Direto ao ponto

O Uber nigeriano de transporte de carga

Fundador da nigeriana Kobo360 explica como a Covid-19 está acelerando a digitalização e melhorando a segurança alimentar na África

Compartilhar:

Quando Obi Ozor era estudante universitário nos Estados Unidos, complementava a renda exportando bens de consumo para a Nigéria, seu país natal. Ao voltar para casa, ele se lembrou dos desafios que enfrentou para enviar fraldas e sabonetes para a África, e foi isso que o inspirou a criar a Kobo360, empresa de logística com sede em Lagos.

Sua experiência permitiu que ele entendesse a necessidade de um serviço baseado em dados para movimentar mercadorias com eficiência e segurança em um país com ferrovias decrépitas, sistemas rodoviários de má qualidade, tarifas altas, burocracia pesada e corrupção. Essa trajetória é relatada por Deborah Unger, editora senior da strategy+business.

O empresário conta que a Kobo360 usa um modelo semelhante ao do Uber, conectando frotas e motoristas independentes com grandes empresas que precisam transportar mercadoria. Ele lida com pagamentos, agendamentos e empréstimos para que motoristas possam comprar caminhões, e permite que os clientes rastreiem suas cargas em tempo real. Em 2019, a empresa arrecadou US$ 30 milhões, incluindo recursos de um grupo internacional liderado pelo Goldman Sachs.

A startup opera em seis países africanos e seus clientes incluem gigantes como Lafarge e Unilever. Segundo Ozor, durante a pandemia o negócio cresceu. Ele conta que nos primeiros dias da paralisação as viagens diminuíram 84%, então eles entraram em contato com o ministro do Comércio e Indústria da Nigéria, que estava liderando a equipe de resposta à pandemia. A empresa enviou ao ministério atualizações diárias sobre o que acontecia no país em termos de movimentação de bens e serviços essenciais.

Ozor afirma que a pandemia acabou contribuindo para trazer ao primeiro plano essas questões e o governo percebeu que precisava agilizar os processos de distribuição de mercadorias com segurança. “As burocracias foram reduzidas e isso acelerou o crescimento da inovação digital, o que ajudará a desenvolver a economia real dos países africanos”, garante.

Agora, a Kobo360 começou a expandir alguns dos negócios para os agricultores locais, como priorizar a movimentação de insumos na época de plantio. Ozor espera digitalizar a jornada de volta dos caminhões para que não voltem vazios, e já há uma integração com empresas de tecnologia especializadas em suporte à agricultura. De acordo com o empresário, esse tipo de ação ajuda a combater a insegurança alimentar e garante que os caminhões também estejam cheios em suas viagens de retorno, otimizando a distribuição de alimentos.

Compartilhar:

Artigos relacionados

A aposta calculada que levou o Boticário a ser premiado no iF Awards

Enquanto concorrentes correm para lançar coleções sazonais inspiradas em tendências efêmeras, o Boticário demonstra que compreende um princípio fundamental: o verdadeiro valor do design não está na estética superficial, mas em sua capacidade de gerar impacto social e econômico simultaneamente. A linha Make B., vencedora do iF Design Award 2025, não é um produto de beleza – é um manifesto estratégico.

ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura