Cultura organizacional

Nove tendências de comunicação que devem estar no radar das empresas

Ampliar sensação de pertencimento, foco nos canais de comunicação, responsabilidade socioambiental e investimento em tecnologia são alguns dos pontos de destaque do estudo internacional
Lana Wigand é chief marketing officer no Comunica.In, startup que promove soluções para gestão de processos de comunicação interna nas empresas. Com pós-graduação em comunicação online, comunicação e estudos da mídia, a profissional acredita na comunicação interna como um diferencial nas empresas, servindo para gerar valor e resultado dentro das organizações.

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Em um momento em que o contexto global está em constante mudança, a forma como nos comunicamos dentro das empresas também evolui. Por isso, é importante estar atento às tendências e mudanças no campo da comunicação interna.

É pensando nisso que o Gallagher lança o [State of the Sector 2023](https://www.ajg.com/employeeexperience/state-of-the-sector-2023/), estudo anual sobre tendências de comunicação com líderes globais de várias instituições. Este ano, é fundamental ter alguns pontos de atenção no radar para alavancar os pontos de contato das empresas. Ressalto alguns dos mais importantes:

## 1 – O aumento da cultura e senso de pertencimento
Os colaboradores estão buscando cada vez mais um ambiente de trabalho onde se sintam valorizados e incluídos. De acordo com a pesquisa, 74% dos respondentes afirmam que o propósito da comunicação interna é apoiar a cultura e o senso de pertencimento. Por isso, as empresas devem estar atentas a temas como diversidade, equidade e inclusão (DEI); valores e comportamentos; bem-estar físico e emocional. Além disso, é importante haver uma maior integração entre os departamentos de comunicação e recursos humanos para que ações efetivas possam ser desenvolvidas.

## 2 – A mudança no foco dos canais de comunicação
Com o surgimento do trabalho híbrido, a adaptação dos canais de comunicação para essa nova realidade tornou-se uma prioridade. No entanto, a pesquisa indica que, em 2022, esse tema não é mais tão relevante. Em vez disso, as empresas estão buscando uma abordagem mais ampla e estratégica em relação à comunicação interna. Ou seja, estão se concentrando em como essa comunicação pode apoiar a visão e propósito da empresa.

## 3 – A responsabilidade social e ambiental das empresas
A importância de políticas de sustentabilidade e governança ambiental e social (ESG) está em alta, mas a pesquisa indica que as empresas ainda não formalizaram como entregam essas informações. Enquanto 41% das empresas afirmam ter uma estratégia clara de ESG, 36% não compartilham nenhuma comunicação específica sobre o tema. Embora a inclusão e equidade ainda sejam temas importantes, as empresas precisam se concentrar em como se comunicar de forma estratégica sobre suas políticas e práticas ESG.

## 4 – Reinventando a relação empregado-empregador
Com a taxa alta de rotatividade de talentos, o mercado de trabalho está passando por uma mudança. Historicamente, as propostas de valor do empregado (EVP) se concentraram na atração de talentos. No entanto, agora há uma maior conscientização sobre o impacto delas na retenção de talentos por meio da melhoria do bem-estar da carreira. Em 2022, 56% das organizações revisitaram seus EVPs, mas apenas 28% acreditam que esse trabalho esteja bem avançado. As EVPs existentes também têm efeito limitado, uma vez que apenas pouco mais da metade (53%) avaliou que o entendimento dos funcionários sobre compensação, recompensas e benefícios é excelente ou bom. Isso é uma oportunidade perdida em um momento em que os salários não estão acompanhando a inflação e em que aproveitar ao máximo o que você já tem será fundamental.

## 5 – Em busca de autenticidade
A pandemia de covid-19 exigiu maior franqueza dos líderes e um tom de voz mais genuíno, ilustrado no State of the Sector de 2021, no qual 46% dos entrevistados anteciparam que “autenticidade das mensagens” seria uma tendência emergente nos próximos dois a três anos. Agora, estamos no final desse período, e nossa pesquisa mostra uma profissão ainda liderada em grande parte pelo “falar corporativo”. Enquanto 45% dos entrevistados acreditam que podem influenciar o que é comunicado, apenas 35% se sentem capacitados para injetar mais personalidade em suas mensagens, e muitos enfrentam resistência significativa à criatividade e ao humor.

## 6 – Culpe a tecnologia
A satisfação com os canais de comunicação permanece relativamente baixa, em 63%, sendo que a tecnologia ruim é identificada como um dos cinco principais desafios. Menos da metade (46%) acredita que sua organização não investe o suficiente em tecnologia de comunicação. O uso da segmentação e personalização do público ainda é extremamente limitado, o que se deve apenas em parte às limitações tecnológicas. No geral, a lacuna entre a promessa de inovação digital e a realidade da experiência digital enfrentada pelos funcionários continua a se ampliar.

Analisando os tópicos 4, 5 e 6, vemos que eles estão todos relacionados ao engajamento do funcionário e à comunicação interna. O item 4 destaca a necessidade de criar EVPs que melhorem o bem-estar da carreira e a retenção de talentos. Já o item 5 destaca a importância da autenticidade e da personalidade nas mensagens para melhorar o envolvimento do funcionário. Por fim, o item 6 ressalta a importância da tecnologia de comunicação para uma experiência digital mais satisfatória e um contato mais eficaz entre o empregador e o empregado.

## 7 – O poder inexplorado dos gerentes de pessoas
De acordo com o relatório, ainda há 34% das organizações que enxergam seus gerentes de pessoas como um canal de cascata, ou seja, como um mero canal de transmissão de informações. Entretanto, houve algum progresso, com 56% das empresas reconhecendo que esses gerentes possuem um papel ativo nas comunicações. Além disso, 58% acreditam que esses gerentes estão bem equipados para apoiar o bem-estar físico e emocional de suas equipes, e 40% afirmam que eles são capazes de dar vida ao EVP.

Visão anterior: a comunicação interna é uma via de mão dupla e requer o envolvimento dos gerentes e líderes para que seja eficaz. Os gerentes de pessoas são fundamentais nesse processo, pois possuem um papel importante em garantir que as mensagens sejam transmitidas corretamente e que os colaboradores sejam ouvidos.

## 8 – Comunicação de mudança
O relatório aponta que 58% das organizações falham em articular uma narrativa clara de mudança ou em criar um calendário consistente de atividades. Mesmo com quase 90% das empresas relatando programas de mudança planejados para 2023, a comunicação de mudança ainda é uma grande fraqueza. Embora existam boas práticas, como a criação de uma visão de longo prazo para a mudança e uma identidade visual para os programas de mudança, uma parcela significativa das empresas não consegue articular sua narrativa de mudança ou entender seu impacto em diferentes públicos. Além disso, elas não mantêm o momentum com um calendário de atividades de comunicação programado.

__Visão anterior:__ a comunicação de mudança é essencial para garantir que os colaboradores compreendam a necessidade e a visão por trás da mudança, e para mantê-los engajados durante todo o processo. A falta de comunicação eficaz de mudança pode levar à resistência e à baixa adesão dos colaboradores.

## 9 – Voltando à estaca zero?
Demonstrar o retorno sobre o investimento foi o principal motivo para medir a comunicação. Em edições anteriores, o relatório destacou a era de ouro da comunicação interna, mostrando como a pandemia havia elevado o perfil da profissão dentro das organizações e fornecido aos comunicadores níveis sem precedentes de influência. Embora não haja evidências de que essa influência tenha diminuído, há sinais que indicam um retorno aos velhos hábitos. Nesse contexto, o objetivo principal deste ano foi demonstrar o retorno sobre o investimento para os líderes, especialmente em meio à falta de capacidade e orçamento.

No final das contas, poucas coisas aqui são realmente novas. Mas, apesar de algumas serem velhas conhecidas, seguem sendo pouco exercitadas e exploradas para chegarmos ao potencial total de uma comunicação interna estratégica. O grande e real desafio é como colocar tudo isso já conhecido em prática nos próximos meses.

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