Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital, Cultura organizacional, Inovação & estratégia
3 minutos min de leitura

O fim dos chatbots? O próximo passo no futuro conversacional 

O futuro chegou - e está sendo conversado. Como a conversa, uma das tecnologias mais antigas da humanidade, está se reinventando como interface inteligente, inclusiva e estratégica. Enquanto algumas marcas ainda decidem se vão aderir, os consumidores já estão falando. Literalmente.
Gerente de estratégia de marca na Blip. Cientista social pela UFBA e especialista em marketing pela USP. Com experiências em planejamento de comunicação e pesquisa de mercado. Um curioso, apaixonado por conectar marcas e pessoas.

Compartilhar:

Vivemos hoje um momento em que o presente e o futuro se misturam. A sensação não é exatamente nova – nos anos 1990, o escritor William Gibson já dizia que “o futuro está aqui, só não está bem distribuído”. Mas é cada vez mais intensa: em meio a discursos sobre inteligência artificial, promessas de disrupção e o canto da sereia de novas tecnologias, há uma revolução importante acontecendo. Ela não se dá em laboratórios remotos, nem em visões futuristas, mas em uma das tecnologias mais antigas da humanidade: a conversa. 

Quando se fala em conversas entre humanos e marcas, muita gente pensa em chatbots. E de fato, 164 mil bots estão em operação no Brasil, estima o Mapa do Ecossistema Brasileiro de bots de 2024, além de um crescimento de pelo menos 45,5% das buscas por “chatbot” nos primeiros 5 meses de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados disponibilizados pelo Google. Ainda assim, por anos, o termo carregou a promessa de uma automação acessível e escalável. Na prática, porém, o que muitas empresas ofereciam era um atendimento truncado, limitado a fluxos rígidos de perguntas e respostas. Quem nunca se frustrou com “aperte 1 para continuar” ou “desculpe, não entendi” como resposta que atire a primeira pedra. 

Em pouco tempo, o chatbot passou de promessa a símbolo de experiências digitais entediantes para o consumidor e trabalhosas para as marcas. 

O que está em jogo agora transcende – e muito – essa lógica. Hoje existem soluções capazes de ir muito além da camada de suporte e atendimento ao cliente tal qual um bom dedo de prosa entre amigos, a conversa pode ser um fio condutor capaz de conectar descobertas, compras, pagamento, fidelização e atendimento. Tudo em um só ambiente, com fluidez, personalização e aprendizado constante. Um contato inteligente, que pode ter humanos, fluxos e IAs integrados para garantir a melhor solução para os dois lados dessa conversa.

A nova linguagem das interações

Não se trata de um ideal futurista, é um movimento já em curso, às vezes de maneira imperceptível. Quem pergunta à Alexa sobre o tempo, consulta a Siri sobre o trânsito ou resolve uma questão bancária por WhatsApp já faz parte dessa rotina. Da mesma forma, não é preciso mais usar a barra de rolagem ou dar dezenas de cliques em filtros para encontrar um apartamento: há quem, como o QuintoAndar, já resolva isso em uma troca de mensagens. Até mesmo quando o carro apresenta um problema, a solução não está mais em um grosso manual de papel, e sim em uma conversa direta com o assistente da Stellantis.  

É uma mudança que parece apenas tecnológica, mas é também cultural – e positiva. Em vez de fazer buscas pensando no formato que se adequa ao algoritmo, estamos conversando. Porque trocar uma ideia é algo mais natural, mais rápido e sobretudo, mais humano. 

Um canal mais humano – e mais inclusivo

Nessa revolução que está sendo conversada, há ainda uma camada menos explorada, mas igualmente crucial: a do acesso. Ao adotar a conversa como interface, amplia-se a base de usuários de maneira significativa. Pessoas que antes tinham dificuldade em navegar por aplicativos ou preencher formulários longos – idosos, por exemplo – agora conseguem resolver questões com uma simples mensagem ou até com um áudio.

Trata-se de uma inclusão que não exige baixar um novo aplicativo nem aprender uma nova interface: ela parte daquilo que já é conhecido. E nesse sentido, a conversa se torna não apenas uma opção mais eficiente, mas uma tecnologia social, que amplia o alcance da transformação digital e reduz barreiras de entrada. 

Ao final dessa conversa, é importante chamar a atenção para um ponto: as empresas precisam perceber que a mudança já está em curso. Enquanto muitas marcas ainda discutem se vão ou não aderir à lógica das conversas, os consumidores já avançaram. Como toda boa revolução, esta aqui não pede permissão – ela simplesmente muda, sem comunicados oficiais.  

Compartilhar:

Artigos relacionados

Cultura organizacional, Liderança
19 de setembro de 2025
Descubra como uma gestão menos hierárquica e mais humanizada pode transformar a cultura organizacional.

Cristiano Zanetta - Empresário, palestrante TED e filantropo

0 min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
19 de setembro de 2025
Sem engajamento real, a IA vira promessa não cumprida. A adoção eficaz começa quando as pessoas entendem, usam e confiam na tecnologia.

Leandro Mattos - Expert em neurociência da Singularity Brazil

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
17 de setembro de 2025
Ignorar o talento sênior não é só um erro cultural - é uma falha estratégica que pode custar caro em inovação, reputação e resultados.

João Roncati - Diretor da People + Strategy

3 minutos min de leitura
Inovação
16 de setembro de 2025
Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Magnago

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
15 de setembro de 2025
O luto não pede licença - e também acontece dentro das empresas. Falar sobre dor é parte de construir uma cultura organizacional verdadeiramente humana e segura.

Virginia Planet - Sócia e consultora da House of Feelings

2 minutos min de leitura
Marketing & growth, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
12 de setembro de 2025
O futuro do varejo já está digitando na sua tela. O WhatsApp virou canal de vendas, atendimento e fidelização - e está redefinindo a experiência do consumidor brasileiro.

Leonardo Bruno Melo - Global head of sales da Connectly

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
11 de setembro de 2025
Agilidade não é sobre seguir frameworks - é sobre gerar valor. Veja como OKRs e Team Topologies podem impulsionar times de produto sem virar mais uma camada de burocracia.

João Zanocelo - VP de Produto e Marketing e cofundador da BossaBox

3 minutos min de leitura
Cultura organizacional, compliance, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
10 de setembro de 2025
Ambientes tóxicos nem sempre vêm da cultura - às vezes, vêm de uma única pessoa. Entenda como identificar e conter comportamentos silenciosos que desestabilizam equipes e ameaçam a saúde organizacional.

Tatiana Pimenta - CEO da Vittude

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
9 de setembro de 2025
Experiência também é capital. O ROEx propõe uma nova métrica para valorizar o repertório acumulado de profissionais em times multigeracionais - e transforma diversidade etária em vantagem estratégica.

Fran Winandy e Martin Henkel

10 minutos min de leitura
Inovação
8 de setembro de 2025
No segundo episódio da série de entrevistas sobre o iF Awards, Clarissa Biolchini, Head de Design & Consumer Insights da Electrolux nos conta a estratégia por trás de produtos que vendem, encantam e reinventam o cuidado doméstico.

Rodrigo Magnago

2 minutos min de leitura