Uncategorized

O que significa evoluir internamente para se tornar uma Cool Company?

Diretor de Gente da Algar Tech

Compartilhar:

Já se tornou pré-requisito para empresas que querem conquistar a confiança de seus funcionários, no importante processo de atrair e reter talentos, ter atenção às mudanças no comportamento, desejos e necessidades das pessoas. A pesquisa “Employer Brand Research”, realizada pela consultoria de capital humano Randstad, constatou que o grande interesse dos brasileiros ainda é ter um emprego estável, incluindo salários justos, benefícios, projeção de carreira e um bom ambiente de trabalho, mas principalmente buscam poder equilibrar mais sua vida profissional e pessoal. E isso vale para trabalhadores de todas as idades, ainda que com alguns anseios específicos.

Enquanto a geração Z, que está chegando agora no mercado, almeja mais capacitação e treinamento, os Millenials buscam por locais de fácil acesso. Já a geração X quer mais flexibilidade nas jornadas diárias, e os Baby Boomers, que têm mantido forte presença no mercado de trabalho, ainda querem mais oportunidades de carreira. Desse desafio, originou-se o conceito de cool company, que representa a companhia que investe em políticas e benefícios que estimulam a valorização do profissional e, consequentemente, sua motivação para trabalhar nela.

Não há uma fórmula única para se tornar uma cool company, pois cada mercado tem suas particularidades, mas destaco aqui algumas iniciativas que podem direcionar a empresa nesse sentido. O primeiro ponto, apesar de parecer óbvio, é um dos mais relevantes: a importância de que a diretoria considere a área de recursos humanos como estratégica, dando o respaldo para a implantação de projetos de longo prazo e não apenas iniciativas isoladas.

Outra questão fundamental é conhecer a rotina e desafios de seus colaboradores. Sabemos que o deslocamento nas grandes cidades não é fácil, causando estresse e desmotivação. Além disso, a falta de tempo também tem afetado a saúde física e mental dos trabalhadores, que acabam cuidando menos de sua alimentação e praticando pouca, ou nenhuma, atividade física. Sendo assim, as empresas podem liderar um movimento que promova a qualidade de vida, concedendo benefícios como home office e jornada de trabalho flexível, e incentivando ativamente hábitos de vida e alimentação mais saudáveis.

Alguns padrões estipulados antigamente também já não fazem mais sentido – a depender do departamento ou segmento de atuação da empresa, claro – como o dress code, que ao exigir que todos se vistam de maneira semelhante, inibe a liberdade de expressão e, por vezes, até a criatividade e motivação. Permitir que os funcionários se vistam como preferirem, incentivando sempre o bom senso obviamente, pode auxiliar para que se sintam mais pertencentes àquele espaço.

Já no espaço físico, escritórios com divisórias e baias individuais estão sendo substituídos por layouts mais amigáveis e abertos, o que estimula a integração das equipes. Claro que isso não pode ser tomado como regra para todos os setores da companhia, mas é um ponto que deve ser avaliado sempre que possível. Além disso, tendo em vista que a falta de tempo também suprime momentos de diversão e períodos ociosos, que comprovadamente estimulam a criatividade, considerar espaços de descanso e descontração também é importante ao se pensar na promoção de um ambiente mais acolhedor.

Essas são algumas formas de incentivarmos uma relação de confiança e liberdade com responsabilidade, colaborando para superar barreiras culturais que ainda podem limitar o relacionamento entre empresas e seus funcionários.

Além disso, diante dos rápidos avanços tecnológicos e nas diversas áreas de conhecimento, oferecer capacitação é crucial. Essa questão deve considerar tanto o curto prazo, para aumentar produtividade no dia a dia, quanto no longo prazo, pensando nos cargos e profissões que seus funcionários podem ocupar no futuro. E para isso, a empresa deve estruturar planos de carreira, avaliações periódicas de performance e, se possível, sessões individuais de coaching.

Um capítulo especial do esforço de capacitação deverá ser dedicado ao desenvolvimento do chamado mindset digital, que vai desde a discussão das mudanças comportamentais das novas gerações e o entendimento das barreiras existentes em modelos típicos de negócio que foram quebradas pelas novas tecnologias, até o aprendizado de novas formas de trabalhar, como as metodologias ágeis e a colaboração a distância.

Deverá ter atenção redobrada também a formação (e até mesmo a acomodação) das lideranças para esse novo contexto, pois em muitos arranjos organizacionais ágeis há uma forte discussão em relação ao novo papel das lideranças e, com isso, alguns egos poderão ficar pelo caminho.

Outro ponto importante é promover a integração das equipes de diferentes áreas, e avaliar as possibilidades de se transformar digitalmente também pode abrir mais espaço para a inovação, e engajar os funcionários nos processos de evolução da empresa. A formação de times multidisciplinares já tem sido adotada por diversas empresas, e permite a troca de experiência entre os integrantes, aumentando as chances de surgirem ideias disruptivas. Já a utilização de ferramentas digitais pode se tornar um diferencial importante na retenção e capacitação de profissionais, a exemplo da gamificação, que permite que o colaborador acumule pontos em uma plataforma a cada exercício, treinamento ou meta que completar, os quais podem ser trocados por prêmios ou bônus, tornando a rotina mais descontraída e produtiva.

Podemos afirmar que o caminho para se tornar uma cool company é de fato complexo, pois exige não apenas mudanças em políticas e ambientes internos da organização, mas uma mudança de mentalidade de todos os envolvidos. É necessário que haja um compromisso real com uma forma mais leve de colaborar e produzir os resultados esperados. O que passa a importar é o resultado em si, independente de “quem” e de “onde”. Isso traz muita liberdade e autonomia, mas exige um grau de responsabilidade e maturidade profissional para o qual nem todo mundo está preparado.

A despeito dos desafios, essa mudança é um importante movimento para demonstrar o valor que a empresa dá a seus funcionários, ao contribuir para que estes equilibrem sua vida profissional e pessoal, e dá perspectivas a eles tanto no presente quanto no futuro. É inegável que as empresas que liderarem essa causa certamente terão amplo destaque no mercado e irão atrair os melhores talentos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação & estratégia, Empreendedorismo, Tecnologia & inteligencia artificial
2 de setembro de 2025
Como transformar ciência em inovação? O Brasil produz muito conhecimento, mas ainda engatinha na conversão em soluções de mercado. Deep techs podem ser a ponte - e o caminho já começou.

Eline Casasola - CEO da Atitude Inovação

5 minutos min de leitura
Liderança, Empreendedorismo, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Inovação & estratégia
1 de setembro de 2025
Imersão de mais de 10 horas em São Paulo oferece conteúdo de alto nível, mentorias com especialistas, oportunidades de networking qualificado e ferramentas práticas para aplicação imediata para mulheres, acelerando oportunidades para um novo paradigma econômico

Redação HSM Management

0 min de leitura
Inovação & estratégia, Marketing & growth
1 de setembro de 2025
Na era da creator economy, influência não é mais sobre alcance - é sobre confiança. Você já se deu conta como os influenciadores se tornaram ativos estratégicos no marketing contemporâneo? Eles conectam dados, propósito e performance. Em um cenário cada vez mais automatizado, é a autenticidade que converte.

Salomão Araújo - VP Comercial da Rakuten Advertising no Brasil

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Liderança
29 de agosto de 2025
Estamos entrando na temporada dos planos estratégicos - mas será que o que chamamos de “estratégia” não é só mais uma embalagem bonita para táticas antigas? Entenda o risco do "strategy washing" e por que repensar a forma como construímos estratégia é essencial para navegar futuros possíveis com mais consciência e adaptabilidade.

Lilian Cruz, Cofundadora da Ambidestra

4 minutos min de leitura
Empreendedorismo, Inovação & estratégia
28 de agosto de 2025
Startups lideradas por mulheres estão mostrando que inovação não precisa ser complexa - precisa ser relevante. Já se perguntou: por que escutar as necessidades reais do mercado é o primeiro passo para empreender com impacto?

Ana Fontes - Empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Tecnologia & inteligencia artificial
26 de agosto de 2025
Em um universo do trabalho regido pela tecnologia de ponta, gestores e colaboradores vão obrigatoriamente colocar na dianteira das avaliações as habilidades humanas, uma vez que as tarefas técnicas estarão cada vez mais automatizadas; portanto, comunicação, criatividade, pensamento crítico, persuasão, escuta ativa e curiosidade são exemplos desse rol de conceitos considerados essenciais nesse início de século.

Ivan Cruz, cofundador da Mereo, HR Tech

4 minutos min de leitura
Inovação
25 de agosto de 2025
A importância de entender como o design estratégico, apoiado por políticas públicas e gestão moderna, impulsiona o valor real das empresas e a competitividade de nações como China e Brasil.

Rodrigo Magnago

9 min de leitura
Cultura organizacional, ESG, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
25 de agosto de 2025
Assédio é sintoma. Cultura é causa. Como ambientes de trabalho ainda normalizam comportamentos abusivos - e por que RHs, líderes e áreas jurídicas precisam deixar a neutralidade de lado e assumir o papel de agentes de transformação. Respeito não pode ser negociável!

Viviane Gago, Facilitadora em desenvolvimento humano

5 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia, Inovação & estratégia, Tecnologia e inovação
22 de agosto de 2025
Em tempos de alta complexidade, líderes precisam de mais do que planos lineares - precisam de mapas adaptativos. Conheça o framework AIMS, ferramenta prática para navegar ambientes incertos e promover mudanças sustentáveis sem sufocar a emergência dos sistemas humanos.

Manoel Pimentel - Chief Scientific Officer na The Cynefin Co. Brazil

8 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Finanças, Marketing & growth
21 de agosto de 2025
Em tempos de tarifas, volta de impostos e tensão global, marcas que traduzem o cenário com clareza e reforçam sua presença local saem na frente na disputa pela confiança do consumidor.

Carolina Fernandes, CEO do hub Cubo Comunicação e host do podcast A Tecla SAP do Marketês

4 minutos min de leitura