Tecnologia & inteligencia artificial, Inovação & estratégia
3 minutos min de leitura

O maior risco não é não ter IA – É investir e não adotar

Sem engajamento real, a IA vira promessa não cumprida. A adoção eficaz começa quando as pessoas entendem, usam e confiam na tecnologia.
Cientista, desenvolvedor de neurotecnologias e entusiasta dos negócios de impacto social. Leandro é CEO na CogniSigns e expert na Singularity Brazil em Neurotecnologia.

Compartilhar:

Nos últimos anos, a Inteligência Artificial deixou de ser uma promessa distante para se tornar parte do presente de empresas, órgãos públicos e instituições de todos os setores. O que antes era restrito a centros de pesquisa e grandes corporações hoje está disponível em plataformas acessíveis, prontas para transformar produtividade, reduzir custos e ampliar a capacidade de análise e tomada de decisão.

No entanto, essa democratização traz um paradoxo: nunca foi tão fácil investir em tecnologia – e nunca foi tão comum desperdiçar esse investimento.

Escrevo este artigo com base em minha vivência prática. Em diversos trabalhos que me são demandados, sou chamado justamente para corrigir problemas de adoção de IA em instituições que já haviam adquirido plataformas meses ou anos antes. Em muitos desses casos, a compra foi feita com grande expectativa, mas o uso caiu rapidamente e os gestores perceberam que a tecnologia estava subutilizada. Essa experiência direta me mostrou, de forma concreta, que o maior gargalo não é a falta de IA, e sim a falta de um plano sólido de adoção.

O risco invisível

Muitos líderes ainda enxergam a adoção de IA como uma questão de ter ou não ter. O raciocínio é simples: adquirir a ferramenta, implantar a plataforma, treinar a equipe. Mas a realidade mostra um cenário diferente. Plataformas caras são compradas, integrações são feitas, treinamentos são realizados… e, meses depois, o uso real da tecnologia despenca.

Isso acontece porque a transformação não está na compra da tecnologia, mas na mudança de comportamento e processos que permite incorporá-la ao dia a dia.

Por que a adoção falha

A resistência à mudança, a falta de clareza sobre os benefícios concretos e a ausência de um plano estruturado de uso são os principais sabotadores da adoção. A IA, por mais avançada que seja, não se encaixa sozinha nos fluxos de trabalho. É preciso identificar casos de uso reais, integrar a ferramenta aos processos já existentes e criar uma cultura de uso contínuo.

Sem isso, a tecnologia permanece como um recurso subutilizado – um investimento que não gera retorno, não muda a performance e, no pior dos casos, cria frustração entre os usuários.

A verdadeira medida do sucesso

O sucesso da IA não está em ter a plataforma mais sofisticada, mas em transformar essa tecnologia em resultados concretos. Isso exige:

• Clareza estratégica: saber quais problemas a IA vai resolver.
• Capacitação prática: treinar para o uso em situações reais, não apenas ensinar conceitos.
• Engajamento contínuo: criar multiplicadores e incentivar o uso no dia a dia.
• Mensuração de resultados: acompanhar KPIs que provem o impacto da adoção.

Quando a adoção é planejada e sustentada, a IA deixa de ser um gasto para se tornar um ativo estratégico.

Conclusão

Investir em IA sem garantir a adoção efetiva é como comprar um carro de corrida e deixá-lo parado na garagem. A tecnologia, por si só, não transforma nada. O que transforma é a capacidade de integrá-la aos processos, gerar valor para as pessoas e criar uma cultura de inovação contínua.

Por isso, o maior risco não é não ter IA. O maior risco é investir – e não adotar.

Compartilhar:

Cientista, desenvolvedor de neurotecnologias e entusiasta dos negócios de impacto social. Leandro é CEO na CogniSigns e expert na Singularity Brazil em Neurotecnologia.

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

Marketing & growth, Cultura organizacional, Inovação & estratégia, Liderança
4 de setembro de 2025
Inspirar ou limitar? O benchmark pode ser útil - até o momento em que te afasta da sua singularidade. Descubra quando olhar para fora deixa de fazer sentido.

Bruna Lopes de Barros

3 minutos min de leitura
Inovação
Em entrevista com Rodrigo Magnago, Fernando Gama nos conta como a Docol tem despontado unindo a cultura do design na organização

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG, Inovação & estratégia, Tecnologia & inteligencia artificial
3 de setembro de 2025
O plástico nasceu como símbolo do progresso - hoje, desafia o futuro do planeta. Entenda como uma invenção de 1907 moldou a sociedade moderna e se tornou um dos maiores dilemas ambientais da nossa era.

Anna Luísa Beserra - CEO da SDW

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura