Uncategorized

O caso da GERDAU no BRASIL

Como uma empresa bem-sucedida pode manter-se saudável? O caso Gerdau, desenvolvido aqui, oferece algumas lições valiosas
Professora da PUC Minas Gerais e do Insead, da França, consultora da Betania Tanure Associados e coautora de Estratégia e Gestão Empresarial, com Sumantra Ghoshal, entre outros.

Compartilhar:

Todas as empresas precisam, de tempos em tempos, revisitar sua cultura. Até as mais bem-sucedidas. Não raramente o entusiasmo do sucesso se transforma em arrogância e o vírus do subdesempenho satisfatório entra em ação. O vírus é o mesmo que faz algumas crianças tirarem nota 6 na escola. Elas passarão de ano, mas seu desempenho terá sido muito inferior ao que poderiam ter alcançado (e que deveriam ter alcançado, em nome de seu futuro). Tenho participado de experiências felizes na prevenção e no combate a esse vírus no meio empresarial. Entre as contramedidas, uma das mais importantes costuma ser a construção de uma causa, verdadeira, que mobilize as pessoas, que as faça vibrar, que lhes dê um norte claro, que as encha de orgulho. Aliás, diga-se, a causa é necessária também quando o desempenho é satisfatório. A causa, em geral, pressupõe jornadas de transformação com quatro grupos de pessoas: 

**• Os resistentes. São facilmente identificáveis.**

**• Os espectadores. Ficam à espreita; suas decisões “dependem do que acontecer”. Sem moto próprio, são pesos contrários a esses movimentos.**

**• Os atores. Cuidado com eles! É o grupo mais difícil de identificar; fingem concordar com o rumo das coisas, mas, quando não se sentem observados, revelam quem realmente são.**

**• Os autores. Esses, sim, vão coconstruir a nova história. Quando se cria o contexto para mobilizar as pessoas para a nova causa, eles aparecem. Esse grupo precisa ser reforçado e ter sua ação reconhecida (tanto monetariamente como não monetariamente).**

Uma das experiências felizes que mencionei também enfrentou esse quadro. Apresento-a aqui, em breve relato, com a colaboração de Vítor Mendonça, dirigente da Gerdau Business do Brasil. Ele afirma: “Tenho muito orgulho de pertencer, há 30 anos, ao grupo Gerdau. Os valores sólidos, o compromisso com o País, a vontade de fazer sempre melhor são marcas importantes da empresa”. 

Vítor e seu time de subordinados diretos trabalharam duro investindo no que era preciso mudar para chegar lá. “Tivemos a coragem de mapear a organização. Gostamos de alguns traços culturais da nossa ‘foto’, mas detestamos outros. Estávamos criando a consciência de que nos impediriam de ter um futuro brilhante, honrar nossa história.” Alinhados com a presidência da Gerdau, eles foram em frente em relação aos traços indesejados e já celebram vitórias. “Envolvemos 550 lideranças. No próximo ciclo, de forma estruturada, serão 2.200 líderes e então chegaremos aos 25.000 colaboradores. Tomamos decisões duras com consciência e nos comprometemos a não admitir o subdesempenho satisfatório nem atores. E os resultados desse período, inclusive os econômico-financeiros, mostram que estamos na direção certa.” A prática comprova que é possível matar o vírus e mudar a nota. Requer coragem, mas, em compensação, as empresas podem deixar o 6 para trás e tirar 11!

Compartilhar:

Artigos relacionados

O que move as mulheres da Geração Z a empreender?

A Geração Z está redefinindo o que significa trabalhar e empreender. Por isso é importante refletir sobre como propósito, impacto social e autonomia estão moldando novas trajetórias profissionais – e por que entender esse movimento é essencial para quem quer acompanhar o futuro do trabalho.

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou – e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.

Como o fetiche geracional domina a agenda dos relatórios de tendência

Relatórios de tendências ajudam, mas não explicam tudo. Por exemplo, quando o assunto é comportamento jovem, não dá pra confiar só em categorias genéricas – como “Geração Z”. Por isso, vale refletir sobre como o fetiche geracional pode distorcer decisões estratégicas – e por que entender contextos reais é o que realmente gera valor.

Processo seletivo é a porta de entrada da inclusão

Ainda estamos contratando pessoas com deficiência da mesma forma que há décadas – e isso precisa mudar. Inclusão começa no processo seletivo, e ignorar essa etapa é excluir talentos. Ações afirmativas e comunicação acessível podem transformar sua empresa em um espaço realmente inclusivo.

Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura