebol da Nova Zelândia, a campanha foi criada para evidenciar o quão desfavorecidas são as atletas femininas nos esportes. A ideia é escancarar o viés inconsciente da internet tornando as esportistas mais visíveis, ao refletir suas conquistas legítimas.

A facilidade e versatilidade das ferramentas de busca são incontestáveis, porém, assim como nós, humanos, a rede de inteligência artificial aprendeu com nossos preconceitos e, neste caso, prioriza atletas masculinos em suas respostas, mesmo quando os fatos colocam as mulheres em primeiro lugar.

O que pude constatar nos testes com o ChatGPT foi uma pequena luz nesta escuridão de dados, ao questionar, por exemplo, se os juros imobiliários são iguais para homens e mulheres.

A ferramenta da OpenAI logo esclarece: “assim como outras taxas de crédito, os juros imobiliários são determinados com base em uma variedade de fatores, incluindo o perfil do cliente e as condições do mercado. O gênero, por si só, não é considerado na definição dos juros imobiliários”.

Até aqui, entendemos que não houve nenhuma aprendizagem real sobre os preconceitos absorvidos pela inserção histórica de dados.

A mudança pode ser percebida na continuação da resposta do chat, ao destacar a igualdade de oportunidades e de condições de crédito como um desafio em muitos países, incluindo o Brasil, e completa: “mulheres frequentemente enfrentam barreiras para obter financiamento incluindo renda mais baixa, menor acesso a educação financeira e discriminação de gênero.”

A cereja do bolo veio com a recomendação feita pela ferramenta mais comentada do momento: “é importante que as instituições financeiras e as empresas do mercado imobiliário trabalhem para garantir que todas as pessoas tenham igualdade de acesso a financiamento e condições justas de crédito, independentemente de gênero, raça ou orientação sexual”. Bingo! Uma inteligência artificial que reconhece os obstáculos sociais para criação de linhas de crédito.

Os exemplos não param por aí. Perguntei o motivo pelo qual devo ter mulheres na equipe da minha empresa e, após me descrever cinco tópicos essenciais, o resumo enfatizou: “inovação, representação do público-alvo, cultura corporativa e retenção de talentos”.

Querendo ser ainda mais específica, questionei por que uma empresa do mercado imobiliário deveria se preocupar com equidade e diversidade. Mais quatro tópicos detalhados são apresentados, seguidos pela seguinte conclusão: “o tema é importante para afetar positivamente na imagem da companhia, na retenção de talentos, no relacionamento com clientes e comunidades e responsabilidade social.”

Ainda é muito cedo para afirmar que o uso recorrente deste chat possa ter uma colaboração importante na diminuição do viés inconsciente dos dados disponíveis no ambiente digital, contudo, em relação aos mais céticos com o papel da diversidade e equidade, resta a esperança de termos a IA como aliada.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Os sete desafios das equipes inclusivas

Inclusão não acontece com ações pontuais nem apenas com RH preparado. Sem letramento coletivo e combate ao capacitismo em todos os níveis, empresas seguem excluindo – mesmo acreditando que estão incluindo.

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Inovação & estratégia, Marketing & growth
11 de dezembro de 2025
Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.

Daniel Skowronsky - Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company

3 minutos min de leitura
Estratégia
10 de dezembro de 2025
Da Coreia à Inglaterra, da China ao Brasil. Como políticas públicas de design moldam competitividade, inovação e identidade econômica.

Rodrigo Magnago - CEO da RMagnago

17 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Liderança
5 de dezembro de 2025
Em um mundo exausto, emoção deixa de ser fragilidade e se torna vantagem competitiva: até 2027, lideranças que integram sensibilidade, análise e coragem serão as que sustentam confiança, inovação e resultados.

Lisia Prado - Consultora e sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Finanças
4 de dezembro de 2025

Antonio de Pádua Parente Filho - Diretor Jurídico, Compliance, Risco e Operações no Braza Bank S.A.

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
3 de dezembro de 2025
A creators economy deixou de ser tendência para se tornar estratégia: autenticidade, constância e inovação são os pilares que conectam marcas, líderes e comunidades em um mercado digital cada vez mais colaborativo.

Gabriel Andrade - Aluno da Anhembi Morumbi e integrante do LAB Jornalismo e Fernanda Iarossi - Professora da Universidade Anhembi Morumbi e Mestre em Comunicação Midiática pela Unesp

3 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
2 de dezembro de 2025
Modelos generativos são eficazes apenas quando aplicados a demandas claramente estruturadas.

Diego Nogare - Executive Consultant in AI & ML

4 minutos min de leitura
Estratégia
1º de dezembro de 2025
Em ambientes complexos, planos lineares não bastam. O Estuarine Mapping propõe uma abordagem adaptativa para avaliar a viabilidade de mudanças, substituindo o “wishful thinking” por estratégias ancoradas em energia, tempo e contexto.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

10 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Liderança
29 de novembro de 2025
Por trás das negociações brilhantes e decisões estratégicas, Suits revela algo essencial: liderança é feita de pessoas - com virtudes, vulnerabilidades e escolhas que moldam não só organizações, mas relações de confiança.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança