Estratégia e Execução

No mundo ‘no channel’, antes de mais nada, somos todos consumidores

Trazer essa visão para dentro da organização é a chave para manter a relevância da marca na vida do consumidor
Laura Barros é diretora de marketing da Wine, maior clube de assinaturas de vinhos do mundo e líder no ranking de importação. Nascida no Rio de Janeiro e formada em administração pelo IBMEC, a executiva acumula mais de 20 anos de experiência. Laura começou sua carreira profissional na L'Oréal Brasil, em 1999, onde ficou até 2009. Depois, trabalhou mais de três anos na L'Occitane, seguido de mais cinco na Gallo Worldwide.

Compartilhar:

Por que, na vida pessoal, podemos ser tão firmes e exigentes em algumas situações e, no ambiente corporativo, aceitamos ou justificamos muitas delas? Como se os nossos “eu PF” e “eu PJ” se permitissem ter duas visões de mundo diferentes.

Na experiência de consumidor, nossas posições são claras: queremos “no channel”, ou seja, comprar em qualquer lugar e receber no tempo ideal, pagando da forma que quisermos, fazer uma troca sem problemas e, se precisar devolver, que seja sem atrito. Como consumidores, não queremos saber se há problemas na integração do estoque ou dificuldades em gerir os canais de venda ou ainda diferenças de impostos entre regiões.

Por outro lado, quando entra no corporativo, a gente muitas vezes se pega justificando coisas que são injustificáveis. Por que não conseguimos trazer essa visão de consumidor para dentro do negócio? Quais são nossas amarras e dificuldades?

Enquanto não trouxermos um olhar realmente centrado no consumidor para dentro da organização, não conseguiremos mudar muita coisa. Não podemos perder essa inquietude que nos torna consumidores cada vez mais exigentes. Não é uma receita de bolo, mas a máxima de “se colocar no lugar do cliente” serve como um norte para qualquer negócio.

Nesse desafio, podemos contar com ótimas ferramentas para traçar estratégias. Vamos começar por entender o quanto um cliente é bom para a empresa.

O Custo de Aquisição do Cliente (CAC) mostra o esforço e o investimento necessários para atrair o consumidor nos três momentos da sua jornada: conhecer o produto, considerar a compra e, por fim, comprá-lo. Fazer a relação entre o CAC e o LTV (do inglês “lifetime value”), que demonstra o valor do cliente em determinado tempo, poderá ajudar a saber o quanto ele gerou de negócio e o quanto gerou de lucro para a empresa.

Se concluir que investe mais do que o cliente traz em retorno, é hora de olhar estrategicamente para o todo. Repense onde está investindo o dinheiro, em quais canais e se estão agregando.

## Não tem certo ou errado. Tem o que é caro e o que é barato.

Quando a conta não fecha, a estratégia não está sendo boa. Ou você está fidelizando pouco ou não está usando o verdadeiro “no channel” e alavancando oportunidades de criar valor. Ou seja, não está presente nos momentos de consumo cercando a jornada, não chega até o consumidor, não cria conexão, não aumenta a presença da marca.

__A combinação CAC e LTV funciona como uma supermétrica.__ Quanto mais essa relação for positiva, mais valorizado é o cliente. Ou o contrário. Um LTV/CAC muito alto pode significar que oportunidades de crescimento não estão sendo endereçadas. Ou seja, essa ferramenta revela cenários fundamentais para se trabalhar a estratégia.

Essa conta ajuda a pensar na fidelidade do cliente, no CRM, no quanto está o ticket médio. E o principal: não nos perderemos no mar de métricas porque trabalharemos apenas com duas alavancas. O que é muito mais fácil, nessa abundância de dados e de informação.

Quando o time inteiro só tem duas alavancas, fica muito mais simples justificar as ações e construir uma governança com muito mais racionalidade e transparência. Isso vai além das promoções de marketing. São benefícios para o cliente – aqueles que esperamos quando somos consumidores.

Uma soma de forças das áreas para proporcionar a melhor experiência, eficiente, presente, sem fricção, seja ela online ou offline. É positivo e colaborativo.

__Mais uma vez, veja o cliente sempre no centro.__ Ele é quem vai dizer se estamos no caminho certo e vai nos dizer: “Eu confio na sua proposta, vou comprar nessa empresa e vou ser fiel a você”.

Caso contrário, deixaremos de existir na cabeça do consumidor. Pior, nem vamos nem saber disso, pois ele simplesmente vai parar de interagir e vamos deixar de ser relevantes. E não há nada pior do que deixar de ser considerado.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Reputação sólida, ética líquida: o desafio da integridade no mundo corporativo

No mundo corporativo, reputação se constrói com narrativas, mas se sustenta com integridade real – e é justamente aí que muitas empresas tropeçam. É o momento de encarar os dilemas éticos que atravessam culturas organizacionais, revelando os riscos de valores líquidos e o custo invisível da incoerência entre discurso e prática.

Vivemos a reinvenção do CEO?

Está na hora de entender como o papel de CEO deixou de ser sinônimo de comando isolado para se tornar o epicentro de uma liderança adaptativa, colaborativa e guiada por propósito. A era do “chefão” dá lugar ao maestro estratégico que rege talentos diversos em um cenário de mudanças constantes.

Cobertura de evento
Cobertura HSM Management do “evento de eventos” mostra como o tempo de conexão pode ser mais bem investido para alavancar o aprendizado

Redação HSM Management

2 min de leitura
Empreendedorismo
Embora talvez estejamos longe de ver essa habilidade presente nos currículos formais, é ela que faz líderes conscientes e empreendedores inquietos

Lilian Cruz

3 min de leitura
Marketing Business Driven
Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas

Rafael Mayrink

3 min de leitura
Empreendedorismo
Falta de governança, nepotismo e desvios: como as empresas familiares repetem os erros da vilã de 'Vale Tudo'

Sergio Simões

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Já notou que estamos tendo estas sensações, mesmo no aumento da produção?

Leandro Mattos

7 min de leitura
Empreendedorismo
Fragilidades de gestão às vezes ficam silenciosas durante crescimentos, mas acabam impedindo um potencial escondido.

Bruno Padredi

5 min de leitura
Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura