Estratégia e Execução

Júnior mas nem tanto

Aos 14 anos, o carioca Natan Gorin é um menino prodígio; desenvolve seu terceiro aplicativo e tem algo a ensinar sobre empreendedorismo

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Natan Gorin sempre gostou de tecnologia. Quando tinha 8 ou 9 anos, ia à casa de amigos para jogar videogame e, de cada reunião, saía um blog novo. “Acho que a gente fez uns mil blogs, mas nunca entramos de novo para ver o que já tínhamos criado”, afirma. 

Hoje, aos 14 anos, Natan continua louco por tecnologia. Ele tem uma startup de aplicativos para iPhone e se prepara para lançar seu terceiro produto –que ainda não pode ser divulgado, mas que está sendo testado pelos próprios colegas da Escola Eliezer Steinbarg Max Nordau, um colégio israelita tradicional do Rio de Janeiro. Filho de uma dentista e de um advogado tributarista, a paixão pela tecnologia veio mesmo das brincadeiras com os amigos. 

Depois da fase do blog, ele ganhou seu primeiro computador Apple, porque disse ao pai que queria editar vídeos. No entanto, no Mac comprado pelo Mercado Livre ele descobriu um software de programação de aplicativos e abandonou a edição de vídeos. “Comecei fazendo sites e para isso pesquisei na internet como programar em HTML. Depois fui pesquisando a linguagem das máquinas. Nunca tive aula, sempre achei mais produtivo aprender sozinho o que precisava, ia atrás dos tutoriais”, diz Natan. Aula ele tinha de inglês, bem útil neste mundo.

**IBOLETIM, MATHYOU…**

A primeira ideia dele foi criar um aplicativo para o Facebook que facilitasse saber quem tinha figurinhas para trocar, mas a necessidade falou mais alto. “Chegava o fim do ano, meus amigos me pediam para fazer a conta de quanto eles precisavam tirar para passar de ano. Aí fiz o protótipo do meu primeiro aplicativo, o iBoletim. 

Só demorei um pouco porque sou perfeccionista.” No final de 2013, quando o app ficou pronto, ele o subiu na AppStore e ficou esperando os milhares de downloads que viriam. Vieram 28. “Aí, eu mandei um tuíte para o Felipe Neto, que tem um canal no YouTube com mais de 3 milhões de seguidores, dizendo que tinha 12 anos e que tinha feito o app. Ele tuitou e, em quatro dias, foram 500 downloads.” O iBoletim começou a aparecer em blogs de tecnologia e Natan continuou divulgando-o como podia na internet. Resultado: em pouco tempo, virou o terceiro aplicativo mais baixado no Brasil e foi adotado por escolas. 

Chegou a 30 mil downloads. Natan chamou a atenção de muita gente. De Marcelo Sales, da aceleradora de startups 21212, ganhou aulas de empreendedorismo. De Bel Pesce, da FazINOVA, ganhou um programa de visitas a start ups da Califórnia, no qual interagiu com pessoas do Airbnb, do Google, do LinkedIn. Em 2014, lançou seu segundo app, o MathYou, algoritmo que gera milhões de exercícios de matemática com vários níveis de dificuldade, e já está trabalhando no terceiro. Ele passa o dia inteiro testando-o; a versão beta está sendo experimentada pelos colegas da escola.

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