Empreendedorismo
5 min de leitura

Liderança feminina em territórios periféricos: negócios que nascem da urgência e da potência

51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?
Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Compartilhar:

Resiliência, Calma felicidade

Quando falamos de liderança feminina no Brasil, é impossível não falar de diversidade. Mais do que uma palavra da moda, ela é uma necessidade urgente em um país que ocupa a 14ª posição no ranking global da desigualdade. E é nesse contexto que as mulheres das periferias e favelas se tornam protagonistas de uma transformação silenciosa e potente: elas empreendem, inovam e, acima de tudo, resistem.

Há 15 anos trabalho pela inclusão do empreendedorismo feminino por meio da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Nesse tempo, aprendi que a realidade das mulheres periféricas vai muito além da falta de recursos: elas são também movidas pela força de quem precisa criar alternativas de sobrevivência para si e para suas comunidades. Não é sobre romantizar a luta, mas reconhecer a inovação social.

Em alguns casos, elas empreendem por urgência: precisam colocar comida na mesa, fugir de ciclos de violência ou garantir um futuro diferente para seus filhos. Mas também abrem suas empresas por potência: transformam suas ideias em negócios que impactam positivamente seus territórios, gerando emprego, autoestima e redes de solidariedade..

Quando uma mulher conquista autonomia financeira, ela alcança também autonomia de decisão — e isso salva vidas. Uma pessoa dona do seu dinheiro é menos vulnerável a relações abusivas e tem mais liberdade para decidir seu destino.

Esses negócios nas periferias são também inovação territorial. Mulheres que transformam suas casas em cozinhas comunitárias, salões de beleza em espaços de formação profissional, ou brechós em centros de moda circular, criam soluções de impacto real. Muitas vezes, essas ações passam despercebidas pelos grandes centros de poder e investimento.

Apesar de sermos a maioria da população, 51,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda somos minoria nos espaços de decisão. De acordo com o estudo do Painel de Impacto Social da VR, com base em mais de 100 mil empresas, aponta que 18% dos negócios são comandados exclusivamente por mulheres, enquanto 40% têm liderança exclusivamente masculina

Essa desigualdade se agrava quando falamos de mulheres negras, de periferia, trans e com deficiência. A falta de representatividade reforça barreiras invisíveis, mas seguimos resistindo e criando novas narrativas a partir dos nossos territórios.

A transformação social que precisamos começa com o reconhecimento dessas lideranças periféricas. E mais do que isso, é preciso investimento, acesso a crédito, educação empreendedora, redes de apoio e políticas públicas que entendam a potência que nasce das bordas.

A diversidade, quando levada a sério, não é apenas uma ferramenta para melhorar o país, é o caminho para uma sociedade mais justa e inovadora. Quando apoiamos uma empreendedora da periferia, auxiliamos toda uma rede de transformação: ela investe no bem-estar da família, melhora a educação dos filhos e impulsiona outras pessoas ao seu redor.

Na Rede Mulher Empreendedora, acreditamos que fomentar o empreendedorismo feminino, especialmente em territórios periféricos, é uma forma concreta de combater desigualdades históricas. Cada uma que conquista sua independência econômica não está apenas mudando sua história: ela está mudando o seu bairro, a sua cidade e, pouco a pouco, o país inteiro.

Por isso, é urgente olharmos para elas não com piedade, mas com admiração e apoio. Porque seus negócios não são apenas sobrevivência, são inovação, resistência e futuro.

Compartilhar:

Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME. Vice-Presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselho da Presidência da República – CDESS. Presidente do W20, grupo de engajamento do G20. Conselheira da UAM/Grupo Ânima. Reconhecida no ranking Melhores Líderes do Brasil da Merco e por prêmios como: Bloomberg 500 mais influentes da América Latina 2024, Melhores e Maiores 2024, Empreendedor Social 2023, Executivo de Valor 2023 e Forbes Brasil Mulheres Mais Poderosas 2019. Autora do livro “Negócios: um assunto de mulheres - A força transformadora do empreendedorismo feminino".

Artigos relacionados

Reaprender virou a palavra da vez

Reaprender não é um luxo – é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Lifelong learning
19 de dezembro de 2025
Reaprender não é um luxo - é sobrevivência. Em um mundo que muda mais rápido do que nossas certezas, quem não reorganiza seus próprios circuitos mentais fica preso ao passado. A neurociência explica por que essa habilidade é a verdadeira vantagem competitiva do futuro.

Isabela Corrêa - Cofundadora da People Strat

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
18 de dezembro de 2025
Como a presença invisível da IA traz ganhos enormes de eficiência, mas também um risco de confiarmos em sistemas que ainda cometem erros e "alucinações"?

Rodrigo Cerveira - CMO da Vórtx e Cofundador do Strategy Studio

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de dezembro de 2025
Discurso de ownership transfere o peso do sucesso e do fracasso ao colaborador, sem oferecer as condições adequadas de estrutura, escuta e suporte emocional.

Rennan Vilar - Diretor de Pessoas e Cultura do Grupo TODOS Internacional

4 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
16 de dezembro de 2025
A economia prateada deixou de ser nicho e se tornou força estratégica: consumidores 50+ movimentam trilhões e exigem experiências centradas em respeito, confiança e personalização.

Eric Garmes é CEO da Paschoalotto

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de dezembro de 2025
Este artigo traz insights de um estudo global da Sodexo Brasil e fala sobre o poder de engajamento que traz a hospitalidade corporativa e como a falta dela pode impactar financeiramente empresas no mundo todo.

Hamilton Quirino - Vice-presidente de Operações da Sodexo

2 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
12 de dezembro de 2025
Inclusão não é pauta social, é estratégia: entender a neurodiversidade como valor competitivo transforma culturas, impulsiona inovação e constrói empresas mais humanas e sustentáveis.

Marcelo Vitoriano - CEO da Specialisterne Brasil

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
11 de dezembro de 2025
Do status à essência: o luxo silencioso redefine valor, trocando ostentação por experiências que unem sofisticação, calma e significado - uma nova inteligência para marcas em tempos pós-excesso.

Daniel Skowronsky - Cofundador e CEO da NIRIN Branding Company

3 minutos min de leitura
Estratégia
10 de dezembro de 2025
Da Coreia à Inglaterra, da China ao Brasil. Como políticas públicas de design moldam competitividade, inovação e identidade econômica.

Rodrigo Magnago - CEO da RMagnago

17 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
9 de dezembro de 2025
Entre liderança e gestação, uma lição essencial: não existe performance sustentável sem energia. Pausar não é fraqueza, é gestão - e admitir limites pode ser o gesto mais poderoso para cuidar de pessoas e negócios.

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude,

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
8 de dezembro de 2025
Com custos de saúde corporativa em alta, a telemedicina surge como solução estratégica: reduz sinistralidade, amplia acesso e fortalece o bem-estar, transformando a gestão de benefícios em vantagem competitiva.

Loraine Burgard - Cofundadora da h.ai

3 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #170

O que ficou e o que está mudando na gangorra da gestão

Esta edição especial, que foi inspirada no HSM+2025, ajuda você a entender o sobe-e-desce de conhecimentos e habilidades gerenciais no século 21 para alcançar a sabedoria da liderança