Vivemos hoje um momento em que o presente e o futuro se misturam. A sensação não é exatamente nova – nos anos 1990, o escritor William Gibson já dizia que “o futuro está aqui, só não está bem distribuído”. Mas é cada vez mais intensa: em meio a discursos sobre inteligência artificial, promessas de disrupção e o canto da sereia de novas tecnologias, há uma revolução importante acontecendo. Ela não se dá em laboratórios remotos, nem em visões futuristas, mas em uma das tecnologias mais antigas da humanidade: a conversa.
Quando se fala em conversas entre humanos e marcas, muita gente pensa em chatbots. E de fato, 164 mil bots estão em operação no Brasil, estima o Mapa do Ecossistema Brasileiro de bots de 2024, além de um crescimento de pelo menos 45,5% das buscas por “chatbot” nos primeiros 5 meses de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados disponibilizados pelo Google. Ainda assim, por anos, o termo carregou a promessa de uma automação acessível e escalável. Na prática, porém, o que muitas empresas ofereciam era um atendimento truncado, limitado a fluxos rígidos de perguntas e respostas. Quem nunca se frustrou com “aperte 1 para continuar” ou “desculpe, não entendi” como resposta que atire a primeira pedra.
Em pouco tempo, o chatbot passou de promessa a símbolo de experiências digitais entediantes para o consumidor e trabalhosas para as marcas.
O que está em jogo agora transcende – e muito – essa lógica. Hoje existem soluções capazes de ir muito além da camada de suporte e atendimento ao cliente tal qual um bom dedo de prosa entre amigos, a conversa pode ser um fio condutor capaz de conectar descobertas, compras, pagamento, fidelização e atendimento. Tudo em um só ambiente, com fluidez, personalização e aprendizado constante. Um contato inteligente, que pode ter humanos, fluxos e IAs integrados para garantir a melhor solução para os dois lados dessa conversa.
A nova linguagem das interações
Não se trata de um ideal futurista, é um movimento já em curso, às vezes de maneira imperceptível. Quem pergunta à Alexa sobre o tempo, consulta a Siri sobre o trânsito ou resolve uma questão bancária por WhatsApp já faz parte dessa rotina. Da mesma forma, não é preciso mais usar a barra de rolagem ou dar dezenas de cliques em filtros para encontrar um apartamento: há quem, como o QuintoAndar, já resolva isso em uma troca de mensagens. Até mesmo quando o carro apresenta um problema, a solução não está mais em um grosso manual de papel, e sim em uma conversa direta com o assistente da Stellantis.
É uma mudança que parece apenas tecnológica, mas é também cultural – e positiva. Em vez de fazer buscas pensando no formato que se adequa ao algoritmo, estamos conversando. Porque trocar uma ideia é algo mais natural, mais rápido e sobretudo, mais humano.
Um canal mais humano – e mais inclusivo
Nessa revolução que está sendo conversada, há ainda uma camada menos explorada, mas igualmente crucial: a do acesso. Ao adotar a conversa como interface, amplia-se a base de usuários de maneira significativa. Pessoas que antes tinham dificuldade em navegar por aplicativos ou preencher formulários longos – idosos, por exemplo – agora conseguem resolver questões com uma simples mensagem ou até com um áudio.
Trata-se de uma inclusão que não exige baixar um novo aplicativo nem aprender uma nova interface: ela parte daquilo que já é conhecido. E nesse sentido, a conversa se torna não apenas uma opção mais eficiente, mas uma tecnologia social, que amplia o alcance da transformação digital e reduz barreiras de entrada.
Ao final dessa conversa, é importante chamar a atenção para um ponto: as empresas precisam perceber que a mudança já está em curso. Enquanto muitas marcas ainda discutem se vão ou não aderir à lógica das conversas, os consumidores já avançaram. Como toda boa revolução, esta aqui não pede permissão – ela simplesmente muda, sem comunicados oficiais.